• Edição 080
  • 10 de maio de 2007

Cidade Universitária

“A luz que se apaga a UFRJ não paga”

Stéphanie Garcia Pires

Está em vigor na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) um projeto de monitoramento de demanda elétrica no campus do Fundão. Com este objetivo, foram reunidas e analisadas todas as contas de energia no período entre o final do ano de 2004 e Setembro de 2006, que serviu de base para a criação do perfil de consumo de cada unidade da UFRJ.

Sérgio Rodrigues Siqueira, diretor da Divisão de Redes da Prefeitura Universitária, explicou os detalhes mais técnicos do projeto. De acordo com ele, a Ilha do Fundão é composta de 39 unidades consumidoras, que variam entre subestações convencionais, hora-sazonais e de alta tensão. Analisadas cada uma delas, constatou-se um gasto de aproximadamente R$24milhões. Deste total, observa Sérgio, quase dois milhões compõem um valor de multa.

- Os contratos da UFRJ com a LIGHT têm determinado um valor máximo de consumo mensal de energia, e cada kilowatt (Kw) de ultrapassagem custa três vezes mais caro do que o estipulado. O problema é que esses contratos não foram devidamente revisados. De lá pra cá, o gasto elétrico médio aumentou proporcionalmente à expansão da universidade, que constantemente inaugura novas salas e adquire novos equipamentos, mas o teto de consumo continuou o mesmo – destaca o diretor.

Além da demanda de ultrapassagem, a UFRJ sofre multas devido à perda na energia reativa que retorna para a concessionária. Sérgio esclarece que “a solução é aplicar um banco de capacitores no sistema elétrico, e estamos estudando qual a opção mais rentável, segura e viável no mercado. As instalações podem ser nas subestações de alta tensão, mais complexas e que usam peças importadas, ou nas de baixa tensão”.

O monitoramento da demanda elétrica deixou evidente a necessidade de revisar com a LIGHT os contratos. Isso reduzirá boa parte dos excedentes de custo em conseqüência das multas. “Mas esta medida precisa ser complementada com o esforço de reeducação dos consumidores”. O especialista recordou o período de racionamento de energia no Brasil, em que foi organizada na universidade a Comissão Interna de Racionamento de Energia (CIRE), incumbida de garantir o cumprimento das metas. Como medidas, por exemplo, foram instalados interruptores independentes nas salas, regulados os aparelhos de ar-condicionado e reduzido o número de elevadores ativos em horários fora do pico.

Explica que, acabado este período, pretendia-se converter a CIRE em uma Comissão Interna de Conservação de Energia (CICE), mas isto não aconteceu. “A intenção é retomar esta comissão agora e concretizar o que ficou somente no papel. Distribuir folhetos, organizar palestras e definir outras estratégias de conscientização dos consumidores de energia no Fundão fazem parte dos planos”.

Isso vai reforçar medidas simples, como a parceria com a LIGHT visando a eficientização energética. “Com este objetivo, por exemplo, foram trocadas em diversas unidades da UFRJ, como o Centro de Tecnologia (CT), as luminárias de quatro lâmpadas de 40 watts cada por duas de 32 watts. O resultado é uma maior eficiência energética com uma exigência menor de potência” – argumenta Sérgio.

Para dar continuidade ao projeto, a equipe da universidade está criando um banco de dados com todas as contas de energia de cada unidade, e apresentará ano que vem o perfil de consumo no período entre o ano de 2006 e o de 2007. “Assim, poderemos checar os resultados de nossos esforços e insistir neste caminho com medidas de redução de gastos desnecessários de energia, utilizando melhor os nossos recursos.” – conclui.