• Edição 086
  • 21 de junho de 2007

Argumento

Projetos de expansão no CCS: a interdisciplinaridade é o alicerce


Kareen Arnhold - Agência UFRJ de Notícias – Centro de Tecnologia

Está em andamento uma política de expansão do Centro de Ciências da Saúde (CCS/UFRJ), que prevê novos espaços físicos a serem acrescentados à sua área, num total de 21 mil metros quadrados destinados a atividades de pesquisa, desenvolvimento tecnológico, ensino de graduação, pós-graduação e extensão.

Tal política abriga projetos arquitetônicos de construção de novas salas de aula, auditórios e laboratórios, que são desenvolvidos pela Escola de Belas Artes (EBA) e pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da UFRJ, coordenados pela arquiteta e professora da EBA, Patricia Lassance.

Um desses projetos prevê um bloco de 8300 metros quadrados - a ser instalado na fachada do CCS voltada para a Baia de Guanabara - específico para salas de aulas teóricas e/ou práticas, auditórios, lanchonetes, museu e espaço cultural. O projeto foi iniciado em maio de 2007, e ainda se encontra em estágio embrionário.

Um outro trabalho, já em fase de detalhamento, é o Fronteiras do diagnóstico e das terapias das doenças prevalentes no século XXI, que prevê a construção de 4500 metros quadrados, a serem ocupados por novas salas de aula, auditórios e principalmente laboratórios, com capacidade para abrigar, aproximadamente 800 pessoas, entre professores, alunos e funcionários.

Proposto por quatro unidades do CCS (os Institutos de Bioquímica Médica, Microbiologia Professor Paulo de Góes, Ciências Biomédicas e Biofísica Carlos Chagas Filho), o projeto – apelidado de Fronteiras –, ao idealizar laboratórios que atendam ao interesse de várias áreas da saúde, coloca em evidência uma característica que lhe é essencial, a interdisciplinaridade:
– Seu caráter singular, marcado pelo traço multi-institucional, acabou por gerar uma dinâmica verdadeiramente universitária, associada à participação ativa e criadora – afirma a coordenadora do projeto arquitetônico, professora Patrícia.

Projeto Fronteiras

Iniciado em julho de 2006, o Fronteiras caracteriza-se como um trabalho completamente feito dentro da universidade, visto que todo o aparato necessário de recursos técnicos e produção científica vem de diversas unidades da UFRJ.

Em um trabalho conjunto, essas unidades atuam desde a investigação geofísica da área na qual o prédio será construído (analisada pelo Instituto de Geociências do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza-CCMN) até o arranjo dos fios elétricos e a parte hidráulica e de esgoto - feito pelos Departamentos da Escola Politécnica (Poli), de Engenharia Elétrica (DEE/Poli) e Construção Civil (DCC/Poli), respectivamente.

Os projetos arquitetônico, paisagístico e de programação visual, coordenados por professores da EBA, também avaliam a possibilidade de novas técnicas ambiental e economicamente viáveis, como o sistema de aproveitamento de águas pluviais, desenvolvido pelo Departamento de Recursos Hídricos e do Meio Ambiente (DRHIMA-Poli-CT); e a utilização de novos materiais produzidos pela Escola de Química (EQ) e pelo Instituto de Macromoléculas Professora Eloisa Mano (IMA).

Um desses materiais é o imawood. Desenvolvido pelo IMA, o produto é uma espécie de madeira plástica feita de material reciclado, que pode substituir a madeira natural em vários usos. Ele será aplicado no prolongamento do Bloco H, como brise soleil, uma estrutura que permite a circulação de ar, mas impede a incidência direta dos raios solares, tornando o ambiente agradável, além de funcionar como um sistema de segurança, em que as palhetas são dispostas de forma a constituir uma espécie de grade.

Para Patrícia, a importância de se utilizar produtos desenvolvidos pela comunidade universitária vai além do fato de divulgar sua qualidade e eficácia. De acordo com ela, este material ainda servirá como referência para os estudantes: “além de ser um prédio de laboratórios (que atende ao CCS), é um prédio laboratorial, em que os alunos irão ver como as coisas e os recursos aqui implantados funcionam”.

Outra característica peculiar do projeto é o fato de ele ser feito por estudantes, os quais, embora orientados por professores, trabalham de verdade e colocam em prática o que foi ensinado nas salas:

– A viabilização desse projeto, com a participação de diversas unidades, ganhou uma vertente didático-pedagógica através da vinculação a disciplinas da graduação, engajando professores e estudantes em sua elaboração e detalhamento e abrindo uma possibilidade de contato com a sua prática profissional.

Previsto para terminar até o final de agosto deste ano, bastará vencer os problemas de financiamento e as burocracias para que o prédio saia do papel e integre o cenário da cidade universitária.