• Edição 099
  • 20 de setembro de 2007

Cidade Universitária

Projeto Florescer pronto para novos desafios


Marcello Henrique Corrêa

Em mais um ano de existência, o Projeto Florescer chega a mais uma formatura com a sensação de dever cumprido. O curso de 2007 para adolescentes encerra-se no final de novembro e promete uma boa colheita de jardineiros, paisagistas e, principalmente, cidadãos. O projeto, organizado e realizado no Horto da Prefeitura Universitária, já tem três anos e, além de ensinar técnicas de jardinagem, aborda temas relacionados ao meio ambiente e à cidadania.

A turma contou com 26 alunos, dos mais diversos pontos da cidade, com forte presença de moradores de comunidades do entorno da ilha universitária. Para Beatriz Emilião Araújo, diretora do Horto da Prefeitura Universitária da UFRJ, esse grupo apresentou um forte potencial para o trabalho. “Os alunos são muito determinados, tiveram bastante empenho no trato com as plantas”, comenta Beatriz.

O interesse para este trabalho, aliás, é um dos critérios para a seleção dos alunos. Além disso, é fundamental o adolescente, a partir dos 15 anos, estar estudando, preferencialmente cursando o Ensino Médio. Segundo a diretora, que também ministra aulas, algumas disciplinas são difíceis de serem acompanhadas sem essa base. Entretanto, para Beatriz, a falta de escolaridade não é um empecilho. “Muitos jovens chegam aqui com 15 anos e ainda na quinta série, no Ensino Fundamental. É mais difícil, mas se houver o interesse damos uma ajuda. As aulas em grupo ajudam”, diz a professora, frisando ser essencial o aluno estar matriculado em uma escola, independente da série.

Devido às dificuldades escolares, Beatriz explica que o projeto não pode selecionar os jovens por processos avaliativos comuns, como exemplo, uma prova. “A idéia não é eliminá-los com esse critério. Alguns alunos apresentam até dificuldade de leitura”, afirma. A idéia é não excluir e, para a diretora, seria ideal um projeto em multiplicação. Uma das idéias é a aderência de alunos e formandos de Biologia, por exemplo, capazes de coordenar aulas em outros locais.

De qualquer forma, o curso já oferece um leque bem amplo de atividades. Além das aulas, o Florescer conta com palestras e oficinas de voluntários, como professores da Universidade e especialistas diversos de instituições como a Polícia Militar e a Petrobrás, apoiadora desde o início, doadoras desde camisetas a ferramentas para as práticas.

As aulas não se restringem a técnicas de jardinagem. Os alunos, além de assistir palestras e fazer oficinas de conscientização do meio ambiente, aprendem a gerar renda com as técnicas ensinadas no curso. “As oficinas com garrafas PET, por exemplo, ensinam a criar arranjos, transformados em enfeites para festas de aniversário e, enfim, produtos para negócio e comércio”, conta Beatriz.

O curso oferece também passeios por hortos e jardins, proporciona aos alunos um contato com a futura profissão. “Em um passeio no Jardim Botânico, por exemplo, podemos mostrar a semente ou a muda com que trabalharam e sua transformação em árvore de grande porte”, comenta Beatriz. Os futuros jardineiros podem observar também, nesses locais, exemplos de projetos paisagísticos além de aprenderem a lidar com custos e organização de um horto.

O projeto Florescer já se prepara para um novo ano. As inscrições para a próxima turma poderão ser feitas a partir de janeiro de 2008. As aulas seguirão esse mesmo modelo, de maio a novembro, bem sucedido na opinião da diretora. “Conseguimos conciliar palestras e aulas durante todo o período letivo e oferecer mais experiências para os alunos”, finaliza.