• Edição 101
  • 04 de outubro de 2007

Ciência e Vida

Novos fármacos prometem atenuar a enxaqueca

Monique Pereira da Agência UFRJ de Notícias / Praia Vermelha

A enxaqueca, conhecida popularmente como dor de cabeça, é um subtipo básico dentre as mais de 150 espécies distintas de cefaléia. Ela é caracterizada pela origem hereditária e pela maior incidência no sexo feminino após a puberdade.

Os sintomas vão desde a dor de cabeça propriamente dita, a bocejos freqüentes, irritabilidade, perda da capacidade de concentração e raciocínio, diarréia, desejo exagerado por algum alimento ou aversão total, desconforto abdominal e palidez. Porém é importante salientar, “a enxaqueca, apesar de ser o caso mais comum de dor de cabeça, deve ser vista como doença”, como afirmou o doutor Abouch Krymchantowski do Centro de Avaliação e Tratamento da Dor de Cabeça, coordenador técnico do Instituto de Neurologia Deolindo Couto da UFRJ.

Drogas também previnem

Segundo o médico, atualmente os estudos sobre a enxaqueca revelaram que o desenvolvimento da dor está diretamente ligado a neurotransmissores do próprio cérebro. Devido a esse fato, surgiram estudos experimentais com drogas atuantes nessas substâncias ou em suas receptoras, as neuromoduladoras. “O topiramato e o divalproato de sódio, drogas que modulam as atividades do cérebro e atuam em vários sistemas neurotransmissores diferentes, ao mesmo tempo, têm sido utilizadas com sucesso no caráter preventivo”, declarou Abouch.

Trexima: alívio rápido também para cardíacos?

Considerando os indivíduos precavidos, mas mesmo assim atingidos pela doença, Krymchantowski garantiu, em breve uma nova droga será lançada, por enquanto nos Estados Unidos; originada de uma combinação de triptanos com anti-inflamatórios. “Esse conceito foi originalmente sugerido por mim e publicado no mundo inteiro, mas a Trexima — novo fármaco — foi patenteada pelo laboratório americano Pozen”, protestou o especialista.

A droga recém criada impede a liberação de substâncias contribuintes para a dor de cabeça latejante. Suas vantagens estão em reduzir a inflamação e aliviar rapidamente a dor de cabeça. Além disso, estuda-se a possibilidade real da substância ser usada em indivíduos com problemas cardíacos. A chegada da Trexima ao mercado brasileiro está prevista para 2008, contanto que o governo americano libere a produção ainda este ano.

Alerta

Preocupado com a incidência anormal de casos de enxaqueca no Brasil, Abouch Krymchantowski, alertou a população sobre a auto-medicação indiscriminada. Segundo o médico, a enxaqueca é uma doença progressiva, isto é, possui caráter evolutivo e gradual, portanto jamais se deve tomar analgésicos mais de duas vezes por semana. “A prática popular da ingestão de medicamentos considerados usuais, sem consulta, tem alcançado proporções epidêmicas”, lamentou Krymchantowski. “Em um simples caso de enxaqueca o resultado é a dor de cabeça aumentar e se tornar diária”, completou o especialista.