• Edição 107
  • 14 de novembro de 2007

Argumento

Tratamento facilita cotidiano de diabéticos

Seiji Nomura

Hoje, dia 14 de novembro é o “Dia Mundial do Diabetes”. A doença é considerada por especialistas da área um dos problemas de saúde mais sérios da atualidade - de acordo com a Organização Pan-americana de Saúde, estima-se que chegue a 300 mil o número de mortes causadas pela doença, só na América latina e Caribe.

— Diabetes Mellitus é um grupo de doenças metabólicas com etiologias diversas, caracterizado por hiperglicemia. Esta pode resultar de uma deficiência de secreção de insulina por células do pâncreas, de uma resistência periférica à ação da insulina ou ambas. A hiperglicemia crônica do diabetes freqüentemente está associada com dano, disfunção e insuficiência de vários órgãos, principalmente olhos, rins, coração e vasos sangüíneos – afirma Tereza Sollero, endocrinologista e professora Adjunta do Departamento de Farmacologia Básica e Clinica.

Segundo ela, o diabetes tipo 1 caracteriza-se por deficiência absoluta de insulina e responde por 10% a 20% dos casos. Já o tipo 2, responsável por 80% a 90% de todos os casos da doença, surge habitualmente após 40 anos de idade e a maioria dos pacientes é obesa. Contudo, pode acometer também adultos mais jovens, adolescentes e mesmo crianças.

Os que sofrem desse mal são obrigados a se submeter a uma rotina diária de injeções de insulina e a um controle restrito da dieta, já que não são capazes de controlar sua taxa de glicemia adequadamente. A administração constante das agulhas é incômoda e pode causar constrangimentos – inclusive em alguns casos são confundidos por usuários de Heroína.

A insulina inalável, uma das inovações no tratamento do diabetes, aparece como uma alternativa mais confortável que permite a redução do número de injeções diárias. “Alguns pacientes podem chegar até a usar apenas uma dose através do método tradicional e a cada refeição regular com a inalada, mas varia de acordo com o paciente” declara a endocrinologista.

— Esse tipo de insulina é acondicionada em blisters (envelopes) de 1mg e 3 mg, pronta para inalação. Um miligrama do produto eqüivale a três unidades na seringa. Deve ser colocada em um inalador. A insulina aspirada é absorvida pelos vasos capilares do pulmão e entra na corrente sanguínea – explica Tereza.

Essa forma é muito menos invasiva e é indolor, porém não há expectativa na comunidade acadêmica de que substitua o tradicional. “O diabético precisa da aplicação de dois tipos de insulina. A Glagina, a de ação longa e basal, que deve ser aplicada pela manhã e complementada pelas outras, que são aplicadas próximas as refeições, para controlar os picos de glicose pós candiais” lembra a especialista.

Outro problema com essa nova forma é o fato de que é bem mais difícil administrar a dosagem por esse meio que pelo intravenoso. “A única forma de aplicação com biodisponibilidade de 100% é a intravenosa. Parte da substância por via inalada é degradada e só cerca de 30% a 20% é aproveitada. Fatores como doenças respiratórias e tabagismo afetam a quantidade absorvida” afirma Sollero.

De acordo com a especialista, novas formas de tratamento estão sendo testadas e introduzidas, como novos agentes farmacológicos que mimetizam a ação das incretinas, aumentando a secreção de insulina de forma glicose-dependente no estado de hiperglicemia, e a cirurgia bariática.