• Edição 117
  • 13 de março de 2008

Por uma boa causa

Toxoplasmose também pode afetar os olhos

Priscila Biancovilli

Conhecida principalmente como “doença do gato”, por ser transmitida a partir das fezes deste animal, a toxoplasmose é uma infecção causada pelo protozoário Toxoplasma gondii. Nos indivíduos de imunidade normal a infecção é auto-limitada, pode ser até mesmo assintomática. Entretanto, em pessoas com a imunidade comprometida (devido a doenças que afetam o sistema imunológico, como a AIDS), a doença se manifesta de forma agressiva, pode, até mesmo, atingir o cérebro.

Entre os sintomas mais freqüentes está o surgimento de ínguas (inchaço dos gânglios) em diversas partes do corpo, além de febre, dores musculares e de cabeça, cansaço, dor de garganta, surgimento de pontos avermelhados por todo o corpo e até mesmo alterações visuais. O Por uma Boa Causa de hoje abordará a Toxoplasmose Ocular, que se manifesta quando o protozoário provoca inflamações na retina (corioretinite).

Sintomas

- Os principais sintomas da toxoplasmose ocular são baixa da visão (borramento visual), de aparecimento súbito no adolescente ou adulto. No recém-nascido vem acompanhada por lesão ocular geralmente bilateral (que leva à cegueira) e retardo mental. Estima-se que 6.500 crianças no Brasil nasçam apos a mãe ter sido contaminada na gravidez, o que significa atendimento de saúde falho na gravidez”, afirma Haroldo Vieira Júnior, oftalmologista do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCCF) da UFRJ. Se não tratada, a vista borrada e os campos cegos podem evoluir até a cegueira completa. “Outras possíveis complicações são catarata, glaucoma ou deslocamento de retina”, continua.

Contaminação

A toxoplasmose pode ser adquirida pela ingestão de cistos presentes em dejetos de animais contaminados, especialmente gatos. “Ingerir carnes mal cozidas (principalmente de cordeiro), alimentos contaminados mal-lavados (saladas, folhas, verduras), por transfusão sanguínea (em que o material não é descartável ou que algum paciente recebe sangue de um portador do protozoário), por ingestão de água não tratada, contaminada e, também, durante a gravidez (transmissão intra-uterina para o feto)”, explica o especialista.

É normal que crianças brinquem em parques públicos, mexendo na terra ou areia. Daí a importância do cuidado com a higiene básica nesta faixa etária, já que os pequenos podem se contaminar ao mexer na areia e levar as mãos à boca. “Ingerir o parasita é uma forma de contaminação. Há evidências de que o Toxoplasma gondii depositado nas fezes dos gatos, em areia, podem viver por até dois anos, se transformando em perigosa fonte de infecção”, esclarece Haroldo.

A prevenção da doença acontece através do controle da ingestão de carnes mal cozidas e alimentos mal lavados, especialmente. “Deve-se também realizar transfusão de sangue apenas em hospitais credenciados. Além disso, principalmente na gravidez, deve-se realizar um pré-natal completo, com acompanhamento laboratorial (rotina em postos de saúde)”, atesta o doutor.

Como tratar

Os suspeitos de estarem com a doença devem procurar o serviço médico especializado com urgência. “O pronto tratamento pode minimizar a área de cicatrização, que levará à perda ou baixa visual”, alerta Haroldo.

Dentro do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, na Ilha da Cidade Universitária, no Fundão, deve-se procurar o atendimento emergencial do Serviço de Oftalmologia, que funciona diariamente até as 16h.