• Edição 101
  • 04 de outubro de 2007

Saúde e Prevenção

Sinusite: Cuidado essencial

Flávia Fontinhas

Viver em um país tropical, e, principalmente, em um estado como o Rio de Janeiro, onde se verificam mudanças bruscas de temperatura, às vezes quedas de até 20 graus de um dia para o outro ou do dia para a noite; é estar sujeito a doenças como a sinusite.

A sinusite é a inflamação dos seios paranasais, ou seja, das cavidades existentes ao redor do nariz. Em condições normais, essas cavidades escoam seu líquido, o muco, para o nariz e tudo funciona bem. Mas em algumas pessoas esse líquido pode ficar acumulado provocando uma inflamação, situação na qual a pessoa passa a sofrer de sinusite.

Existem dois tipos de sinusite: as agudas e as crônicas. “Em geral, na sinusites agudas os pacientes apresentam dor de cabeça, dor facial, tosse, obstrução nasal, secreção purulenta e uma sensação de peso na cabeça; às vezes também são acompanhadas de uma sensação de dor nos dentes. Além disso, o paciente pode ainda apresentar febre e lacrimejamento. Já nas sinusites crônicas, geralmente o paciente é pouco sintomático, e raramente apresenta dor. As principais queixas são em relação a uma sensação de pressão na cabeça, nos seios da face e de mau cheiro das secreções, como o assoado do espirro”, explica Marise Marques, mestre em otorrinolaringologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Principais causas e diagnóstico

Existe relação direta entre a sinusite e as mudanças bruscas de tempo, principalmente em pacientes atópicos, ou seja, pacientes com um histórico alérgico.

– Em mudanças bruscas de temperatura, pode-se ter uma hipereatividade, com uma inflamação. Quando há muito frio em um ambiente, não só nas mudanças de tempo, mas também em climas muito secos, o batimento ciliar, integrante da defesa da mucosa nasal e paranasal, diminui. Assim, rouba-se o ar da mucosa, que precisaria estar úmida; esta falta de umidade quebra a proteção da barreira mucosa, o que gera a inflamação –, explica a médica.

São várias as causas para a sinusite. “Ela pode surgir, por exemplo, como complicação de um resfriado comum; cerca de 30 a 40% dos resfriados evoluem para uma sinusite bacteriana. Pode haver também sinusites virais, sinusites relacionadas a complicações em processos dentários, como canais mal feitos. No caso das sinusites crônicas geralmente há presença de fungos ou outras bactérias”, esclarece Marise.

O diagnóstico feito pelo médico é essencialmente clínico, quadro do paciente é relacionado ao exame físico das fossas nasais, e, eventualmente, é feita uma radiografia dos seios da face. Os métodos diagnósticos principais são: história clínica do paciente, exame clínico, uma endoscopia nasal com ótica e tomografia computadorizada.

– No exame físico o médico pode encontrar hiperemia da mucosa, secreção catarral purulenta e drenagem pós-nasal, ou seja, ao examinar o paciente, o médico vê que está drenando catarro por trás. A radiografia dos seios nasais não fornece muitos dados; serve mais para mostrar ao paciente que ele realmente está com sinusite, do que propriamente para o diagnóstico –, afirma a médica.

Assim como é difícil prevenir uma gripe ou uma infecção bacteriana, não existe de fato uma forma de prevenção contra a sinusite. Mas é possível tomar algumas atitudes que diminuam sua freqüência e gravidade. Uma boa toalete nasal, retirando restos celulares, de bactérias e fungos mortos, a fim de manter o nariz limpo e evitar maiores infecções.

Formas de tratamento

– O tratamento para as infecções agudas é feito com antibióticos. Normalmente o médico faz dosagem empírica com a penicilina. O tratamento das sinusites crônicas, em sua grande maioria, é cirúrgico, orientado de acordo com o diagnóstico do paciente –, esclarece Marise.

Entretanto, é necessário estar atento. Às vezes o paciente acredita estar com sinusite mas, na verdade, seu problema deriva de outras causas não relacionadas a ela; talvez doenças alérgicas, problemas nasais (como desvio de septo), entre outros.

– Existem algumas alterações anatômicas do nariz que causam dor, e podem ocasionar alguma dificuldade de drenagem. A dor pode ser devida à área de contato ou à diferença de pressão; o que se chama de barosinusite. O seio da face precisa ter uma ventilação constante e, se houver alguma coisa interrompendo essa circulação, o paciente pode ter dor. Assim, a dor pode ter origem nasal, enquanto a sensação é de dor nos seios da face. É importante destacar que a sinusite e a obstrução nasal têm cura. Dessa forma, o tratamento correto e a adesão do paciente são de fundamental importância para que a doença seja vencida –, conclui a médica.