• Edição 102
  • 11 de outubro de 2007

Notícias da Semana

Consciência ambiental no II Encontro Saúde e Educação para a Cidadania

Marcello Henrique Corrêa

Música, dança e folclore marcaram a abertura do II Encontro Saúde e Educação para a Cidadania, organizado pela coordenação de extensão do Centro de Ciências da Saúde (CCS). O encontro ocorreu no dia 10 de outubro, no próprio Centro. A apresentação do grupo Folclorear, da Escola de Educação Física e Desportos (EEFD/UFRJ), arrancou aplausos de pé dos presentes no auditório Professor Rodolpho Paulo Rocco (Quinhentão); e fez reviver os tempos de infância.

Interpretações de brincadeiras e danças tradicionais, como “escravos de jó” e cantigas de roda em pequenos quadros relembraram a importância do folclore para a formação de adultos saudáveis e preservação da cultura nacional.

A mesa de abertura contou com a presença do decano do CCS, professor Almir Fraga Valadares. Além dele, estavam na mesa a professora Ana Inês Souza, representando a Pró-reitora de Extensão; o superintendente do CCS, professor Roberto Leal; a professora Diana Maul de Carvalho, coordenadora de extensão do Centro e a professora Florence Viana, organizadora do evento.

O decano ressaltou a importância do evento e da extensão como um todo. “A Universidade se sustenta no famoso tripé pesquisa, ensino e extensão. Na extensão, conseguimos abranger os três: na extensão se pesquisa; na extensão se ensina e, ainda, se cumpre com o dever maior de uma universidade pública: o de retornar sua produção à sociedade financiadora”, afirmou o decano, congratulando o evento, bem como os outros integrantes da mesa.

Para Almir Fraga, a cidadania, motivo central do evento, passa pela saúde, pela educação e também pelo bem-estar social, físico e ambiental. “Com essa segurança ambiental, a saúde psicológica do indivíduo é garantida, e mantida por um processo de educação”, concluiu o decano.

Cidadania e meio ambiente

Esse foi o tema da conferência principal do encontro, ministrada por Vinicius Farjalla, professor do Instituto de Biologia e do Núcleo de Pesquisas Ecológicas de Macaé (NUPEM), da UFRJ. O professor apresentou ao público um panorama geral da situação do planeta e abordou algumas hipóteses sobre causas e possíveis conseqüências ao meio ambiente.

A imagem de satélite do furacão Katrina foi o pano de fundo de toda a apresentação de slides, Farjalla trouxe ao debate desastres pouco ou nada conhecidos, como o caso do lago Chad, na África. “Esse lago era o maior corpo de água doce de toda a África, abastecia milhões de pessoas”, contou o professor. Hoje, o lago encontra-se com suas proporções extremamente reduzidas e a principal causa apontada é o desvio de suas águas para irrigação, considerado um mau uso.

Segundo o professor, nunca houve tantos recordes de mudanças climáticas na história do planeta. Em um ano, ocorre o período mais seco, em outro, o mais chuvoso, e assim por diante. Por isso, o mundo passou a falar mais também sobre o assunto. Revistas científicas internacionais renomadas já somam centenas de matérias sobre as mudanças climáticas, é o aparente “fim do mundo” para as publicações mais catastróficas.

Independente de especulações, há de se levar em conta os fatos. Por exemplo, uma estimativa aponta que a temperatura global aumentou 0,75 °C. “Esse número pode parecer pequeno e imperceptível, mas o problema é significar a média, por demais enganosa. Não vivemos a média. Por exemplo, no deserto, a média diária é em torno de 20 °C , porém temos 50 °C durante o dia e -20 °C à noite, o que é insuportável”, explicou Farjalla.

Esses números são apenas alguns dos dados a confirmar algo de estranho acontecendo no planeta. Segundo o professor, relacionar esses dados com a ação do homem ainda está no campo da especulação. De qualquer forma, a dúvida já é suficiente para começar a agir, recomenda o professor.

Nem tudo, contudo, são más notícias. Farjalla relata que a luta contra a destruição da camada de ozônio já surtiu efeitos. “A emissão de cloro-flúor-carbono já sofreu uma redução significativa. Isso está relacionado à conscientização. Quem emite CFC hoje em dia, já é considerado um monstro. Por que não pensar assim de quem dirige um carro imenso movido a diesel, por exemplo?”, disse o professor.

O trabalho coletivo é fundamental, para Farjalla. “A ação individual muitas vezes só serve para atenuar o peso na consciência, não surte efeitos claros”, opinou o professor, discordando frontalmente da célebre história do beija-flor que fazia a sua parte tentando apagar o incêndio com um pouco de água no bico. “A menos muitos carreguem baldes, o esforço de um só não bastaria para apagar o fogo”, concluiu, ainda referindo-se à fábula, o professor Vinícius Farjalla.


XXIX Jornada de iniciação científica é aberta oficialmente

Philippe Noguchi - Agência UFRJ de Notícias – Centro de Tecnologia

Foi aberta oficialmente nesta terça-feira, dia 9 de outubro, a XXIX Jornada Giulio Massarani de Iniciação Científica, Artística e Cultural (JIC 2007) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Há 29 anos, a jornada contribui para estimular os jovens estudantes à pesquisa científica, além de assegurar o espaço para a exposição e a discussão de seus trabalhos desenvolvidos na universidade.

A apresentação de trabalhos na Jornada é aberta a todos os alunos de graduação envolvidos em atividades de pesquisa na UFRJ, sendo obrigatória a participação de bolsistas PR-2, CNPq, PIBIC e IAC/UFRJ, orientados por ao menos um docente ou técnico administrativo da UFRJ. Cada trabalho inscrito será avaliado por docentes da universidade, e os que se destacarem também poderão ser premiados e selecionados para menção honrosa.

Cerimônia de abertura

A cerimônia de abertura da JIC 2007 foi realizada no auditório Roxinho do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN/UFRJ) e contou com a presença de dirigentes de diversos centros da universidade. Entre eles, compuseram a mesa de abertura a professora Ângela Rocha dos Santos, decana do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN); o professor Almir Fraga Valladares, decano do Centro de Ciências da Saúde (CCS); o professor Léo Affonso de Moraes Soares, decano do Centro de Letras e Artes (CLA); além da Pró-reitora de Pós-graduação e Pesquisa, Ângela Uller; a Pró-reitora de Graduação, professora Belkis Valdman; e a coordenadora geral da Jornada, professora Sandra Azevedo.

– É uma alegria muito grande chegarmos a esta 29ª Jornada e vermos nossos números em uma constante exponencial. Teremos, este ano, 4.119 alunos participando diretamente da Jornada, contabilizando em seis anos um aumento de 180% de participação. Temos também um número crescente de orientadores, totalizando 2.800 professores envolvidos e 3.058 trabalhos selecionados –, contabilizou Sandra Azevedo, coordenadora geral da Jornada.

A JIC foi organizada em 1978 pelo professor Giulio Massarani, aconteceu somente no Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza, do Centro de Tecnologia da UFRJ. Em 1985, foi realizada a primeira Jornada abrangendo toda a Universidade e, em 1993, foi firmado o convênio com o PIBIC/CNPq para que o encontro pudesse ser promovido anualmente.

– Esta Jornada é muito especial para mim primeiramente porque leva o nome de Giulio Massarani, um professor fantástico, de uma ligação muito especial com os alunos de graduação. Não somente era esse docente incrível, como foi meu professor de iniciação científica, durante os meus quatro anos de graduação, além de meu orientador de mestrado. Ele me levou para a vida científica e me ensinou como a vida acadêmica era estimulante e até muito divertida –, completou a Pró-reitora Ângela Uller, pouco antes de encerrar a sessão de abertura.

Exposição de painéis

Logo após a cerimônia, foi iniciada a exposição de painéis no Hall do auditório do CCMN. Sobre os mais diversos temas, os grandes pôsteres atraíam a atenção de quem circulava pelos corredores do Centro, como por exemplo, o do projeto "Dança das proteínas", elaboração de um espetáculo coreográfico baseado na ciência, mais especificamente em conceitos e fenômenos da bioquímica.

Dança das proteínas

O painel do projeto foi exposto no CCMN pelas alunas Carolina Boa Nova (10º período da Faculdade de Dança) e Kátia Santos (3º período da Faculdade de Escultura). As estudantes explicam, o objetivo central do projeto é a difusão e popularização da ciência através da arte. O trabalho faz parte da pesquisa de doutorado do professor André Meyer na Área de Educação, Difusão e Gestão em Biociências e conta com alunos da Escola de Belas Artes (EBA/UFRJ), da Escola de Comunicação (ECO/UFRJ), além de membros da Companhia de Dança Contemporânea Helenita Sá Earp, da Escola de Educação Física e Desportos (EEFD/UFRJ).

– Estamos na fase de captação de referências artísticas para a composição desse espetáculo coreográfico. Procuramos as formas orgânicas capazes de remontar o universo celular e de possibilitar o nosso próximo passo, que é a construção desse ambiente cenográfico –, explica a estudante Carolina Boa Nova.


Desenvolvimento de tumor de pulmão e mama é tema da Jornada

Luisa Carneiro Alves – Agência UFRJ de Notícias – Centro de Tecnologia

O câncer é uma doença que desperta grandes atenções nas áreas de saúde, já que ainda é de difícil cura. Um pouco mais sobre o câncer nos foi apresentado no painel Desenvolvimento de tumor de pulmão e mama xenotransplantados em cérebro que foca um caso específico. O trabalho foi elaborado pelos alunos de biociência, Luiz Gustavo Feijó Dubois e Giselle Pinto de Faria, com orientação de Vivaldo Moura Neto e co-orientação de Jean Chrithofer Houzel, que avaliaram a contribuição do parênquima cerebral para a instalação dos tumores pulmonares e mamários, assim como para sua migração (metástase).

Para isso, em um trabalho anterior, realizaram o processo de metástase cerebral in vitro, evoluindo agora para o processo in vivo, em que células tumorais foram injetadas no cérebro de ratos. A linhagem tumoral de câncer de pulmão (GLC4) e de câncer de mama (MCF7) foram as utilizadas; através dos resultados obtidos pelo experimento os pesquisadores puderam concluir que de fato existe essa compatibilidade e favorecimento da metástase por parte do cérebro.

No entanto, também descobriram a maior fragilidade das células quando se encaminham para o tecido cerebral o que, de certo modo, poderia facilitar a cura. Esse último fato, entretanto, depende de estudos aprofundados e  consiste apenas em uma constatação, ainda sem nenhuma comprovação.


Depressão: comparações clínicas, psíquicas e sócio-demográficas

Clarissa Lima

Este trabalho é um estudo comparativo feito pela estudante Luisa Novo e orientado pelos professores André Veras e Antônio Nardi apresentado no último dia da Jornada de Iniciação Científica.

De acordo com Luisa, a equipe do projeto Depressão:comparações clínicas, psíquicas e sócio-demográficas de um grupo de pacientes com o diagnóstico e outro sem o diagnóstico da doença, acompanhou 53 mulheres, avaliando os aspectos que poderiam levar ao quadro e as características diferenciais entre deprimidas e não-deprimidas.

O grupo de pesquisa dividiu o contingente em 32 pacientes com depressão e 21 sem a doença. Foram feitos levantamentos sócio-demográficos, clínicos e ginecológicos destas mulheres, e “diferenças estatisticamente significativas” foram encontradas.

O trabalho conclui, então, que a depressão é “extremamente prejudicial à qualidade de vida da mulher”. Pelos dados analisados, vê-se que as mulheres deprimidas respondem pior aos tratamentos a que são submetidas e enxergam a vida de maneira mais pessimista. Também notou-se que as mulheres deprimidas têm um nível sócio-econômico mais baixo. Enfim, esta pesquisa busca compreender melhor esta doença que está se tornando a cada dia mais comum, para que novos estudos e tratamentos para o problema sejam desenvolvidos.

 


Pesquisa relaciona futebol e racismo no Brasil

Clarissa Lima

A XXIX Jornada Giulio Massarani de Iniciação Científica, Artística e Cultural movimentou a UFRJ entre os dias 9 e 11 de outubro. Houve diversas apresentações sobre os mais variados temas, espalhadas por toda a universidade.

A bolsista Juliana Ramos, do Departamento de História do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS/UFRJ), sob orientação professor Victor Andrade de Melo, discutiu as representações do esporte nas obras de arte, fazendo um mapeamento destas manifestações e alimentando o banco de dados da pesquisa. Seu projeto chama-se “Futebol e racismo: a construção da representação de Arthur Friedenreich”.

Segundo a estudante, o objetivo de seu trabalho é analisar a representação jogador de futebol mulato Friedenreich, filho de uma negra brasileira com um branco alemão. Este jogador se popularizou no esporte, embora, na época, o futebol fosse tipicamente praticado pela elite. Este sucesso soava paradoxal naquele contexto de proliferação das teorias raciais européias no Brasil, a tendência era o “embranquecimento” da população: a negação das manifestações culturais como a capoeira e o samba, negros alisando os cabelos. Tudo isto denotava uma pretensão da época de desconsiderar as características afro-brasileiras existentes.

Arthur Friedenreich

Neste sentido, o grupo procurou entender se houve uma identificação da população brasileira (pobre e mestiça em sua maioria) com a figura de Friedenreich. Concluíram que esta manifestação não teve nenhum caráter de resistência à segregação racial nem fez com que este personagem alcançasse tal fama, mas sim o acesso ao futebol permitido por seu sobrenome europeu e o convívio em uma colônia alemã. Ele era de fato um jogador habilidoso e, por isso, tornou-se bem sucedido. A associação entre o sucesso de jogadores negros e identificação popular chegaria apenas mais tarde, com a ascensão de jogadores como Leônidas da Silva, conhecido como “Diamante Negro”, e Edson Arantes do Nascimento, o “Rei Pelé”.

Por fim, Juliana ainda ressaltou que esta pesquisa é o passo inicial para o desenvolvimento de um novo projeto – sua tese de mestrado –, desta vez comparando efetivamente Friedenreich a Leônidas e Pelé.


Jornada de conhecimento

Flávia Fontinhas

Hoje, dia 11 de outubro de 2007, termina a XXIX Jornada; para todos os participantes foi, de alguma forma, extremamente gratificante e disseminadora de novos conhecimentos. Nesse contexto, a fim de melhor divulgar os projetos, o Olhar Vital destacou alguns trabalhos, que exemplificam o campo fértil de novidades e informações contidas na Jornada.

Verificação dos aspectos higiênico-sanitários de restaurante público popular do município do Rio de Janeiro

O trabalho, produzido por alunos do Instituto de Nutrição, tem como objetivo avaliar as possibilidades de contágio de doenças transmitidas por alimentos (DTAs), na comida servida atualmente nos restaurantes populares.

– A fim de exemplificar o estudo, então, nos concntramos em um restaurante em particular, situado na cidade do Rio de Janeiro, e o diagnóstico foi feito em setembro de 2006. Para a avaliação aplicamos um roteiro de inspeção sanitária, composto de 11 blocos, no qual foram analisados os seguintes aspectos: instalações, matérias-primas, manipuladores e processos de manipulação do alimento entre outros –, explica Christiane Duque Estrada, aluna do 5º período do Instituto de Nutrição.

Após a aplicação do roteiro, pôde-se avaliar que o restaurante cumpria adequadamente cerca de 80% dos itens avaliados e exigidos pela Vigilância Sanitária. O item com menor percentual de adequação (67%) foi o referente ao preparo dos alimentos, já que os manipuladores, embora treinados, não aplicavam o conhecimento adquirido como, por exemplo, higienizar as mãos durante a troca de tarefas ou ao entrar na área de manipulação. E os itens que obtiveram maior percentual de adequação (100%) foram os relacionados ao abastecimento de água, manejo de resíduos e capacitação dos manipuladores.

A conclusão do trabalho foi que o restaurante público popular analisado atende às expectativas da Vigilância Sanitária e, desta forma, alcança seu objetivo principal, fornecer refeições com qualidade adequada. Mesmo assim, ainda deve-se continuar investindo em práticas educativas a fim de transmitir conhecimento de boas práticas para os manipuladores e assegurar a qualidade das refeições produzidas.

Caracterização da resposta ao exercício em pacientes com insuficiência cardíaca crônica

O estudo em questão, feito por alunos da Faculdade de Medicina (Fisioterapia e Cirurgia Cardíaca), em parceria com alunos da Escola de Educação Física (Labofise – EEFD), tem por objetivo caracterizar a resposta de pacientes cardíacos crônicos ao exercício físico.

O estudo foi feito através do teste ergoespirométrico, capaz de verificar a resposta do sistema cardiovascular ao exercício, relacionada com a progressão da doença na estratificação de risco, prognóstico e seleção para a fila de transplante cardíaco.

– Foram analisados oito pacientes do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, com idades entre 58 e 89 anos, peso médio de 70 kg e altura média de 1,63 m. Todos com insuficiência cardíaca crônica de etiologia idiopática, hipertensiva e alcoólica, sem outras patologias associadas –, esclarece Dionizio Mendes, aluno do 8º período da Escola de Educação Física e Desportos, e integrante do Labofise.

O teste ergoespirométrico deu-se em uma esteira rolante, com monitoração contínua do eletrocardiograma (ECG) e da pressão arterial (PA). Os parâmetros analisados foram: tempo de exercício, ventilação-minuto, consumo de O2, produção de CO2, razão de trocas gasosas, limiar anaeróbio ventilatório, freqüência cardíaca e pressão arterial.

A conclusão dos alunos foi a resposta hemodinâmica ser influenciada pelo uso de medicamentos, que não haviam sido suspensos. Os resultados ventilatórios e metabólicos, no pico do exercício, expressaram resposta ventilatória comprometida e capacidade funcional diminuída em relação aos valores normais. Além do fato de a recuperação para as condições basais ter se apresentado lenta.


Simulação mental de movimentos em deficientes visuais

Flávia Fontinhas

O estudo feito por alunos do Laboratório de Biomecânica (Escola de Educação Física e Desportos), juntamente com alunos do Laboratório de Neurobiologia II (Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho), apresentado no último dia da Jornada, têm como objetivo verificar possíveis diferenças nas estratégias representacionais de um segmento corporal, neste caso a mão, em indivíduos com visão normal e em deficientes visuais congênitos.

– O processo de simulação mental de movimentos é descrito como a capacidade de se imaginar realizando um movimento sem realizá-lo de fato. Em sujeitos videntes (ou seja, com a visão normal), circuitos cerebrais distintos são recrutados durante uma tarefa de localização espacial dos dedos da mão em função da perspectiva adotada pelo voluntário. Portanto, nosso objetivo é verificar se esse processo ocorre de forma semelhante em deficientes visuais –, afirma Maitê Mello Russo, aluna do 8º período da Escola de Educação Física e Desportos.

Participaram da amostra 19 indivíduos com a visão normal (grupo controle), e dez deficientes visuais precoces. A tarefa era imaginar uma dada posição da mão, a partir de uma instrução verbal, e relatar a localização do dedo mínimo ou polegar, se à direita ou esquerda, de acordo com o seu ponto de vista. As sessões experimentais alternaram dois blocos de testes com situações da posição da mão do avaliado ou da mão do avaliador. Todos os voluntários foram vendados e a instrução verbal era transmitida por meio de um fone de ouvido binaural com um microfone acoplado a um computador.

Os resultados mostraram que ambos os grupos obtiveram maior vantagem no processamento das tarefas em perspectiva de primeira-pessoa, melhor que em terceira-pessoa. Os deficientes visuais apresentaram tempo de resposta maior, maior variabilidade e maior número de erros; caracterizando um pior desempenho global em relação ao grupo controle.

Assim, os alunos chegaram à conclusão de que o grupo deficiente visual foi capaz de realizar as simulações em primeira e terceira-pessoa, porém com maior dificuldade do que o grupo controle vidente. Possivelmente, em função do forte componente visuo-espacial presente na tarefa.