• Edição 108
  • 22 de novembro de 2007

Saúde e Prevenção

A prevenção da intoxicação alimentar

Seiji Nomura

A intoxicação alimentar é uma das enfermidades que mais afetam as pessoas no seu dia-a-dia. Muitos consideram normal sofrer diarréia ou até mesmo crises de vômito de vez em quando, principalmente depois de comer aquela maionese no self-service da esquina, geralmente acompanhado pela famosa frase “deve ter sido alguma coisa que eu comi”. Grande parte das vezes é mais um inconveniente, pouco mais; mas nem sempre é assim.

Maria Lúcia Mendes, professora de Nutrição e Higiene de Alimentos da UFRJ, nos alerta para os perigos dessa enfermidade. “Sempre é bom consultar um médico, já que pode parecer uma coisa simples sem ser”, afirma a doutora. Em geral, os sintomas da patologia não passam do mau funcionamento do sistema gastrintestinal, mas podem chegar a desmaios, disfunções cardíacas e até mesmo à morte.

Ao contrário do que grande parte das pessoas pensa, cozer a comida apenas não elimina os riscos de contaminação. “Aquecer o alimento não elimina o risco, mas o reduz. Além disso, certas substâncias como a toxina do Staphylococcus aureus, são termoresistentes”, diz a nutricionista.

A refrigeração também não melhora a qualidade do alimento. De acordo com a professora, a principal função do processo é reduzir a velocidade de reprodução das bactérias e permitir que um alimento passe a ser saudável por mais tempo.

É também preciso um maior cuidado com o descongelamento do produto. “Quando você expõe o alimento à temperatura ambiente, a superfície descongela e fica exposta a temperatura ambiente, favorável à reprodução dos microorganismos, enquanto o interior ainda fica congelado. É melhor que esse processo seja feito sob refrigeração, ou seja, retire o alimento e o coloque na geladeira um dia antes”, ressalta Maria Mendes.

— Muitas vezes a contaminação não se dá na produção do alimento. Nos self-services, às vezes os próprios consumidores são responsáveis pela contaminação, falam em cima da comida, mexem no cabelo, usam seus talheres pessoais para pegar comida. É também freqüente a contaminação do alimento infantil quando a mãe o sopra para oferecer ao bebê – lembra a professora. É preciso lembrar que, como a gripe, essa doença muitas vezes é assintomática e ainda podemos transmiti-la quando aparentemente estamos curados.

Ela também deixa claro que o consumidor precisa de cuidado na escolha e no preparo do produto. “Sempre trabalhar com alimentos de qualidade garantida, frescos. Evitar falar em cima do alimento, cozinhar cantando, falando, usar a mesma faca para alimentos prontos para servir e crus, não cozinhar com ferimentos nas mãos” declara ela, sempre lembrando que a higiene é um dos cuidados mais fundamentais.

Algumas vezes, nem mesmo com todos esses cuidados é possível evitar a intoxicação. Certos vegetais, como a mandioca brava, ou peixes, como o baiacu, apresentam substâncias naturalmente nocivas ao homem. Nesse caso, a cautela é a maior recomendação da pesquisadora. Em caso de contágio, ela repete a recomendação de procurar um médico, se possível, e manter o enfermo hidratado.