• Edição 113
  • 17 de janeiro de 2008

Saúde e Prevenção

Falta de higiene pode causar infecções hospitalares

Miriam Paço – AgN/CT

A falta de higiene acarreta uma série de problemas ao ser humano, seja social ou de saúde.  Uma das preocupações da sociedade é acabar com esse problema principalmente nos locais em que ela seja essencial para preservação da vida, como nos hospitais, por exemplo, onde há uma grande contribuição para o contágio de doenças. Uma das medidas mais eficazes para diminuir os riscos de contaminação é lavar as mãos antes e depois do contato com o paciente, para que não haja transmissão de bactérias.

A coordenação de controle de infecção do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, realizou uma pesquisa a esse respeito e constatou que a higiene das mãos está presente em 20% dos casos dentro do período analisado, sendo elevada para 60 ou 70% com os treinamentos. No entanto, esse é um problema que afeta hospitais em diversos locais do mundo.

O objetivo do estudo foi avaliar questões relacionadas com a baixa adesão à higiene das mãos, através de observação e entrevista com os profissionais de saúde. De acordo com a médica Simone Nouer, integrante da equipe, algumas das medidas adotadas como a instalação de pias em locais estratégicos, disponibilidade de papel toalha, sabonete e álcool gel, visam facilitar o acesso aos mecanismos de limpeza e ao mesmo tempo tornar isso agradável para o profissional de saúde, reduzindo o número de infecções.

- Para trabalhar satisfatoriamente, é importante que não falte nada aos profissionais e que eles sejam treinados para fazer a higienização, o que é difícil, porque embora tenham aulas sobre esse tema no Hospital, na hora de atender um paciente, uma série de fatores tais como estresse, calor, falta de motivação, preocupação, emergência e dificuldade de acesso aos equipamentos de higiene levam ao esquecimento e consequentemente ao procedimento incorreto – explica a infectologista.

O grupo responsável pelo controle de infecções realiza junto ao Hospital Universitário treinamentos em serviço com toda a equipe médica. Os dez profissionais de saúde envolvidos na pesquisa circulam pelo hospital todos os dias, observam os procedimentos adotados e orientam sobre erros cometidos com relação à higienização.

Atualmente uma das maiores preocupações dentro do HUCFF é a infecção na corrente sangüínea, relacionada ao cateter vascular (causada por bactérias que se alojam no tubo após o uso), e para combatê-la é preciso trabalhar com educação e prevenção na instalação e manutenção dos cateteres.

De acordo com os estudos realizados, quem menos tem adesão à higiene das mãos são respectivamente homens, médicos em geral e pessoas que trabalham em ambientes mais estressantes, geralmente de doenças graves, e por isso a prevenção e o treinamento nesses locais são mais intensos. Os resultados mostraram que 52,73.2% dos profissionais de saúde não lavam as mãos antes do contato com o paciente, 32,45.1% utilizam adereços e cerca de 29,40.8% não aderem ao procedimento de asseio após o contato com o paciente. Aqueles que haviam recebido treinamento há mais de seis meses apresentaram maior percentual de falhas.

Em casos de crise, onde os índices de higienização são muito baixos, os especialistas recorrem a meios criativos de estímulo, como brincadeiras e gincanas. “É importante também não esquecer que os resultados apresentados pelas pesquisas são pontuais, ou seja, variam de acordo com o momento, com condições adversas, com a união entre as equipes e com o espírito de liderança”, ressalta a médica Simone Nouer.

Uma das metas da Organização Mundial de Saúde (OMS) para o século é o controle de doenças a partir de prevenção, como para a malária, AIDS, tuberculose e infecções hospitalares. Na África foram realizados trabalhos baseados no controle da higiene das mãos em países que apresentavam altos índices de diarréia e os resultados mostraram que essa medida pode realmente ser eficaz, pois houve uma redução no número de casos de mortalidade infantil.

- Higiene em hospitais faz parte do processo de salvar vidas e deve estar presente em qualquer atendimento, sobretudo em situações emergenciais, onde às vezes é esquecida. Uma infecção hospitalar leva ao agravamento de doenças e quando não é devidamente tratada, pode levar à morte – afirma a infectologista.

Novas tecnologias podem ajudar a solucionar esse problema, mas sem envolvimento e conscientização, elas não resolvem.  “É necessário que as pessoas se preocupem e reconheçam a importância da higienização na prevenção de enfermidades para que a situação nos hospitais continue sob controle”, aconselha Simone.