• Edição 084
  • 06 de junho de 2007

Saúde e Prevenção

Brasil em 3° lugar no ranking de câncer de pênis

Stéphanie Garcia Pires

A atual campanha organizada pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), tendo o ex-jogador de futebol Zico como porta-voz, chama a atenção para o problema do câncer de pênis. Luis Carlos de Miranda, chefe do Serviço de Urologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF/UFRJ) alerta para um dado que torna esta manifestação tão importante: o Brasil aparece em terceiro lugar entre os países com maior incidência desta doença, atingindo cerca de três mil homens. Segundo dados da SBU, o registro nacional de casos graves tem aumentado 10% ao ano.

O câncer de pênis está diretamente associado a uma má higienização do membro e a doenças sexualmente transmissíveis (DST) que, se não tratadas, podem evoluir para um nível cancerígeno tanto no homem quanto na mulher – com o câncer de colo de útero, por exemplo.

Luis Carlos justifica que “o motivo que leva a situação no Brasil a ser tão preocupante é principalmente a desinformação da maioria da população, que desconhece medidas preventivas simples, como uma limpeza adequada da região peniana”. Segundo o urologista, o país sofre ainda com o agravante da falta de recursos, da precariedade das unidades hospitalares. “Muitos homens que não conseguem um aconselhamento médico especializado acabam recorrendo a tratamentos caseiros – jogam pó de café nas feridas, álcool, etc, o que na verdade pode piorar a irritação no pênis” – argumenta o médico.

Ele afirma que este tipo de câncer atinge jovens adultos com a vida sexual ativa. “Os primeiros indícios do problema são pequenas lesões na pele do pênis, principalmente na região da glande. Essas feridas não cicatrizam e acabam formando uma úlcera, que tende a evoluir para um estágio cancerígeno” – esclarece o chefe de serviço.

O segredo para a cura é o mesmo para a maioria das doenças, o diagnóstico precoce. Quando o caso é percebido em sua fase inicial a chance de êxito no tratamento é muito maior. “O procedimento pode ser simples. Retiramos a lesão e pronto. Porém, quando os ferimentos já estão profundos, o tratamento se torna mutilante, inclusive sendo necessária a amputação parcial ou total do membro” – explica o médico, acrescentando, ainda, que há uma média de cinco a dez casos por ano que chegam ao HUCFF em estágios dramáticos.

A mensagem do urologista é que esses jovens adultos façam o auto-exame, mas alerta que a avaliação superficial do pênis não é suficiente, porque 90% dos tumores acontecem abaixo da pele e quando se exteriorizam a situação já está mais grave.

- É necessário retrair a pele do pênis totalmente para trás a fim de fazer sua higienização correta. Qualquer dificuldade nessa retração já é um bom motivo para procurar o médico especialista e iniciar as primeiras providências – conclui Luiz Carlos.