• Edição 086
  • 21 de junho de 2007

Saúde e Prevenção

Dores na coluna atingem maioria da população adulta

Stéphanie Garcia Pires

A região lombar da coluna é responsável por suportar grande parte do peso corporal. Ao longo da vida, é também uma área largamente afetada, podendo evoluir para um quadro de lombalgia, problema cujas causas são inúmeras e que atinge cerca de 80% da população adulta no Brasil, segundo dados da Previdência Social. Neste percentual, está o grupo que já atingiu a terceira idade, a respeito do qual Antônio Vitor de Abreu, Chefe de Serviço de Traumato-Ortopedia do Hospital Clementino Fraga Filho (HUCFF/UFRJ), informou detalhes que auxiliam na prevenção.

– A situação é degenerativa, própria da faixa etária (que é de dores articulares), e de determinados tipos físicos, a exemplo de quem apresenta hiperlordose lombar. Pode ser também uma manifestação de herança genética em pessoas que sofrem com a patologia de discos vertebrais desde cedo (entre 20 e 30 anos de idade) e isso vai progredindo – esclarece o ortopedista.

Ele explica que a osteoartrose lombar é uma das principais causas da lombalgia em pessoas acima dos 60 anos. O problema surge geralmente a partir da degeneração do disco lombar, que pode vir associada com outras alterações na estrutura vertebral. Um dos efeitos é o estreitamento do canal lombar devido à hipertrofia dos ligamentos, comprimindo as raízes lombares – por isso, a dor.

Uma queixa comum entre os mais idosos, segundo o médico, é o que se denomina claudificação intermitente, situação limite da osteoartrose lombar, em que um forte incômodo na coluna e nas pernas limita o paciente a caminhadas curtas, sempre com intervalos para descanso.

Uma outra causa de lombalgia é a espondilolistese, que configura o escorregamento de uma vértebra sobre a outra, desestruturando a coluna e pressionando as raízes lombares. Porém, Antônio Vitor ressalva que a fratura patológica por osteosporose – ligado ao enfraquecimento da estrutura óssea – é uma situação mais freqüente entre os idosos, principalmente do sexo feminino, após a menopausa.

– Nesse período, as mulheres sofrem uma redução hormonal que prejudica a absorção de cálcio para manter os ossos fortes. Em alguns casos, a gravidade é tanta que a fratura ocorre com um trauma mínimo, quase que espontaneamente – detalha o ortopedista, destacando ainda que “o grande problema da osteosporose é ser uma doença silenciosa. A pessoa sente dores apenas depois da fratura. Por isso, o diagnóstico costuma ser tardio”.

Prevenções para a terceira idade

Antônio Vitor orienta que a prevenção ideal deve vir o quanto antes na vida, e é altamente recomendado, haja vista que os tratamentos de dores na coluna são naturalmente complicados e geralmente caros. Quanto mais avançada a idade, mais o problema lombar requer um tratamento multidisciplinar complexo, envolvendo ortopedistas, fisioterapeutas, endócrinos, entre outros.

De acordo com o especialista, principalmente a osteosporose deve ser prevenida mais na fase adulto-jovem, complementando as atividades físicas com uma alimentação rica em cálcio, legumes, derivados do leite. A medicação e o atendimento fisioterápico para esta patologia são caros, o que limita o acesso de grande parte dos pacientes, e eles acabam sofrendo mais de uma fratura no corpo vertebral.

– O que se observa são pessoas usando suas colunas sem se prepararem para o que vem depois. Por isso, desde cedo, é importante incentivar a prática de exercícios que trabalhem a estrutura muscular, em especial a região abdominal. Checar a presença de desvios na coluna, de curvas fisiológicas acentuadas e providenciar a correção. Pode-se recorrer ainda a fisioterapias específicas e a terapias alternativas, como o RPG e o pilates, que trabalha bem a musculatura vertebral, para a osteoartrose vertebral.

A prevenção na terceira idade, para quem não se cuidou tanto quando jovem também vai envolver um trabalho muscular. Hoje, explica o médico, no lugar da caminhada e da corrida, a melhor atividade física é a musculação leve, que permite um trabalho mais geral do corpo. Manter uma vida saudável que favoreça o fortalecimento dos ossos para a osteoporose – argumenta o ortopedista.

– Uma importante medida para a coluna lombar é trabalhar os músculos abdominais. Mas é difícil com os mais idosos, porque o tipo físico impõe limitações. Além disso, alguns desses pacientes reagem com certa resistência à idéia de se dedicar à ginástica.