• Edição 094
  • 20 de agosto de 2007

Cidade Universitária

Episódios lamentáveis culminam na proibição de chopadas na UFRJ


Julianna Sá

No dia 22 de junho a realização de mais uma chopada no campus da Ilha Universitária resultou num ato de violência lamentável: a agressão do estudante de Letras Vitor Rebello Ramos. O caso, com ocorrência registrada no 37º DP da Ilha do Governador, está longe de figurar uma exceção. Trata-se de mais uma, dentre as muitas ações de violência, desrespeito e vandalismo que acontecem ao longo da realização das chopadas no campus da universidade. O ato, que não foi comunicado nem pelo estudante agredido, nem pela comissão realizadora da festa, à Divisão de Segurança da Prefeitura da UFRJ (DISEG), acarretou, junto ao relato de outros casos, na proibição desses eventos de natureza não acadêmica.

Um porre de felicidade. Esse talvez fosse o objetivo dos estudantes recém ingressados na universidade na popular festa que reúne calouros e veteranos a cada semestre: a chopada. No entanto, parece que os jovens excedem a alegria, aumentando os números negativos da festa, com queixas cada vez mais graves.

— Em 2005 aconteceram diversos problemas com as chopadas, que eram realizadas nos principais prédios do campus. Em uma delas, no CCS, um aluno bebeu demais, entrou no prédio, invadiu um laboratório e jogou equipamentos, como computadores, pela janela. Houve também depredação de banheiros em 2003. No prédio da reitoria, uma chopada de alunos da EBA ocasionou a destruição de pontos de ônibus e alguns veículos tombados e depredados, ou seja, diversos problemas dentro dos prédios – exemplificou o prefeito.

A confraternização, que antes tinha o intuito de integrar e divertir os estudantes, ganhou caráter de grande evento, atraindo um público diversificado num ambiente com muita bebida, mas pouca segurança e organização. Em 2006 algumas medidas foram tomadas com a intenção de reduzir tais problemas. O Conselho Superior de Coordenação Executiva (CSCE) recomendou ao reitor que proibisse as chopadas nos prédios, realocando-as. O espaço reservado, então, para a realização do evento foi o antigo campo de aeromodelismo, ao lado do CEPEL. Porém, o problema persistiu.

– Em um ano aconteceram outros tantos episódios de violência e mais uma prova de desorganização. Uma chopada da enfermagem contratou segurança com policiais civis que, durante uma briga, deram tiros pro alto, chegando a chamar o “caveirão”, que veio ao campus. Agora, esse ano, houve na chopada “caninha” a agressão do aluno de Letras, que deu queixa na delegacia da Ilha do Governador e depois fez exame de corpo de delito. Por isso, o Ministério Público tem cobrado do reitor uma solução quanto a esses eventos de recorrente violência.

Com a mudança do local das chopadas pretendia-se evitar o descontrole do evento, exigindo dos organizadores maior atenção com alguns quesitos indispensáveis para todos – universidade e alunos. A Prefeitura Universitária foi encarregada de agendar o uso do local e, através de um “termo de compromisso”, garantir que a organização das festas assumisse questões de segurança e preservação do patrimônio público, estacionamento de veículos, limpeza do local após o evento, utilização de equipamento de som e parte elétrica.

– Não se trata de um evento acadêmico e, por isso, a universidade não deve arcar com a realização do evento. O campus não dispõe de um efetivo de segurança para a realização das chopadas, o que favorece inúmeros roubos. Além disso, a organização dá conta de garantir o estacionamento para os veículos, que acabam ficando no meio da rua dificultando o trânsito. Chegamos também a solicitar a contratação de uma UTI móvel que ficasse próximo ao local de realização, mas esse pedido, como os outros, não foi atendido. Os alunos continuam sem atendimento imediato, sobrecarregando as emergências dos hospitais da região – explica o professor Hélio de Mattos.

Além das questões relatadas pelo prefeito, a limpeza do local também não é atendida pelos estudantes. A área do antigo campo de aeromodelismo, de cerca de 20mil m2, no dia seguinte a chopada, chega a gerar um gasto de quase mil reais para a universidade, no que diz respeito à limpeza.

Com todos esses casos, não é possível continuar cedendo o espaço da universidade aos estudantes. Através de um comunicado do Prefeito da Cidade Universitária, o professor Hélio de Mattos, ao Conselho Superior de Coordenação Executiva (CSCE), foi deliberado que esse tipo de evento está suspenso, ou seja, proibidos de acontecer no campus da Ilha Universitária.