• Edição 102
  • 11 de outubro de 2007

Saúde e Prevenção

A doença da modernidade

Priscila Biancovilli

A obesidade é uma doença da modernidade. Segundo dados do IBGE, no Brasil, 40% da população está acima do peso e 10% é considerada obesa. A classificação é feita através do índice de massa corporal (IMC – o peso dividido pela altura elevada ao quadrado). A faixa de 18,5 a 24,9 é considerada normal. Quem apresenta um IMC entre 25 e 30 pontos está entre as pessoas considerados com sobrepeso, a pré-obesidade. Quando o indivíduo possui um IMC acima de 30, já apresenta um quadro de obesidade.

Uma pesquisa realizada recentemente pelo Ministério da Saúde, em parceria com Instituto Nacional de Câncer (Inca) revelou, o Rio de Janeiro é a capital com maior incidência de pessoas com sobrepeso ou obesidade – cerca de 48% da população sofre deste problema. Um estudo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) apontou, 8% das hospitalizações de homens e mulheres estão associadas ao excesso de peso. Por que existem cada vez mais obesos no mundo? Quais os riscos à saúde e como prevenir este mal?

Lenita Zajdenverg, professora adjunta da nutrologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, explica que os riscos da obesidade são diversos. “A obesidade aumenta o risco de problemas cardiovasculares, dislipidemias, aumenta o triglicerídeos e diminui o colesterol bom – HDL, torna mais alto o risco de doenças como gota, vários tipos de tumores (cânceres de mama, vesícula e endométrio) e varizes. Além disso, piora quadros de artrose e, se for muito severa, pode provocar alterações respiratórias.”

Quem apresenta gordura acumulada na região do abdômen – a famosa barriga – deve se preocupar. “O acúmulo de gordura abdominal reflete, também, excesso de gordura nas vísceras abdominais, como o fígado, principalmente. Isto pode provocar resistência à insulina (diabetes), pressão alta e risco de infarto precoce”, explica a professora. Mulheres com cintura acima de 80 cm, e homens com mais de 94 cm de barriga têm risco aumentado.

Causas

A obesidade pode ser gerada por diversos fatores. “O fator genético pode ser decisivo para a manifestação desta doença. Algumas alterações endócrinas, como hipotireoidismo, também podem provocar ganho de peso. Mas as causas mais freqüente são os maus hábitos alimentares, de dietas ricas em gorduras, e o sedentarismo”, explica Lenita.

– Os hábitos alimentares tiveram uma alteração significativa. Se compararmos a alimentação de hoje com a de 50 anos atrás, vemos que atualmente é muito mais comum o acesso a comidas rápidas e ricas em gordura, como os fast foods. Sem dinheiro, a opção das pessoas é comprar um refresco com joelho a 1 real. Além disso, até mesmo em casa, não há mais tanto controle sobre os hábitos alimentares. Os pais não têm tempo de preparar uma alimentação saudável para seus filhos e eles acabam ingerindo muito mais gorduras, frituras e hambúrgueres –, afirma a professora.

Prevenção

Se o mundo moderno oferece diversas barreiras para o combate à obesidade, qual a melhor forma de prevenir? “A melhor forma de se manter saudável é praticar atividades físicas regularmente e evitar gorduras e carboidratos em excesso na alimentação, mantendo sempre uma dieta equilibrada.”, explica a professora.

Alguns medicamentos podem ajudar na perda de peso. Existem quatro grupos principais: os que aumentam a saciedade, diminuem o apetite, aumentam o gasto calórico ou dificultam a absorção de alimentos. “Os medicamentos são indicados apenas nas situações de obesidade refratária, ou seja, quando o paciente não responde à dieta ou às atividades físicas”, esclarece Lenita. Os possíveis efeitos colaterais destes medicamentos são diversos, vão desde diarréia até a promoção de um quadro de nervosismo. Para quem deseja emagrecer mantendo a saúde, portanto, ainda não há opção melhor que a soma de exercícios físicos com dieta equilibrada.