Um grupo de discussão se reuniu na 4.a Conferência Internacional de Patogênese, Prevenção e Tratamento da Aids, em Sydney, Austrália, para debater métodos alternativos, tendo como foco principal a circuncisão masculina. O pesquisador, Dr. Mauro Schechter, professor titular de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da UFRJ, defendeu o método como alternativa até mesmo no Brasil. O especialista ainda criticou o modelo brasileiro de pesquisa, chamando-os de "corpos e braços", em referência ao fato de pacientes doarem sangue para pesquisas e não terem a chance de conhecer estudos de forma mais profunda.
O grupo foi formado por especialistas da área da África do Sul, Austrália, Estados Unidos, Tailândia e Brasil.
O Dr. Mauro Schechter, durante sua fala, defendeu o Brasil diante de uma crítica de um pesquisador na platéia de que o país demora demais em processos burocráticos para aprovar novas drogas e também estudos. "Mesmo com todas as dificuldades, não significa que deixamos de trabalhar", rebateu.
Depois comentou que o método brasileiro de pesquisas não permite a aproximação de ativistas ou pacientes de especialistas da área. "Temos a idéia de corpos e braços, é só sangue", disse, referindo-se ao fato das pessoas não conhecerem profundamente os estudos do qual participam como cobaias.
Depois, a discussão foi em torno da circuncisão masculina. Em entrevista à Agência de Notícias da Aids, Mauro Schechter defendeu até mesmo que o Brasil faça pesquisas nesta área. "Não temos pesquisa [na área], até hoje não conheço nenhuma intervenção [cirúrgica] que possa prevenir em 60%", alegou.
Durante a Conferência, uma estimativa dos Estados Unidos afirma que em um prazo de dez anos a circuncisão poderia evitar 20 milhões de novas infecções e 3 milhões de mortes na África subsaariana, se uma proporção substancial de homens fosse circuncidada.
Link original: http://www.agenciaaids.com.br/noticias-resultado.asp?Codigo=8006