• Edição 116
  • 06 de março de 2008

Cidade Universitária

UFRJ desenvolve sistema de leitura de placas em veículos

Miriam Paço – AgN/CT

Nos últimos anos uma das grandes preocupações da sociedade é, entre outras coisas, o medo de ser abordado por criminosos. Um grupo de pesquisadores da UFRJ sob a coordenação do professor Antônio Carlos Gay Thomé, engenheiro eletrônico e mestre em computação, desenvolveu um sistema de leitura de placas veiculares, chamado Kapta que visa entre outras coisas, à diminuição da violência.

Nos anos 90, o grupo notava o surgimento a nível internacional, sobretudo na Inglaterra e em Israel, de pesquisa e produtos na área de automação do reconhecimento de placa para ser investido em sistemas de ITS (Sistema inteligente de tráfego). Dentro da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o projeto foi iniciado em 1999 como tema de um aluno de mestrado. O suporte financeiro do DETRAN até 2003 possibilitou a formação da equipe de estudo e assim a expansão do desenvolvimento de algoritmos que solucionassem o problema analisado.

O sistema Kapta é composto por quatro programas cuja execução ocorre de forma seqüencial. Através de equipamentos especiais como câmeras de alta definição e sensores colocados no chão ao longo da via, é feita a captura da imagem estática do veículo no momento em que ele passa pelo sensor. Os programas seguintes são responsáveis por encontrar a posição da placa dentro da foto, identificar os caracteres, reconhecê-los, montar a seqüência e verificar se o número é valido.

A partir do momento em que a placa é reconhecida, um banco de dados pode ser acessado para identificar possíveis irregularidades com os veículos, tais como multas atrasadas, pagamento de IPVA atrasado, registro de roubo, entre outras coisas.

- O que nós realmente fizemos foi desenvolver a tecnologia básica, de reconhecimento de placa. Continuamos aprimorando o sistema. Em cima desse mecanismo, nós submetemos à Faperj o desenvolvimento de quatro aplicações para o Kapta: Kapta alerta fixo, kapta alerta móvel, kapta parking e kapta acesso. – informou o professor.

O primeiro foi colocado em teste por mais de um ano em uma prefeitura de São Paulo e visava controlar os veículos em via pública para que a instituição identificasse algum tipo de restrição. Essa aplicação está em funcionamento parcial na Universidade, nas três entradas, monitorando a circulação de veículos no campus, objetivo principal na UFRJ. A meta da prefeitura universitária é implementar duas políticas de controle de acesso, em horários dentro e fora do expediente. No período de 7hs às 19hs, momento em que a rotatividade de carros é alta, as cancelas ficam abertas e o sistema apenas monitora. Fora desse intervalo, o fechamento delas é acionado automaticamente. Se o veículo não estiver cadastrado, é barrado.

O kapta alerta móvel funciona colocando em um veículo autorizado, todos os equipamentos que costumam se localizar na via ou em postes, como câmeras e computadores, que poderão ser acessados por um operador no interior do carro. Esse modelo permite um deslocamento amplo pelo campus. “Estamos aguardando a prefeitura disponibilizar a viatura para instalarmos os equipamentos e colocarmos em funcionamento” – explica Antonio Carlos.

O Kapta acesso é a aplicação desenvolvida para condomínios. Aliada à identificação de digitais e um código de segurança, o acesso se torna controlado e seguro. Em caso de perigo, o motorista pode emitir um aviso sem que ninguém que esteja dentro do carro saiba, apenas usando uma das suas digitais. Esse modelo está em teste em um condomínio de Jacarepaguá desde 2006 e vem apresentando resultados satisfatórios.

O kapta parking é desenvolvido para shoppings. Enquanto em condomínios é possível controlar o acesso com base no registro de moradores, em shoppings, o fluxo é constante e isso se torna mais difícil. Através desse projeto será possível administrar o número de vagas no estacionamento e controlar a saída dos veículos a partir de uma relação entre o número de placa e a empresa responsável pela cobrança após o uso do local.

Essa pesquisa traz melhorias para o campus que vão muito além do aumento da segurança. É possível fazer estatísticas que permitam traçar planos de desenvolvimento e aprimoramento, ou seja, essa tecnologia possibilita o planejamento e estudos mais avançados, além do controle de fluxo propriamente dito.

- Ano passado esse sistema foi usado por alunos de mestrado da coppe para estudarem o fluxo de veículos que usam o campus apenas para passagem, o que pôde ser obtido pela análise do tempo de circulação na Universidade. Hoje, estou com um aluno defendendo uma tese que representa uma extensão dele. O que pretendemos, é conseguir identificar o tipo de veiculo pela placa, ainda não viável. – esclarece o professor.

Para que seja possível a sua total implementação, ainda sem previsão, algumas mudanças estruturais precisam ser feitas. A colocação de cancelas e crachá eletrônico, já existente no Campus da Praia Vermelha, são exemplos das alterações necessárias no Fundão.

- Esse estudo faz parte de um convênio de segurança com a Petrobrás, firmado há três anos, mas essa parte aguarda a liberação de verbas para a COPETEC. Após a implementação no campus do Fundão, caso produza resultados satisfatórios, o sistema será levado à Unidade da Praia Vermelha, onde é mais fácil a instalação devido à presença de parte da infra-estrutura necessária. – informou o vice-prefeito da Cidade Universitária, Ivan do Carmo.