• Edição 081
  • 17 de maio de 2007

Saúde e Prevenção

Combate à flor da pele: Celulite é inimiga número um das mulheres


Julianna Sá

Ter o corpo delineado por belas curvas é vontade praticamente unânime entre o sexo feminino. Porém, a presença de outras formas de “curvinhas” na pele, não sendo o tradicional modelo desejado, representa um inimigo contra o qual as mulheres declaram verdadeira guerra. Se não está no foco dos problemas de saúde mais graves a serem tratados, no campo estético a celulite ainda configura uma das maiores preocupações para cerca de 90% das mulheres.

Os indesejados “furinhos”, cuja terminologia médica é Lipodistrofia Ginóide, são na verdade uma disfunção no metabolismo das células gordurosas, os adipócitos, e podem ter complexas e multifatoriais causas de origem, dividindo-se, basicamente, entre fatores de instalação e fatores agravantes. “Quanto aos fatores de instalação, podemos citar hereditariedade e variações endócrino-hormonais, tais como puberdade, gestação, menopausa e uso de pílula anticoncepcional. Dentre os fatores agravantes estão o sedentarismo, desequilíbrio alimentar e até mesmo o estresse, já que há liberação de cortizol”, explica Mônica Azulay, professora adjunta de dermatologia e chefe do Departamento de Dermatologia Cosmética do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF).

Divididas em quatro graus diferentes de severidade na formação, a celulite ocorre por conta de um aumento no tamanho das células gordurosas, acarretando a compressão da microcirculação local. Tais alterações são responsáveis, progressivamente, pelo endurecimento das fibras que ligam a pele à musculatura que se localiza abaixo da gordura e que separam as células gordurosas em grupos. A disposição dessas fibras é fundamental para explicar por que a celulite ocorre muito mais em mulheres do que nos homens.

- Na mulher, as fibras são retas e perpendiculares à pele, permitindo que, quando há um aumento dessas células, a gordura se insinue na pele assumindo um aspecto ‘em casca de laranja’. No homem, são dispostas de forma horizontal e quando a gordura aumenta, elas são direcionadas para baixo em direção ao músculo e não em direção à pele, como nas mulheres - complementa Mônica Azulay.

Apesar da grande incidência, os questionamentos sobre o modo de tratá-la também são muitos. O que se precisa é estar atento para o fato de que, ao contrário de outras anomalias na pele, como é o caso da estria, a celulite não tem cura. “Se observarmos, a quantidade de tratamentos já é um indício de que nenhum deles é totalmente eficaz. Se um eliminasse completamente a celulite, substituiria os outros. O que temos são meios de abrandá-las”, esclarece a professora.

Dentre os processos utilizados para o tratamento da “famigerada” celulite, a prática de exercícios, tanto aeróbicos, como musculares, pode desempenhar importante função na redução das medidas e, conseqüentemente na diminuição da celulite. Isso porque o número de células gordurosas é limitado, razão pela qual muitas mulheres recorrem à lipoaspiração; uma vez retiradas, as células não vão multiplicar-se. Uma alimentação saudável e balanceada, com controle da ingestão de alimentos ricos em açúcares e gorduras, também é um fator essencial para prevenção do aparecimento das “covinhas” na pele. A drenagem linfática, método hoje muito utilizado, costuma ser eficaz se conjugado com as outras medidas. Tratamentos médicos com remédios não se justificam e o mais importante, tanto para a paciente como para o médico, é medir os benefícios que o processo pode vir a trazer, em detrimento do custo.