• Edição 080
  • 10 de maio de 2007

Saúde e Prevenção

É preciso ter medo do cateterismo?

Priscila Biancovilli

O cateterismo cardíaco é um exame que tem o objetivo de detectar e tratar problemas cardiovasculares, como por exemplo, o estreitamento das artérias coronárias. Através dele, pode-se ter a dimensão exata das eventuais anomalias cardíacas, permitindo que o cardiologista indique qual o tratamento mais adequado para o paciente. O que parece perfeito, a princípio, pode se transformar num verdadeiro terror para algumas pessoas. Isto porque o exame é invasivo, feito através do cateter, e envolve o contato com um órgão vital do organismo.

Segundo Cláudio Buarque Benchimol, cardiologista do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, o exame é “feito através de uma artéria no braço ou na artéria femural (virilha), onde o cateter é introduzido. O corte nestes locais tem cerca de 2 a 3 centímetros, onde o cateter, um tubo bastante fino e flexível, é introduzido e chega até o coração através da artéria aorta”, afirma Benchimol.

A partir daí, são identificadas as duas principais coronárias, e então se injeta o contraste, substância que possibilita uma melhor visualização do local. O percurso do cateter é filmado por uma pequena câmera filmadora, e através dela podem ser observadas obstruções que impedem a passagem do sangue. “O cateterismo permite que se avaliem as artérias e válvulas por dentro. Desta forma, podemos ter plena noção do nível de gravidade de determinada obstrução, qual o tipo de placa, entre outros fatores”, explica o cardiologista.

Depois do exame, o médico estará mais apto para prescrever alguns tratamentos, de acordo com as necessidades do paciente. Um destes tratamentos é a angioplastia coronária, em que o entupimento de uma artéria do coração é aberto, também através do uso de um cateter. “Este tratamento é feito através de uma pequena mola, chamada stent. Ele é feito de aço inoxidável entrelaçado, e é levado pelo cateter até o local do entupimento, a mola se abre e permanece fixada na artéria. Para abrir o stent, usa-se um pequeno balão”, afirma o cardiologista.

Como todo procedimento invasivo, o cateterismo também envolve alguns riscos, ainda que sejam bem baixos. Se o paciente se submete ao exame após algum problema, como um infarto, a possibilidade de complicação é maior. Ainda assim, “o maior risco é de sangramento, mas não no coração, e sim no local onde foi feito o corte. Caso o paciente se movimente muito, corre o risco de sangrar e provocar uma hemorragia. Outro risco é a alergia ao iodo ou ao contraste, substâncias usadas no exame. Apesar de muito raro, também existe a possibilidade de arritmias”, atesta o cardiologista.

Ainda assim, os riscos são extremamente baixos, e os problemas acontecem em aproximadamente 0,5% dos casos, segundo Benchimol. O exame é único na análise de diversos aspectos fisiológicos, funcionais e anatômicos do coração, como pressões cavitárias, volumes ventriculares e o trajeto do cateter. Ainda não existe um substituto não-invasivo para o exame. “Para aqueles que têm medo, a mensagem que eu passo é a de despreocupação. O exame é seguro e extremamente útil para a manutenção da saúde cardíaca”, finaliza Benchimol.