• Edição 118
  • 20 de março de 2008

Notícias da Semana

Instituto de Estudos em Saúde Coletiva promove aula inaugural

 

Tatiane Leal

O Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (IESC) da UFRJ promoveu aula inaugural do curso de mestrado em saúde coletiva na última quarta-feira, dia 19 de março. O evento, que aconteceu no auditório nobre do IESC, teve a presença do professor Kenneth Camargo, do Instituto de Medicina Social (IMS) da UERJ e de Jeannie Shoveller, professora do Department of Health Care & Epidemiology, Faculty of Medicine, University of British Columbia.

Com apresentação de tema “A economia política da produção e difusão do conhecimento biomédico”, o professor Kenneth Camargo considerou como um problema a interferência da indústria farmacêutica na produção de conhecimentos: “Boa parte dos testes de validação de novas drogas dependem quase exclusivamente da indústria farmacêutica. Com isso, há uma interferência econômica na produção e circulação de conhecimento”.

Kenneth Camargo, editor da Phisis, revista internacional de saúde coletiva, afirmou que o aspecto mais problemático não é o financiamento dessas indústrias, mas o controle que elas exercem sobre os resultados. “Acontece desde distorção de dados experimentais para produzir resultados favoráveis até o próprio controle da educação continuada.” O professor destacou ainda que as drogas que fazem sucesso comercial não são, necessariamente, as que dão conta dos problemas mais severos no que se trata do tradicional da saúde coletiva.

Jeannie Shoveller apresentou o tema “Grupos de risco, comportamentos de risco e pessoas de risco: discursos dominantes nas intervenções na saúde sexual no Canadá”. A professora afirmou que há uma tendência em classificar o sexo entre jovens como um perigo. “Começam a se formar as noções de pessoas de risco, grupos de risco e comportamentos de risco.”

A professora fez um breve histórico dos impactos da revolução sexual no Canadá e o freio imposto pela epidemia da Aids na década de 80. O pânico gerado por essa epidemia construiu uma série de discursos que Jeannie Shoveller procurou observar por outras perspectivas, como o do “jovem perigo”. A professora procurou alternativas para promover a saúde sexual da juventude, não por meio de pânico moral, mas pelo respeito aos direitos desses jovens e pela promoção de modificações em comportamentos de risco.

O conhecimento foi outro tema destacado pelos palestrantes como fundamental no campo da saúde. O professor Kenneth Camargo salientou que o médico precisa atualizar-se continuamente e declarou que “o conhecimento é um insumo essencial da saúde coletiva e deveria ser tratado como tal. Assim como existe cuidado para estocar uma vacina, deveria existir o mesmo para o conhecimento. A produção e a circulação do conhecimento deveriam estar desvinculadas dos interesses comerciais”.


UFRJ e Secretaria do Trabalho e Renda firmam protocolo de intenções

 

Sofia Moutinho – AgN/CT

A Escola Politécnica da UFRJ (POLI) assinou nessa quarta-feira, dia 19 de março, um convênio com a Secretaria Estadual do Trabalho e Renda para desenvolver um estudo de análise de riscos da segurança e saúde no ambiente de trabalho em parceria com a Fundação Coordenação de Projetos Pesquisas e Estudos Tecnológicos (COOPETEC). Alcebíades Sabino dos Santos, secretário estadual do Emprego e Renda, participou da assinatura do protocolo que ocorreu, às 11 horas, no salão nobre da Decania do Centro de Tecnologia (CT) da UFRJ, localizado na Ilha da Cidade Universitária, no Fundão.

Além do secretário Alcebíades, estiveram presentes para a assinatura do documento: Maria Christina Menezes Rodrigues, superintendente de Saúde Segurança e Ambiente de trabalho; Erickson Almendra, diretor da POLI; Cláudia Morgado, professora e coordenadora do Programa de Engenharia Ambiental da UFRJ e Andrew Bott, coordenador da COOPETEC. Dentre aqueles que assistiram à solenidade, estavam alunos e o professor de Engenharia Ambiental Assed Haddad.

— É uma enorme satisfação ver se aproximarem as competências da universidade com as necessidades da sociedade. É uma forma adicional de retribuir serviços —, iniciou o diretor Erickson Almendra que logo passou a palavra para o secretário estadual do Emprego e Renda. “O Rio vive este momento de grandes investimentos, como no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), na Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA) e Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Investimentos na região de São João da Barra, na região petrolífera. Mas deixa-se de falar de segurança no trabalho justo quando as atividades que vêm sendo mais escaladas são as que trazem mais riscos.” Alcebíades também ressaltou a importância da contribuição dos estudantes e da universidade para reduzir os acidentes conseqüentes das instalações de alto risco, tais quais siderúrgicas e petrolíferas, e o impacto ambiental e social no entorno destas.

Após o discurso do secretário, Maria Christina, nomeou o acontecimento de “marco histórico” e declarou confiar na competência do governo do Estado e do meio acadêmico para proteger o homem. A preocupação com a integração entre universidade e sociedade pôde ser notada nas falas da professora Cláudia Morgado e de Andrew Bott. Cláudia falou da necessidade de convergência de competências acima da convergência puramente tecnológica e Andrew completou “cada vez mais a educação faz parte da sociedade e não só da teoria”.