• Edição 067
  • 11 de janeiro de 2007

Argumento

Novas fronteiras para pesquisas em Saúde

Fernanda de Carvalho - Agn/CT

Laboratórios novos, equipados e cuidadosamente planejados, entre outras novidades, irão compor um novo prédio, que fará parte do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFRJ. Esse é o futuro do projeto científico “Fronteiras do diagnóstico e das terapias das doenças prevalentes no século XXI”, que reune, atualmente, quatro unidades do CCS - Instituto de Ciências Biomédicas, Instituto de Bioquímica Médica, Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho e Instituto de Microbiologia.

A idéia do projeto “Fronteiras”, que foi agraciado com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), no último edital do Pro-Infra, é reunir, em um mesmo espaço físico, laboratórios que irão abrigar os projetos de pesquisa transdisciplinares, de temas muito próximos ou complementares, que se encontram hoje espalhados pelo CCS, apesar de terem um eixo comum.

Segundo o professor Franklin David Rumjanek, diretor do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ, “será importante reunir tais grupos na mesma área física, a fim de não somente viabilizar os vários projetos, graças aos equipamentos de grande porte que estarão à disposição, mas também catalisar a excelência acadêmica em função da proximidade dos cientistas. Espera-se que um trabalho diferenciado seja estimulado por um ambiente propício”.

Vertentes promissoras

O “Fronteiras” possui, como proposta, sete vertentes de pesquisa: Biologia do Desenvolvimento, Dengue, Descoberta e Desenvolvimento de Novos Fármacos, Doenças Neurodegenerativas, Oncobiologia, Terapias Celulares e Educação para a Ciência. Tais vertentes foram selecionadas em um processo que detectou quais áreas serão estratégicas para a saúde na próxima década. Também foram identificadas competências internacionalmente reconhecidas, com o objetivo de consolidar essas sete áreas na UFRJ, projetando-as para novos patamares de excelência,  competitividade e aplicabilidade.

Dentre as vertentes, a “Descoberta e Desenvolvimento de Novos Fármacos”, por exemplo, é fundamental para que se desenvolva a indústria farmacêutica nacional; as áreas “Doenças Neurodegenerativas” e “Terapias Celulares” realizam, respectivamente, estudos importantes envolvendo as doenças que atingem uma população em envelhecimento - como o Mal de Alzheimer - e promissores tratamentos utilizando células tronco.

O projeto surgiu, de forma unificada, no fim de 2005, mas os trabalhos científicos já vinham sendo realizados, tanto de forma individual quanto conjunta, na interação entre os pesquisadores que possuem afinidades temáticas. Além disso, as unidades do CCS, citadas no início, já colaboram em diversos projetos científicos. “A idéia é consolidar os sete temas mencionados e permitir que os grupos passem a trabalhar numa instância física que ainda não existe”, resume o professor Franklin.

Obras

Está prevista a construção de cerca de 20 laboratórios, que serão utilizados pelas quatro unidades participantes do projeto “Fronteiras”. Eles serão abrigados em um prédio que deverá ser erguido no CCS e funcionará como uma extensão do bloco H, onde hoje se localiza o estacionamento utilizado pelo Núcleo de Pesquisa de Produtos Naturais (NPPN) e pelos Institutos de Microbiologia e de Bioquímica Médica. O prédio também terá auditórios, áreas comuns para alojar equipamento pesado e áreas de convivência, que servirão de estímulo para que a troca de idéias entre os cientistas seja um hábito constante.

Um dos pontos mais interessantes é que, talvez pela primeira vez em suas vidas profissionais, os pertencentes aos grupos envolvidos no projeto estão tendo a oportunidade de planejar a construção de laboratórios que levam em consideração suas experiências acumuladas, seguindo os ideais de funcionalidade que os cientistas conhecem e tanto desejam. “Ao invés de adaptar um recinto (uma sala de aula) e convertê-lo em laboratório, o novo prédio conterá laboratórios com ambiente especificamente desenhado para a atividade fim”, explica Franklin.

O Planejamento do prédio possui a colaboração da Escola de Belas Artes (EBA/UFRJ) e da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU/UFRJ), e inclui ações voltadas para a preservação do ambiente e para o uso sustentável de recursos naturais e energéticos. Será feito, como exemplo, o processamento dos rejeitos sólidos e líquidos, além do uso racional  de energia e água.

As obras terão início logo que o projeto executivo for concluído e as licitações pertinentes estiverem cumpridas. O término da construção, por sua vez, não possui previsão, uma vez que os recursos disponibilizados pela FINEP não cobrem a obra por completo.

Importância

O diretor do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ considera essencial ressaltar que “a construção do prédio não constitui o projeto científico em si; essa empreitada deve ser encarada como um projeto científico que exigirá a construção de um prédio”.

Para Franklin, a importância do “Fronteiras” consiste em viabilizar projetos de alta prioridade e que sejam pioneiros. “Ao reunir em um só local uma massa crítica humana diferenciada, certamente contribuirá para um salto qualitativo em ciência”, opina.

Não há dúvidas de que o projeto científico em questão é fundamental para movimentar e integrar profissionais e estudantes em diversos níveis – Graduação e Iniciação Científica, Pós-graduação, Pesquisadores – no interior do prédio que está por vir. Além disso, incentiva a troca de experiências e conhecimentos entre as unidades e os trabalhos transdisciplinares.

O professor Franklin é otimista quanto aos benefícios das pesquisas para a sociedade. “O projeto ‘Fronteiras’ tem grande potencial para beneficiar a população em geral através dos produtos gerados, tanto aqueles de aplicação médica quanto os que visam a divulgação científica e a educação”, conclui.