• Edição 106
  • 08 de novembro de 2007

Notícias da Semana

I Simpósio em Ecologia

Evento aborda os detalhes do Ano Polar Internacional

Marcello Henrique Corrêa

O auditório professor Rodolpho Paulo Rocco, o Quinhentão, recebeu no dia 7 de novembro, o I Simpósio Brasileiro em Ecologia. O evento, organizado por um grupo de professores e alunos, é apoiado pelo Programa de Pós-graduação em Ecologia do Instituto de Biologia da UFRJ, entre outros parceiros. No evento, foram distribuídos volumes do periódico científico Oecologia Brasiliensis, que também inspirou a criação do simpósio. O periódico foi criado em 1995, teve interrompidas as edições em 2001 e, com o apoio do PPGE, retornou no ano passado.

A mesa de abertura foi composta pelos professores Alex Enrich-Prast e Paulo C. Paiva, membros da comissão organizadora. Além deles, estavam presentes Irene Garay, vice-diretora do Instituto de Biologia, Fernando Fernandez, coordenador da pós-graduação em Ecologia, Regina Célia Loureiro, superintendente geral da Pró-reitoria de Planejamento e Desenvolvimento (PR-3) e o comandante Eron Pessanha, oficial de Operações do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR).

O professor Enrich-Prast ressaltou a participação fundamental dos alunos envolvidos na organização do simpósio e, também, na participação como editores executivos do periódico. “Eles tiveram um trabalho hercúleo, e se existe essa revista hoje é graças a eles. Se essa revista tem uma alma, esses alunos são a alma da revista”, afirmou o professor.

Ano Polar Internacional: a Antártica mais perto do mundo

A primeira palestra do simpósio ficou sob responsabilidade de Lúcia de Siqueira Campos, professora adjunta da UFRJ e membro do Comitê Nacional de Pesquisas Antárticas. Com o tema “Ano Polar Internacional: Participação Brasileira”, a palestra trouxe para mais perto dos espectadores os detalhes da história da pesquisa científica no continente e os objetivos desse 4º API.

— Todos os processos ocorridos nas regiões polares são complexos, tanto que muitas vezes ultrapassam as regiões polares. Essas regiões são componentes ativos e altamente conectados ao sistema terrestre como um todo —, explicou Lúcia. Segundo a professora, é necessário um esforço conjunto de diversas nações para compreender os processos que ocorrem nas áreas polares, que reservam, além disso, boa parte do passado do sistema terrestre.

Um pouco de história

O primeiro Ano Polar Internacional ocorreu há 125 anos. Envolveu 12 países e 15 expedições: 13 delas para o Ártico e duas para a Antártica. O segundo evento ocorreu já no século XX, teve 40 países envolvidos. Nessa oportunidade, os EUA, pioneiros, estabeleceram sua primeira estação meteorológica no continente antártico.

Também digno de memória é o Ano Geofísico Internacional, ocorrido em 1957, pela celebração dos APIs anteriores. Dessa vez, 12 países estiveram presentes, estabelecendo cerca de 60 estações de pesquisa na região. Segundo Lúcia de Siqueira Campos, durante esse ano, a ciência teve um avanço significativo na compreensão dos fenômenos geofísicos do planeta. Vários fenômenos foram discutidos nesse período e, ao mesmo tempo, grandes debates sobre o destino da Antártica foram iniciados.

Esse ano foi também o palco dos primeiros ensaios do Tratado Antártico. Conforme contou a professora, os países envolvidos até então na pesquisa tinham visões territorialistas na Antártica. Por outro lado os EUA propuseram que não se dividisse o território antártico, mas se estabelecesse um tratado, em que o espaço pudesse ser utilizado para a paz e para a ciência. O tratado foi estabelecido em 1961.

Objetivos do Ano Polar Internacional

Juntamente com o Tratado Antártico, foi criado o Comitê Científico de Pesquisa Antártica (SCAR, na sigla em inglês). Trata-se de um comitê interdisciplinar que visa coordenar toda a pesquisa científica internacional de alta qualidade e discutir o papel da região Antártica no sistema terrestre como um todo. O SCAR coordena outras organizações diversas, que determinam condutas de conservação e de pesquisa nas áreas antártica e austral.

Para o API, o SCAR tem um plano estratégico, entre outras diretrizes, pretende quantificar e compreender mudanças ambientais, naturais e antrópicas, a fim de melhorar as projeções para o futuro. “Praticamente todos os programas têm esse olhar para o passado, agregar novas informações no presente e tentar predizer o futuro”, comentou Lúcia.

Além disso, o comitê pretende compreender a conectividade entre as áreas polares e o restante do mundo. Segundo a professora, esse aspecto é percebido cada vez mais, inclusive no Brasil. “Aqui no país mesmo, pesquisas da PUC e de outras instituições apontam que a península antártica tem uma influência muito grande no clima brasileiro, principalmente nas regiões Sul e Sudeste”, afirmou.

Também está no plano de metas do API a investigação do desconhecido nas fronteiras da ciência nessas regiões polares. “Existem áreas, como os lagos subglaciais (que existem sob o gelo), poucos conhecidos. Sabemos que existem muitos mais lagos desse tipo na Antártica do que se estimava” citou a professora. “Esse é só um exemplo. A microbiologia, por exemplo, ainda é pouco estudada na região e há uma imensidão para se descobrir”, completou. (Veja matéria sobre bactérias da Antártica, publicada pelo Olhar Vital. Link: http://www.olharvital.ufrj.br/2006/index.php?id_edicao=082&codigo=2.)

Lúcia de Siqueira Campos estará no Ano Polar Internacional representando o Brasil, entre outros pesquisadores, na expedição. Segundo ela, o Comitê Nacional de Pesquisa Antártica fez uma série de recomendações para que houvesse um maior incentivo ao programa antártico e para que os pesquisadores brasileiros pudessem atuar de maneira efetiva no Ano Polar Internacional. O Ministério de Ciência e Tecnologia disponibilizou R$ 9,2 milhões para serem empenhados pelo CNPq nos projetos antárticos do Ano Polar Internacional.

Dentro desse programa, Lúcia coordena a pesquisa “Vida marinha antártica: biodiversidade em relação à heterogeneidade ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George e áreas adjacentes”. Segundo ela, as áreas mais rasas da baía do Almirantado são bem conhecidas, mas as porções mais profundas não. “Ainda não temos bem mapeados os ecossistemas presentes na baía e gostaríamos de fazer um mapeamento mais amplo e sistemático da região”, explicou a pesquisadora. O projeto é grande — tem 12 subprojetos, envolvendo os vários aspectos do trabalho — e visa entender melhor esse ambiente da baía, que vai ser usada como estudo de caso durante o API.


VI Fono em destaque aborda detalhes do Alzheimer

Marcello Henrique Correa

Ocorreu, no último dia 6 de novembro, a sexta edição do encontro Fonoaudiologia em destaque. O evento lotou o auditório Halley Pacheco, no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho e reuniu estudantes e professores durante o dia todo. O Fono em destaque é organizado todo ano por um grupo de estudantes do 8º período do curso de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da UFRJ, orientado pelas professoras Claudia Drummond e Leila Nagib. A temática principal desse ano foi avaliação dentro das grandes áreas de Fonoaudiologia: voz, linguagem, motricidade oral e audição.

Características da demência

A primeira palestra foi ministrada pelo professor de neurologia do curso, Marcos Martins da Silva. O tema principal, a identificação das chamadas demências. O professor indicou algumas características auxiliares a paciente e família em lidar com problemas delicados. A doença, apesar de ser caracterizada principalmente pela falta de memória, apresenta uma série de nuances características, que ajudam a identificar o problema.

Segundo o professor, "estar doente não é apresentar um problema, mas sim apresentar um problema que incomoda". Portanto, há uma série de comportamentos que devem despertar a atenção de parentes e amigos. O primeiro citado por Marcos é o delírio perceptório. Esse distúrbio leva o paciente demente a desconfiar de parentes, amigos. Há outros sinais, são: medo de ser atacado, medo de traição ou a constante sensação de que alguém irá lhe roubar.

Além desse problema, o doente acometido por esses tipos de distúrbios perde o compromisso com o asseio. Marcos explicou, sempre ressaltando a complexidade dos casos, que isso pode acontecer devido a uma série de fatores. "Uma das características que encontramos nesses pacientes é eles pararem de tomar banho, perderem a inibição de, por exemplo, urinar em público ou evacuar no chão. Isso pode ocorrer por causa da incontinência urinária característica da demência; pelo descompromisso com o asseio em si ou ainda por simplesmente por eles não saberem onde é o banheiro, causando o ato involuntário."

O campo emocional também fica altamente afetado. Pacientes nesse estado se caracterizam por terem uma tendência à tristeza, e a um certo grau de depressão. Marcos Martins explicou, ainda, que os dementes apresentam a chamada impropriedade emocional. "Isso significa que o doente poderia rir de um fato triste ou chorar ao ouvir uma piada, por exemplo", explicou o especialista. "O paciente não perde apenas a sua capacidade de memória, ele vai, aos poucos perdendo sua humanidade", completou.

Alzheimer: como identificar

Por ser a demência mais freqüente, o professor dedicou a maior parte de seu tempo de estudos ao mal de Alzheimer. Muito conhecida pela perda de memória, o Alzheimer apresenta alguns sinais sutis, também avaliados no dia-a-dia. "Mesmo quando falamos de Alzheimer, podemos diferenciar algumas formas de Alzheimer, o que pode significar, mais tarde, dizer que Alzheimer também é um conjunto de doenças", acrescentou o professor.

Segundo Marcos Martins, o Alzheimer é uma doença muito insidiosa. Frequentemente, nem o paciente, nem a família consegue perceber como começou o problema e só se percebe quando o problema está instalado. Isso pode demorar mais ou menos de acordo com o contato que o paciente tem com o resto da família. Isso ocorre porque a demência afeta a capacidade de perceber algo errado em si mesmo – o insite. Por isso, o paciente com Alzheimer não procura ajuda, sempre é levado por outros.

O que realmente marca diferença é a memória. Segundo o professor, existe uma confusão entre o esquecimento normal e o que pode representar algum problema. Ele afirma, as pessoas costumam adotar condutas extremamente opostas. Alguns se preocupam demais com algo que pode ser normal. Por outro lado, outros deixam passar o que poderia ter sido o primeiro sinal de um problema grave. Para o professor, o esquecimento se torna problemático quando começa a trazer problemas sérios para a pessoa. Por exemplo, faltar a compromissos, encontros ou causar acidentes sérios.

Existe um teste chamado Mini-Exame do Estado Mental (MEEM). Trata-se de uma série de perguntas e respostas que rendem pontos aos pacientes. Quanto maior a pontuação, mais sadio mentalmente o avaliado está. As perguntas são simples e analisam a capacidade mental do paciente, sua orientação no tempo e espaço, entre outros fatores. Para os futuros fonoaudiólogos presentes, Marcos lembrou que o problema pode começar a ser identificado em seus consultórios. "Vocês podem não ser as pessoas a receitar um remédio contra Alzheimer, mas talvez vocês possam ser as primeiras pessoas a identificar o problema de fato e não um simples esquecimento relacionado à idade", afirmou o professor. Ele completou, ressaltando que o diagnóstico precoce favorece uma terapia iniciada mais precocemente, garantindo uma vida melhor para o paciente.


I Encontro com Mestres Populares

Priscila Biancovilli

No último dia 6 de novembro, a Companhia Folclórica de Dança abriu as comemorações dos seus 20 anos. A cerimônia de abertura do I Encontro com Mestres Populares na UFRJ aconteceu na Escola de Educação Física e Desportos e contou com um público bastante heterogêneo; desde professores e funcionários da universidade a crianças, interessadas em aprender sobre esta manifestação cultural brasileira.

A cerimônia de abertura teve a participação dos professores Alex Pina de Almeida e Eleonora Gabriel, que relembraram um pouco da história da Companhia, bem como as pessoas responsáveis pela sua existência. “Tudo começou com a professora gaúcha Sônia Chemale, aqui da Escola de Educação Física e Desportos. Em 1971, o grupo iniciou as suas atividades. Pela realização deste evento, gostaríamos de agradecer à UFRJ, sobretudo ao apoio da Pró-reitoria de Extensão, Sub-reitoria de Ensino, e o nosso diretor Waldir Ramos”, afirmou Eleonora.

Apesar de o grupo ter sido inicialmente fundado em 1971, teve suas atividades paralisadas 11 anos depois, principalmente por falta de apoio da universidade. Em 1987, com a implantação de bolsas de iniciação artística e cultural, foi criado o projeto de reativação de grupo de danças folclóricas da UFRJ. Em 2007, portanto, somam-se 20 anos desde o seu retorno.

Compareceram ao evento grupos de Congado de Minas Gerais, Batuque de São Paulo, Banda de Congo do Espírito Santo e Jongo, Mineiro-Pau e Ciranda, do Rio de Janeiro.Este Encontro de Mestres teve o patrocínio do Banco do Brasil, em convênio com a UFRJ. “Isso é algo muito raro, nunca conseguido antes”, comemora Eleonora.