• Edição 115
  • 21 de fevereiro de 2008

Por uma boa causa

Problema típico de verão

Clarissa Lima

Hoje, o Por uma boa causa fala das queimaduras causadas pelo sol. Muito comuns nesta época do ano, estas lesões são causadas por exposição prolongada. Para comentar sobre este assunto, o Olhar Vital fala com Sueli Carneiro, dermatologista do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) e professora colaboradora do Programa de Pós-graduação em Dermatologia da Faculdade de Medicina:

- Alguns fatores como vento, mormaço e banhos freqüentes não dão a sensação exata da intensidade das queimaduras, o que é um agravante. Além disso, a quantidade da radiação, a depender do horário, da quantidade de exposição e a reflexão na água e na areia podem causar queimaduras mais intensas – explica a professora.

As lesões podem ser de primeiro ou segundo graus. Segundo Sueli, as queimaduras de primeiro grau causam apenas eritema e edema das áreas expostas, com pequeno desconforto.

- As de segundo grau, por sua vez, podem gerar edemas tão intensos que causam formação de bolhas, as quais se rompem eliminando grande quantidade de eletrólitos e proteínas. Dependendo da intensidade, estas lesões também podem ser acompanhadas por enjôos, febre, calafrios, taquicardia, delírio, prostração e até mesmo choque hipovolêmico (diminuição do volume de fluidos corporais causada por transpiração excessiva) - alerta a dermatologista.

Cuidados com a pele ferida

O tratamento de queimaduras leves é feito com emolientes (creme, óleos, emulsões). Já os casos mais graves devem ser tratados com reposição de eletrólitos e, muitas vezes, internações hospitalares. A professora recomenda também certas atitudes que podem auxiliar no cuidado com as lesões:

- Fazer hidratação efetiva, bebendo bastante água durante o dia, usar roupas frescas e ventiladas e ficar em ambientes refrigerados são medidas que amenizam o desconforto – ensina Sueli.

A prevenção das queimaduras também é simples. Evitar a exposição solar por longos períodos e nos horários em que a maior quantidade de radiação ultravioleta chega à Terra – entre as 10h e as 16h – são advertências constantes para todos, principalmente no verão.

Fugir do sol é uma boa opção?

As queimaduras solares podem trazer conseqüências muito desagradáveis. A curto prazo, ocorrem eritemas, ardência, desconforto, descamação e pigmentação. Contudo, a longo prazo, os problemas são mais gritantes:

- Pode haver espessamento e aspereza da pele, além de esta ficar com tom amarelado. Rugas, pigmentação irregular e difusa, telangiectasias (aparecimento de finos vasos avermelhados na pele, assemelhados a varizes), grande quantidade de lesões benignas, pré-malignas e maior propensão a câncer cutâneo são outras conseqüências ruins produzidas pelo excesso de radiação solar na pele -  ressalta a dermatologista.

Diversos aspectos influenciam nos efeitos do sol sobre as pessoas, como indica a docente. “O tempo que uma pessoa pode se expor ao sol com segurança depende da cor da pele e de outras características. Quanto mais clara é a pessoa, menor a quantidade de melanina que ela possui e, ao contrário, quanto mais escura é a pele, mais melanina ela contém. Os níveis de melanina determinam a rapidez com que a queimadura ocorre, uma vez que esta proteína retarda os efeitos da radiação na pele. Por isso, pessoas brancas devem se expor ao sol por menos tempo do que negras. Quanto menor a hidratação e a elasticidade da pele, menor também deve ser o tempo de exposição solar – aconselha Sueli.

As condições climáticas, como vento e umidade do ar, também acarretam diferentes conseqüências. Crianças pequenas são mais suscetíveis às queimaduras e outros problemas relacionados à exposição solar. Por fim, a higidez da pele é outro fator que determina a gravidade das lesões, uma vez que algumas doenças aumentam a sensibilidade cutânea ao sol.

Devido a estes fatores, o sol não prejudica a todas as pessoas da mesma forma. Mas uma coisa é inegável: ele é de suma importância para todos. Saber dosá-lo é o segredo, conforme recomenda a professora:

- O sol é vital. A exposição à radiação solar é importante para a saúde do indivíduo, mas ela deve ser suficiente para atingir os efeitos benéficos. Apenas pessoas com grande fotossensibilidade fogem a esta regra – finaliza a especialista.