• Edição 084
  • 06 de junho de 2007

Notícias da Semana

“Atividade Física e o ar que Respiramos”

Priscila Biancovilli

No dia 5 de junho, dentro do ciclo de debates Química e Esporte para Poetas, a Casa da Ciência recebeu os professores Armando Alves de Oliveira, coordenador de extensão da Escola de Educação Física e Desportos (EEFD) e Cássia Curan Turci, do Instituto de Química (IQ). Cássia iniciou sua palestra lembrando que nesta data comemora-se o dia mundial do meio ambiente e ecologia. Daí a importância de uma reflexão acerca dos problemas ambientais do planeta. A professora comentou sobre o desenvolvimento da atmosfera terrestre, sua composição, e também alertou sobre os riscos da radiação ultravioleta para a saúde. “A exposição excessiva aos raios ultravioletas – UVA, UVB e UVC – pode causar grandes malefícios, como queimaduras, câncer e foto-envelhecimento”.

Além disso, Cássia também explicou sobre a poluição do ar e as principais classes de poluentes. Alertou, ainda, para a importância da preocupação com a qualidade do ar em ambientes fechados, como escritórios, fábricas, residências e áreas hospitalares. “A poluição do ar interior pode causar alguns problemas de saúde, como tosse, conjuntivite e garganta seca. Se nos expusermos ao mesmo ambiente por muitos anos, os problemas podem ser ainda mais graves, como câncer e problemas imunológicos. Portanto, quando se fala em poluição do ar, devemos levar em conta sempre dois fatores: ao ar externo e o interno. Isso acontece porque passamos boa parte do nosso tempo em ambientes fechados”, afirma a professora.

O professor Armando Alves iniciou sua fala com uma reflexão sobre a importância do ar, aproximando a atividade física do meio ambiente: “A boa relação do homem com o meio ambiente garante a qualidade de vida”. Além disso, o professor explicou a função da respiração e do processo cardiorrespiratório, e citou algumas possíveis alterações do sistema respiratório, como hiperventilação, dispnéia, segundo fôlego e pontada no flanco. Armando comentou sobre a poluição nas grandes cidades, afirmando que aproximadamente 1,5 bilhão de pessoas vivem em cidades com baixa qualidade do ar.

O próximo debate do ciclo Química e Esporte para Poetas será dia 12 de junho, às 18h30, com o tema “O mar não está pra peixe - Meio água e esporte”. Participam da mesa os professores Delmo Vaitsman, do IQ, e Jaider de Oliveira Freitas, da EEFD. A Casa da Ciência fica na Rua Lauro Muller, 3 – Botafogo.


Falta política de gerenciamento para catadores de lixo

Kareen Arnhold, da Agência de Notícias UFRJ – Base CT

Num momento em que tanto se discute a respeito de reciclagem de lixo no país – principalmente em instituições públicas federais, que devem obedecer ao Decreto 5940 do Governo, em que consta a obrigatoriedade destes setores em implantar tal sistema em seus espaços – a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) deu voz a atores importantes neste processo: os catadores.

Encerrando as mesas de debate da I Semana do Meio Ambiente do Centro de Tecnologia (CT/UFRJ), no dia 5 de junho, a discussão foi sobre a implantação do Decreto na visão das cooperativas e dos catadores autônomos. Mediada pelo professor da Coppe, Michel Jean-Marie Thiollent, estiveram presentes Luis Santiago (Cootrabom), Luis Fernandes - Coopama (vice-presidente da Febracom) e Luis Bispo (morador da casa flutuante), localizada no Canal do Cunha.

Os palestrantes colocaram a importância do Decreto, visto que ele disponibiliza, diretamente para as cooperativas de catadores, grande quantidade de material. No entanto, em consenso, eles ressaltaram que a lei federal, apenas, não basta para melhorar a situação dessas pessoas que vivem do lixo.

– O que falta não é só o material; faltam recursos para as cooperativas, que precisam de espaço para triagem e falta remuneração para o catador, que não se sustenta apenas com o recolhimento, declara Luis Fernandes.

Em concordância com Luis Fernandes, o técnico de incubação da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da UFRJ (ITCP), Gustavo Portela, falou da necessidade de uma política de gerenciamento de lixo para as cooperativas de catadores, que constaria de um grupo permanente cuidando do gerenciamento desses resíduos desde o início, de forma a baratear o processo e agregar valor ao produto:

- Política de gerenciamento de resíduos não é apenas as cooperativas virem aqui e pegarem o material que está sendo descartado e levar; é elas poderem fazer todo o trabalho de separação desse lixo, desenvolvendo métodos de coleta adequados, o que valorizaria o produto final.

Esta política de gerenciamento hoje é feita por empresas privadas especializadas – com exceção da coleta de lixo das residências, feita pelo município. O que se propõe é a abertura desse mercado também para a atuação das cooperativas. No entanto, elas precisariam de capacitação, como a que é oferecida pela ITCP, que fornece assessoria técnica em termos de viabilidade econômica e cooperativa para estes grupos, de forma que eles possam se tornar empreendimentos auto-sustentáveis.

Auto-sustentabilidade, aliás, é a marca do catador autônomo Luis Bispo, morador da casa flutuante, construída por ele próprio, com objetos retirados do meio ambiente. De acordo com sua política de que “não existe imprestabilidade na lixeira”, ele tem atraído muitos olhares para sua inesperada construção.

Sustentada por um material flutuante encontrado na Baía de Guanabara (constituído por garrafas PET e isopor), além de dar visibilidade à questão do assoreamento do Canal do Cunha, é através da Casa Flutuante que Bispo tem conseguido atrair a atenção da mídia e das autoridades para a questão do catador de lixo e da lama, que poluí, junto com outras substâncias, a Baía.

– A lama é um lixo apenas naquela localidade; em um local que esteja em processo de desertificação, se não for para a produção de alimento, ela poderia ser usada como adubo para mamona ou cana-de-açúcar para produção de álcool, por exemplo, aposta Bispo, que também pretende publicizar a lama quebrando um recorde mundial constado no Guiness Book: ficar enterrado por mais de 141 dias.


Atualidades em Fonoaudiologia

Stéphanie Garcia Pires

O auditório Halley Pacheco, no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), foi ocupado, no primeiro dia de junho, com aproximadamente oito horas de palestras que integraram o III Atualidades em Fonoaudiologia. O evento, organizado por graduandos em Fonoaudiologia da Faculdade de medicina da UFRJ, é uma tentativa de trazer ao público conhecimentos a respeito de novos campos de atuação da Fonoaudiologia, e mesmo de abrir espaço para a discussão de temas antigos sob uma abordagem diferente.

Alessandra Lapera, especializada em cirurgia ortognática, abriu a programação explicando a Fonoaudiologia Estética. Atendendo pacientes que sofrem com paralisia facial, cicatrizes de causas diversas, limitação de movimentos mandibulares, entre outros, a médica atenta para a questão de que “são pessoas que surgem nos escritórios, e não apenas faces. É preciso, então, perceber estes indivíduos, entender suas necessidades, fazê-los compreender todo o processo a que serão submetidos e saber admitir as limitações da atuação médica caso a caso”.

Felipe Felix, mestrando do Serviço de Otorrinolaringologia da UFRJ, e Patricia Ciminelli, coordenadora do Grupo de Zumbido do HUCFF, detalharam as características, as causas, as conseqüências e o tratamento do zumbido – um som que se origina no próprio ouvido ou na cabeça de todas as pessoas, mas que em alguns casos marca o primeiro sintoma de diversas doenças, tal como a diabetes, e pode vir acompanhado de depressão e crises de ansiedade.

Com o tema “Sotaques ou Oralidade? A diversidade dos falares do Brasil”, Domingos Sávio Ferreira, doutor em Lingüística/Fonética Experimental, apresentou sua pesquisa a respeito das maneiras do falar, e como isso pode ajudar a diferenciar as pessoas segundo o sexo, a idade, a escolaridade, o nível sócio-econômico e a origem de nascimento.

A seguir, o foco girou em torno das estratégias de remediação para pessoas com distúrbios de aprendizado, tal como problemas de leitura - a diferença deste trabalho em relação a outras terapias está em ser mais fechado, concentrado em objetivos específicos, com sessões determinadas para a necessidade individual do paciente. Em seguida, foram apresentados os avanços tecnológicos no treinamento auditivo. Esta etapa foi finalizada por Lídia Cardoso, coordenadora do laboratório de Neuropsicologia e Cognição da Faculdade de Medicina (FM - UFRJ), que discutiu a atuação prática com pacientes que sofrem com problemas de memória em razão de alguma lesão neurológica.

Na parte da tarde, especialistas da Fonoaudiologia, da Geriatria e da Fisioterapia argumentaram a questão do idoso, com indicações dos caminhos que devem ser adotados no tratamento desses pacientes. Antes, com o tema “Bilingüismo Ambulatório de Surdez da UFRJ”, Claudia Jacob, especialista em Psicopedagogia, acompanhada de outros professores atuantes na faculdade de Fonoaudiologia da UFRJ, refletiram acerca da atividade de profissionais da Saúde no ambulatório do HUCFF que, entre outras coisas, está sofrendo com a ausência de verbas para a manutenção qualitativa da equipe.