• Edição 112
  • 20 de dezembro de 2007

Notícias da Semana

A enfermagem através dos tempos

Marcello Henrique Corrêa

Mais do que fazer curativos ou aplicar medicamentos, o ofício da enfermagem envolve uma série de outras artes. Comunicação, gerenciamento e liderança – termos abundantes em palestras sobre administração de empresas e negócios – foram, também,  abundantes na palestra “Modelos e Organização dos Cuidados de Enfermagem na Instituição Hospitalar”, ministrada pela doutora Marluci Stipp, do Núcleo de Pesquisa Gestão em Saúde e Exercício Profissional da Enfermagem (GESPEn), da Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN/UFRJ). O evento ocorreu no último dia 18 de dezembro, no auditório Halley Pacheco, do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho – HUCFF.

O mundo se modifica

Antes de dar início de fato à exposição dos conceitos para os enfermeiros presentes, Marluci Stipp ressaltou a importância do diálogo entre a Escola de Enfermagem e os enfermeiros do HUCFF. Para a professora, essa relação mais intensa entre os setores é fundamental para atender interesses de pacientes, estudantes e professores. “Essa proximidade é, sem dúvida, o sonho de consumo da EEAN. Acho que esse diálogo é sempre válido”, afirmou.

Para Marluci Stipp, o mundo está passando por modificações, naturais e necessárias, que mudaram a forma de se pensar em qualquer organização, inclusive a hospitalar. “Hoje, temos um olhar diferente para esses padrões, uma valorização de novos conceitos, um estabelecimento de novos valores”, explicou a enfermeira, ressaltando a tendência de descentralização da organização do trabalho. “Hoje, nas organizações, olhamos para a estrutura e não focamos apenas na estrutura, mas sim nas pessoas que a compõem. Elas são pontos essenciais dentro da organização”, complementou.

Também no contexto das mudanças observadas dentro da organização do trabalho, a professora destacou a figura do líder, que vem se modificando e se tornando cada vez mais flexível. “A tradição deu lugar à inovação – vemos isso claramente nos estilos de liderança atuais”, afirmou. “Hoje em dia, dentro das organizações, o estímulo que se dá é àquele líder que inova. Aquele que tem uma presença maior na sua inovação produz melhor do que o líder tradicional”, completou Stipp.

Modelos de cuidados

Dentro desse contexto de modificações, a professora refez o caminho da enfermagem a partir dos primeiros modelos do cuidar, analisando seus pontos positivos, bem como suas desvantagens. O primeiro deles é o cuidado integral. “O modelo de cuidado integral é o modelo mais antigo, da virada do século XIX. Nessa época, o cuidado de enfermagem era direcionado para pessoas no domicílio”, explicou Marluci. Esse tipo era caracterizado pelo cuidado não só do paciente mas de todas as suas necessidades: o ambiente, a casa, a comida.

O tempo passou e começou a revelar as desvantagens desse sistema. Algumas variáveis foram determinantes para motivar a criação de um novo modelo. Primeiramente, o alto custo. Depois da segunda grande guerra, os hospitais começaram a se proliferar e, além de faltar enfermeiro para ocupar todos os postos, era complicado ter um enfermeiro para cada leito do hospital. Além disso, havia falhas na continuidade do trabalho durante a troca de turno.

Seguindo mais adiante na história das teorias de administração em enfermagem, durante a década de 1950, surgiu a chamada enfermagem em equipe. Esse modelo surgiu com o objetivo de retomar o cuidado holístico colocado no cuidado integral. Segundo a professora, esse modelo melhorou a capacidade de solucionar problemas, devido à presença da equipe. Contudo, boa comunicação e capacidade de administração do enfermeiro chefe eram indispensáveis, e quando falhassem podiam levar todo o sistema ao erro.

Mais recentemente, o modelo de gerenciamento de casos engloba diversas idéias dos sistemas precedentes. “Trata-se de uma estrutura em que o enfermeiro foca em um determinado paciente e o acompanha por todos os setores que ele passar no hospital, preocupando-se também com os custos hospitalares durante o período de internação”, explicou Marluci Stipp.

Por fim, fica sempre ressaltada a necessidade de uma boa comunicação e integração na organização para um trabalho bem feito.


Crianças com problemas auditivos conquistam o som de aplausos e gritos

Seiji Nomura

No dia 19 de dezembro, a Faculdade de Fonoaudiologia realizou uma peça teatral com crianças que apresentam deficiências auditivas. O evento, que teve como objetivo principal ajudar a desenvolver as capacidades de comunicação de seus atores e atrizes, retratou um dia na vida dessas crianças, desde a hora de acordar até a de ir embora, após uma forte chuva.

Um dos destaques foram as danças, que mostraram como as crianças com deficiência auditiva, conseguem desenvolver uma noção muito próxima do normal de ritmo. Outras habilidades importantes que elas demonstraram foi a do canto e a de organização. “Eles apresentaram noções de ritmo, de corpo e de entendimento. É importante o trabalho de preparação para aprenderem o português também, já que a Libras é a primeira língua deles. Todo nosso trabalho é feito no sentido de estimular e desenvolver”, afirma Lídia Becker, coordenadora do evento.

Para que o evento fosse possível, foi necessário um esforço conjunto dos pacientes e terapeutas. “No ambulatório, trabalham alunos de 7º e 8º períodos. Temos mais ou menos 15 alunos e eles atendem com a ajuda dos professores. Esse evento promoveu integração de todos os pacientes e todas as terapeutas interessadas nessa atividade”, disse a coordenadora.

— Achei que as crianças se comportaram muito bem, produzimos o que estava programado. Foi resultado do trabalho que fizemos durante 6 meses, trabalhamos dentro da oralização, utilizamos vários processos terapêuticos para implementar essa peça de forma dinâmica -, ressaltou Ana Paula, uma das alunas que ajudaram na produção do evento.

O público alvo principal do evento foram os pais das crianças, que tiveram a oportunidade de ver um pouco mais do desenvolvimento de seus filhos. “A Vitória começou há pouco tempo o tratamento, em outubro, mas gostei; me emocionei muito com a peça. Como minha filha se expressou. Em casa, ela é uma pessoa muito retraída, aqui ela se soltou”, celebrou Andréia Cristina, mãe de uma das crianças.

— Foi uma experiência única, embora tenha sido complicada. Mas depois que entrou no cenário do teatro, tudo começou a fluir melhor. Acham que o surdo é incapaz, que não tem capacidade de se expressar, mas essa peça mostrou para todos que eles são capazes de evoluir e estão evoluindo —, concluiu Gabriela Lima, participante do projeto.

Bernard Lavor, narrador da peça, declarou estar se sentindo muito nervoso, porque foi a primeira vez que se apresentou em público. “Mas me diverti.” Ele está em tratamento há algum tempo e por apresentar certo domínio do português foi o escolhido para a narração.

O evento ainda contou com a entrega do “making of” da peça para os pais e de presentes para as crianças, contando com a presença de um Papai Noel que puxou risos e gritos da platéia. Ao fim, ainda, houve um lanche para os pais.


Decania do CCS se prepara para 2008

Marcello Henrique Corrêa

Fim de ano: tempo de refletir sobre o que passou e fazer planos para o futuro. Seguindo essa regra, a Decania do Centro de Ciências da Saúde reuniu seus servidores, na última sexta-feira, dia 14 de dezembro, no auditório professor Rodolpho Paulo Rocco – o Quinhentão, para discutir melhorias para 2008.

Sob a coordenação do decano Almir Fraga Valadares, os responsáveis pelos diversos setores que compõem o Centro expuseram suas opiniões e pedidos para o próximo ano. A Biblioteca Central foi o destaque da reunião. Chegou-se a um consenso sobre as necessidades de refrigeração e conservação do ambiente, além de obras relativas à segurança, como a troca do forro do teto do prédio.

Em entrevista, o decano confirmou a urgência das medidas na Biblioteca. "É um local de circulação de público, principalmente de estudantes, que são nosso público maior. Há necessidades de segurança e conforto que precisam ser resolvidas no local", afirmou. A Biblioteca Central recebe cerca de mil pessoas por dia, segundo o decano. Ele ressalta ainda que a questão da segurança só será resolvida com a troca do forro do prédio, que deve ser viabilizada no início do ano.

Valadares comenta também sobre as diversas atividades rotineiras importantes, principalmente quando se trata de um prédio de cerca de 50 anos, como o CCS. Entre esses cuidados, estão manutenção de refrigeração de salas de aula; manutenção de qualidade de banheiros e iluminação adequada, por exemplo.

Projetos de expansão e balanço geral

Não são apenas as medidas de conservação e manutenção que ganham destaque nos planos para 2008 na Decania. Com o Plano de Reestruturação e Expansão (PRE) aprovado na UFRJ e já enviado para o MEC, algumas medidas de expansão são necessárias. É o caso do Pavilhão de Salas de Aula. "O projeto consiste em um prédio novo, nos fundos do CCS, que resolveria por um bom tempo a adequação de locais para aulas", explica o decano.

Para Almir Fraga Valadares, 2007 pode ser considerado um bom ano, apesar de muitas adversidades. O primeiro semestre foi marcado pela greve dos servidores. Segundo o decano, o fato não impediu o funcionamento normal da Decania, mas dificultou a implantação de algumas idéias novas, além da rotina.

O segundo semestre, para Almir Fraga, foi tomado pelas discussões intensas sobre o PRE. Entretanto, ele acredita que os debates foram produtivos. "Esperamos que o governo cumpra agora com a sua parte", afirma o decano, que faz um balanço geral positivo do ano para a Decania do CCS. "Independente de todas as dificuldades passadas, o bom relacionamento na comunidade foi bom e acho que esse é o primeiro passo para que as coisas possam avançar", finaliza.


Demonstrações folclóricas na UFRJ

Cinthia Pascueto

Após a plenária de decanos e diretores, realizada dia 17 de dezembro, foi apresentado na capela de São Pedro de Alcântara um cortejo natalino, encenado pelo Reisado Flor do Oriente e pela Companhia de Folclore Rio-UFRJ, que em seguida, também apresentou no salão Dourado um espetáculo de Natal brasileiro, encerrando oficialmente as atividades do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ neste ano de 2007.

Segundo Eleonora Gabriel, coordenadora da Companhia de Folclore do Rio, da Escola de Educação Física e Desportos (EEFD), a apresentação de Natal da UFRJ coincide com o projeto realizado pela própria Companhia, em comemoração aos seus 20 anos de existência. "Estamos realizando neste ano o Encontro de Reisados, que representa para o Brasil o conjunto de movimentos folclóricos, como Folia de Reis, as pastorinhas e demais manifestações natalinas", explica Eleonora, agradecendo a participação da Folia de Reis Flor do Oriente, grupo folclórico da Vila Rosário, em Duque de Caxias, na comemoração.

Rogério Silva de Moraes, mestre de folia do Reisado Flor do Oriente, conta que este é um grupo de tradição centenária e fundação desconhecida, cujos primeiros relatos remontam ao ano de 1872, e estima que já estejam na sexta geração. "A Folia de Reis prega o Evangelho, anunciando o nascimento do Menino Messias, e representa a viagem dos reis magos, a adoração dos pastores e os apóstolos de Jesus. Depois do dia 6 de janeiro, cantamos também o martírio de São Sebastião", descreve Rogério, que convida toda a comunidade da UFRJ a participar do ciclo da Folia de Reis: "Começamos no dia 24 de dezembro e continuamos até o dia 20 de janeiro. No dia 26 de janeiro, realizaremos em nossa sede, na Vila Rosário, a Festa de Arremate, encerrando as atividades do ciclo", lembra o mestre de folia.

Por fim, Eleonora destaca que a última apresentação do evento, encenada tanto por atuais quanto por antigos alunos e funcionários da UFRJ, é fruto de uma pesquisa sobre pastoreios pernambucanos e reisados sergipanos que vem sendo desenvolvida pela UFRJ. "O pastoreio representa um baile do folclore brasileiro, em que dois grupos, o azul e o encarnado, disputam a preferência do público ao mesmo tempo em que homenageiam o nascimento de Jesus", esclarece a coordenadora, que afirma: "nossa missão e prazer dentro da UFRJ é trazer essa sabedoria popular para fazer parte da construção do conhecimento oficial que é oferecido dentro de nossa universidade pública, gratuita e de qualidade".