• Edição 077
  • 19 de abril de 2007

Saúde e Prevenção

Surto de rubéola em Minas e no Rio de Janeiro

Priscila Biancovilli

Em dezembro de 2006, a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), do Ministério da Saúde, divulgou uma nota alertando sobre o risco de surto de rubéola nos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro. A preocupação é que, além dos possíveis danos pessoais, a situação pode determinar elevados gastos para a execução de ações de controle. Na cidade do Rio de Janeiro, o surto de rubéola teve início no final de julho do ano passado. Até dezembro, foram detectados 250 casos da doença na cidade, e também em outros 16 municípios do estado. Na cidade de Belo Horizonte, houve 240 casos de rubéola no mesmo período. Apesar de os primeiros casos terem sido registrados nas capitais, aos poucos o surto se espalha por cidades da região metropolitana e do interior, algo que comprova o poder de disseminação desta doença.

A rubéola é uma virose contagiosa, transmitida principalmente pelo ar e pelo compartilhamento de materiais como copos e talheres. Segundo o professor Maulori Curie Cabral, do Departamento de Virologia da UFRJ, “A doença é expressada de acordo com o potencial do organismo para fazer vírus. Os vírus são ‘fabricados’ pelas células, e nem todas sabem fabricar os da rubéola. Cada população celular do corpo tem uma potencialidade. Normalmente, as células que produzem o vírus da rubéola são as sanguíneas, conhecidas como monócitos”, explica o professor.

Sintomas e cura

Os sintomas e sinais da doença podem variar bastante, desde a ausência deles até a prostração, acompanhada por exantema (corpo avermelhado), febre e aumento dos gânglios occipitais (de trás da orelha). “No entanto, somente de 10% a 40% das pessoas contaminadas apresentam sinais e sintomas da virose. O restante pode adquirir rubéola sem saber. Os sintomas e sinais aparecem com mais freqüência nas crianças de até 14 anos. Antes de apresentá-los, a pessoa pode ter uma tosse seca, e acreditar que está com gripe”, afirma o professor.

Segundo Maulori, uma situação curiosa acontece nos países desenvolvidos, quando um aluno aparece com rubéola na escola. “Quando isto acontece, todos costumam fazer a festa da rubéola. As crianças bebem no mesmo copo do menino doente e compartilham os mesmos talheres. Isto serve para que todos peguem a doença e, assim, não se contaminem na idade fértil.”

A cura da doença é espontânea, ou seja, não necessita de nenhum medicamento nem intervenção externa. “Em determinado momento, a quantidade das células produtoras do vírus se esgota, porque o organismo ‘trava’ a produção e liberação destas células para o organismo. Então, o organismo se cura sozinho”, mostra o professor.

Risco da doença na gravidez

A doença constitui um grande risco para as mulheres grávidas, porque pode prejudicar o embrião de forma irreversível. Maulori explica que “Os sinais que ele pode apresentar são má formação dos órgãos, principalmente na simetria dos órgãos internos, como cérebro, fígado, rins, coração, olhos e ouvidos. Isto acontece porque o organismo do embrião está numa velocidade de formação muito rápida. Para curar a doença, o organismo do lado que está contaminado pára de se desenvolver, enquanto o outro continua crescendo normalmente. Assim, uma região do corpo pode ficar maior que a outra, dependendo da área que foi infectada."

Existe a vacina contra a rubéola, que custa aproximadamente 10 dólares. No entanto, existem as campanhas gratuitas de vacinação, promovidas pelo governo. “O que se recomenda é a vacinação das meninas, principalmente, antes da puberdade”, completa o professor.