• Edição 101
  • 04 de outubro de 2007

Argumento

UFRJ realiza programa de apoio à família


Clarissa Lima

O projeto “A família como unidade de serviço em um programa de atenção à saúde da comunidade” desenvolvido pela Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN), da UFRJ, desde 1997, atende à clientela com foco no contexto familiar. É formado por quatro professores doutores, além de seis bolsistas PIBEX (de Extensão) e um recém-incorporado doutorando. O grupo presta serviços às famílias da comunidade Vila Residencial, situada dentro da Ilha da Cidade Universitária, no Fundão.

A equipe envolvida no projeto visita as casas das pessoas, conhece suas realidades, situações e busca linhas de ação contribuintes para a resolução dos problemas. “Nós trabalhamos o indivíduo numa visão holística, dentro de sua família”, define a professora doutora Regina Célia Gollner Zeitoune, vice-diretora da EEAN e uma das coordenadoras do projeto.

Ela também destaca, nesta vila ocupada por funcionários, ex-funcionários e até mesmo por pessoas sem vínculo algum com a Universidade, carências reais que devem ser supridas. Contudo, por ser pequena (há na comunidade cerca de 350 moradias e, no máximo, 2.500 habitantes) e desconhecida, não há muitos projetos que concorram para a promoção de vida e melhoria das condições da área.

Segundo Regina Célia, a opção pela comunidade ocorreu não apenas por necessidade da Vila, mas também da própria Escola de Enfermagem. “Os alunos precisam de campo para exercer suas atribuições e desenvolver suas capacidades, e a Vila, por sua vez, carece em infra-estrutura, saneamento básico e serviços de saúde. Por isso, a importância de projetos atuantes nesta direção. Este trabalho é uma via de mão dupla: nós fornecemos nossos serviços, eles nos oferecem campo para desenvolver ensino, pesquisa e extensão, fundamentais à instituição. O processo de aprendizado junto à comunidade é essencial na formação do enfermeiro”, enfatiza a coordenadora.

Ela explica, também, porque o programa é realizado exclusivamente nesse local: “Nosso trabalho está restrito à Vila Residencial, primeiramente, por não termos recursos para atuar em diversas comunidades. Há outros aspectos também relevantes: o baixo índice de violência na Vila e sua pouca visibilidade. Acredito que, antes de ‘vestir o santo’ dos outros, devemos vestir o nosso primeiro – ou seja, devemos fazer um trabalho efetivo dentro de nosso ambiente, para depois poder ampliar nossa projeção”.

Nos últimos anos, contudo, somaram-se ao projeto apoios consideráveis. Em 2005, a Pró-reitoria de Extensão da UFRJ (PR-5) concedeu bolsas PIBEX. Este ano foi a vez do Governo do Estado do Rio de Janeiro iniciar uma parceria. Com isso, a vice-diretora vê com otimismo esta combinação: “A partir de agora, poderemos ampliar nosso raio de atuação e teremos mais recursos financeiros disponíveis para executar o projeto”. Outras unidades estão também auxiliando no programa, os institutos de Psiquiatria e de Nutrição. Entretanto, a doutora indica a importância da participação dos demais centros de ensino no programa, em especial aqueles inseridos na área de saúde: “Temos nossas limitações. É preciso contar com o apoio de outras unidades para um trabalho mais efetivo, do contrário, só poderemos constatar os problemas, sem resolvê-los.”

Por fim, Regina Célia acrescenta, a comunidade merece maior atenção da UFRJ, mas não apenas de forma unilateral, de apoio à Vila, mas também como possibilidade de extensão do ensino. A presença do grupo na Semana de Ciência e Tecnologia no Hangar, da Ilha da Cidade Universitária, objetiva, assim, divulgar este trabalho e as necessidades da Vila Residencial. Para quem se interessa por conhecer a comunidade e desenvolver atividades de apoio, é uma boa oportunidade.