O que à primeira vista poderia ser confundido com mais um ato isolado de solidariedade, a campanha para arrecadação de alimentos feita pelo estudante de Medicina da UFRJ, Paulo Henrique Rosado de Castro, não só inaugura uma série de novas demonstrações de engajamento – campanha para doação de sangue, por exemplo -, como também conquista, cada vez mais, adeptos da solidariedade. O projeto inicial foi a campanha destinada à ONG Recomeçar, que atende crianças que foram internadas no Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG).
Ciente da imediata adesão dos estudantes, Paulo deu seqüência
a outros projetos solidários e, com informações obtidas
no Serviço de Hemoterapia do Hospital Universitário Clementino
Fraga Filho (HUCFF), iniciou uma campanha de doação de sangue.
Entretanto, existem alguns obstáculos iniciais como, por exemplo,
a necessidade de maior organização e mobilização
junto aos alunos para que seja feito o cadastramento dos doadores.
- Essas campanhas acontecem geralmente no período de ingresso dos
alunos na universidade, já que eles vêm movidos por incentivos
feitos no trote. Observamos que os alunos que doam sangue quando iniciam
o curso na universidade se tornam assíduos e voltam a doar. O trote é o
período no qual nós temos um aumento de doadores bastante significativo,
com estudantes de medicina, de farmácia, de odontologia que, nesse
período, nos procuram para fazer, geralmente, a primeira doação.
Porém, esse incentivo é feito somente nos cursos inseridos
na área de saúde, nos outros não há esse hábito
- , afirma a hematologista Neuza Nakamura, destacando a importância
de uma maior organização e mobilização por parte
dos estudantes.
A preocupação de Paulo em ajudar vem desde projetos sociais
nos tempos de colégio, quando passou a dar aulas de Educação
Ambiental em escolas públicas e lecionar Física em Pré-vestibular
Comunitário. Atualmente, também participa de outro projeto
originado na UFRJ, o Ambulatório Social, cujo intuito é atender
gratuitamente a população e repassar orientações
básicas de saúde.
Com apenas 20 anos, Paulo diz que sua motivação para criar
as campanhas é a mesma que o fez optar pela Medicina: ajudar outras
pessoas: "Aprendi, como estudante de medicina, que nem sempre poderei
curar uma pessoa, mas muitas vezes poderei diminuir o sofrimento dela, até mesmo
apenas por escutar o que tem a dizer".
Confirmando o caráter permanente dos seus projetos e ainda buscando
uma extensão deles em outros Centros Acadêmicos, Paulo já realiza
uma nova campanha: "esta começou 12 de março e irá até 27
de abril e o esquema é o mesmo; os alimentos podem ser comprados a
preço de custo e doados na hora, no Centro Acadêmico da Medicina
no CCS", diz o estudante.”
O estudante tem contado com o auxílio do Centro Acadêmico de Medicina; do senhor Amadeu, da Copiadora Amiga dos Estudantes do CT e do Restaurante Menina do Bombom. Paulo Henrique viu a campanha de Natal promovida em 2006, arrecadar 703 kg de alimentos e revela a razão do sucesso: “O principal foi o apoio dos estudantes. Dividi os alimentos por turma, para que não sobrassem ou faltassem alguma coisa, como o leite em pó, que é mais caro. Dessa maneira, acho que também criei maior sensação de vínculo da turma, e esta tem que se unir para que não falte seu alimento”.