• Edição 094
  • 20 de agosto de 2007

Microscópio

II Congresso Brasileiro de Enfermagem Pediátrica e Neonatal


Priscila Biancovilli

Entre os dias 4 e 6 de outubro, a Sociedade Brasileira de Enfermeiros Pediatras (SOBEP), em parceria com a Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN), realizará o II Congresso Brasileiro de Enfermagem Pediátrica e Neonatal. Neste ano, o tema central do evento é “O cuidado na infância e adolescência: retratos da prática de enfermagem”. Pretende-se debater sobre o cuidado neonatal e pediátrico, a inclusão da família nos cuidados de enfermagem e a tecnologia que pode ajudar crianças com necessidades especiais de saúde, entre outros assuntos.

O congresso acontecerá simultaneamente ao 3º Seminário de Saúde da Criança e do Adolescente, organizado pelo Núcleo de Pesquisa de Enfermagem em Saúde da Criança (NUPESC) da Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN). Ivone Evangelista Cabral, presidente do evento, explica que “a idéia de juntar os dois eventos com a mesma temática é congregar esforços, facilitar a divulgação e promover a universidade de maneira mais eficiente. O congresso brasileiro acontece a cada cinco anos, e o seminário local, a cada quatro. Geralmente, costuma-se organizar os eventos locais e nacionais ao mesmo tempo”, explica a professora.

A meta do evento é atrair 450 enfermeiros pediatras, inclusive sócios da SOBEP. Dois convidados internacionais participarão do congresso: Franco Carnevale, da McGill University, no Canadá, e Michel Perreault, da Universidade de Montreal. Os assuntos abordados por eles serão “Retratos da Prática de Enfermagem Pediátrica Canadense no Sistema Nacional de Saúde” e “Dimensão sociológica da família no assistir/cuidar de crianças”, respectivamente.

Por que discutir a enfermagem pediátrica e neonatal? Para Ivone, a “problemática da saúde da criança e adolescente no Brasil ainda é grave. A taxa de mortalidade infantil (até 5 anos) é de 19,5 para cada 1000. O período neonatal (primeiros dias de vida) representa 50% desta taxa. Isto se deve à baixa qualidade do pré-natal, ao alto índice de cesarianas — algumas vezes realizadas em condições precárias —, e ao atendimento ruim no parto e nascimento.”

Entretanto, nem tudo está perdido. De acordo com Ivone, o programa nacional de vacinação infantil brasileiro é bem estruturado e serve de exemplo para outros países. O atendimento básico de saúde infantil também é bom, na sua opinião. Isto reflete em índices de mortalidade menores entre crianças acima de um ano.

Outro propósito do congresso é estabelecer consensos de prática, baseados em evidências científicas. “O cuidado nos hospitais está muito centrado no modelo médico. Há uma tendência mundial, recomendada pela OMS, de desenvolver uma abordagem de cuidado centrada na criança e na família”, explica a professora. Este é um método inclusivo, que pretende aumentar a interação entre os familiares e os profissionais de saúde. Com a alta hospitalar, a criança necessita continuar seu tratamento em casa, e a família deve oferecer os cuidados corretos. Portanto, é função do médico não apenas tratar do enfermo, mas sim oferecer condições para que sua convalescência em casa aconteça da melhor maneira possível. “Hoje, o cuidado nos hospitais está muito centrado no modelo médico. Este novo método também permite que a família autorize procedimentos de forma consciente, sabendo dos prós e contras”, atesta Ivone. Um tema relacionado a este, que também será discutido no evento, é a promoção da educação em saúde em comunidades, escolas e hospitais, não apenas para a família, mas também para a própria criança.

A estrutura do evento é composta por conferências de abertura, na manhã, seguidas por mesas-redondas e sessões coordenadas, sobre diversos temas. Além disso, cerca de 280 trabalhos serão expostos em sessões-pôsteres.

Uma curiosidade está na maneira como a divulgação do congresso vem sendo executada. “Tivemos a preocupação em fazer tudo o mais ecologicamente correto possível. Os cartazes foram feitos com papel reciclável, e toda nossa comunicação é on-line, para evitar desperdício de materiais. Não vamos distribuir folders com a agenda do evento, mas sim deixá-los numa tela”, antecipa Ivone.

Mais detalhes do evento podem ser encontrados em http://www.cbepnrj.com.br/.