• Edição 097
  • 10 de setembro de 2007

Saúde e Prevenção

Descuido com a higiene na área dos olhos pode causar terçol

Julianna Sá

O hordéolo externo, o popular terçol, atinge um número expressivo de pessoas e é um problema bastante incômodo e desconfortável. Não só por atingir a região sensível dos olhos, por causar estranhamento estético na face mas, principalmente, por provocar dor. A causa é uma infecção das glândulas Zeis, produtoras de gordura, situadas à borda das pálpebras, próximas aos cílios, por isso o terçol não deve ser tocado pela pessoa infectada, já que coçar a região pode disseminar o problema, de um olho para outro, inclusive.

Patologia de fácil tratamento, em geral, o terçol pode ser agravado por tensões pessoais. “Observo nos atendimentos pessoas que vivem situações de grande estresse a tendência para um quadro mais complicado e agudo de terçol, já em pessoas cujos hábitos são mais saudáveis e a vida um pouco mais tranqüila, o quadro pode se desenvolver de forma mais amena”, explica Luciano Gonçalves, professor adjunto de Oftalmologia da UFRJ e fundador do Serviço de Oftalmologia do IPPMG/ UFRJ.

No entanto, o excesso de oleosidade da pele somado à presença de bactérias é mesmo o principal fator para o surgimento do terçol. “Quando as glândulas de Zeis são infectadas por bactérias habitantes da pele das pálpebras, estas ficam edemaciadas pela infecção, apresentam conteúdo purulento, têm aumento de volume e adquirem aspecto avermelhado, que se estende à pálpebra adjacente”, explica Luciano Gonçalves.

Outros fatores também afetam o terçol, são exemplo os problemas de visão, como a hipermetropia e o astigmatismo. “Quando a reincidência do problema é freqüente, devemos observar não somente o terçol, mas a pessoa infectada. Pacientes com astigmatismo e a hipermetropia precisam fazer esforço para enxergar e a contração muscular palpebral pode favorecer a obstrução das glândulas. Problemas de visão não são causas, a bactéria é o fator determinante, mas representam um fator propiciador”, explica o oftalmologista.

Na adolescência, quando a alteração hormonal é grande, e durante o verão, quando o calor favorece a oleosidade da pele, a incidência pode ser maior, apesar do problema afetar de crianças até idosos. Resíduos de maquiagem também podem favorecer o surgimento do terçol. Portanto é preciso cuidados com a higiene do rosto, principalmente na área próxima aos olhos. 

Em princípio o terçol tem duração de cinco dias, pode causar muita dor e inchaço, embora os cuidados sejam simples devido à resposta positiva ao uso de compressas quentes, muitas vezes dispensando medicação. “Esta é uma infecção auto-limitada e responde bem ao uso de calor úmido, pelo menos de seis em seis horas”, garante o professor. A ação do calor faz surgir um ponto amarelado por onde será drenado o conteúdo purulento da cavidade infectada, assemelhado a uma espinha. No entanto, recomenda-se não espremer o terçol, há risco de piorar o quadro da doença. “A drenagem ocorre normalmente e é recomendável o uso de água boricada a 3% para limpar a secreção”, encerra Luciano Gonçalves. No caso de uma longa duração ou repetidas da ocorrências, é importante procurar um oftalmologista para tratamento. Alguns casos específicos necessitam também de pomadas antibióticas e de administração de analgésicos e outros medicamentos com ação antiinflamatória.