• Edição 111
  • 13 de dezembro de 2007

Saúde e Prevenção

Água, necessidade constante

Clarissa Lima

Água. Ela compõe 70% não só do planeta, também de nós mesmos. Por isso, ela é de vital importância para todo ser humano. Quais podem ser as conseqüências que a poluição e a redução dos níveis de água doce trazem para nós? Quem nos diz é a professora Margaretha van Weerelt, chefe do Laboratório de Microbiologia Aquática e coordenadora do Programa de Avaliação Bio-aquática (PABA).

– A falta de água no organismo pode ocasionar inúmeros problemas para as pessoas. Ressecamento da pele, secura da boca, inchaço e esbranquiçamento da língua e concentração da urina são apenas os primeiros sinais da ausência deste elemento indispensável – relata a professora.

Esta série de complicações ocorre porque todos os processos químicos do nosso corpo necessitam da água para acontecer. “A água auxilia no nosso metabolismo, levando embora as toxinas e auxiliando no funcionamento celular e no controle da temperatura corporal. Por isso, não é possível viver sem ela”, explica Margaretha.

Fontes de água

Muitas pessoas não gostam de água pura e a substituem, freqüentemente, por sucos, refrigerantes, café ou outras combinações líquidas. Entretanto, nem sempre isso é saudável. Embora nosso corpo precise de substâncias como sais e açúcares, estes outros líquidos contêm uma diversidade de outras substâncias que subtraem da água seu valor essencial: de ser água.

– Os outros líquidos têm substâncias com características diversas e, conseqüentemente, funções diversas. Alguns chás contêm estimulantes, o que faz com que a bebida atue em outra direção. A água pura vai diretamente para onde ela é necessária –, aponta a professora.

Mas não é só a água em si que é fonte de água. Pode parecer paradoxal, mas, incrivelmente, apenas 50% da água do corpo advêm do consumo deste elemento puro ou de outros líquidos.

– A respiração e a ingestão de alimentos como frutas, verduras e legumes também são ricas fontes de água. A alface, por exemplo, é 95% composta  por água, o tomate é 94% e a melancia, 92% – afirma Margaretha. Assim: não só beber água, mas manter uma alimentação adequada são regras básicas para evitar uma série de problemas.

Água é necessidade constante

Com o passar do tempo, entretanto, o cérebro humano não apresenta mais o mesmo estímulo que na juventude. E não só a mente muda – o corpo também. De acordo com a bióloga, com a idade, a quantidade de água existente no corpo diminui, o que exige tomar certos cuidados:

– Aos dois anos, 80% do corpo é água; aos cinco anos, esta porcentagem cai até 75%; a partir dos 10 anos (e boa parte da vida), essa taxa é de 70%. Aos 40, o corpo é formado por 60% e, após os 60 anos, fica na base dos 50%. “É como se estivéssemos passando por um processo de ‘secagem’. Na velhice, acontece também de sentirmos menos sede, porque a área do cérebro que nos informa a necessidade de água já não funciona tão bem. Assim, é importante frisar que, quando idosos, devemos quase nos obrigar a beber água”, afirma a especialista.

A ingestão da água, principalmente por idosos, evita que a pele perca a elasticidade e resseque. Quando mais velhos, o ressecamento é uma complicação ainda maior, pois fragiliza a pele e torna mais fácil a formação de feridas. Além disso, pela ingestão de água é possível prevenir males como o cálculo renal.

A desidratação pode ser muito grave, a depender do estágio em que chegar. Segundo Margaretha, quando é leve, bebendo bastante água pode-se resolvê-la. Contudo, quando a ausência de líquido é muito grande, apenas aplicação intravenosa de soro, na emergência hospitalar, pode solucionar o problema.

Políticas públicas

A docente também comentou a necessidade de boas políticas públicas, capazes de fornecer à população este bem indispensável. “Não adianta eu dizer às pessoas que elas devem ter uma alimentação saudável e beber bastante água. Como fazer no Nordeste, que a seca é terrível e a população às vezes só tem farinha para comer? A questão da água pespassa diversas outras, e todas devem ser avaliados”, comenta a professora.

 Para encerrar Margaretha faz um apelo: “Cuidar da água é primordial, afinal, a contaminação da água pode trazer diversas doenças e o desperdício pode ter conseqüências graves em um futuro não muito distante. Vamos preservar este recurso natural tão importante para nós.”