• Edição 065
  • 07 de dezembro de 2006

Saúde e Prevenção

Sorriso metálico

Mariana Elia

 O uso de aparelhos ortodônticos torna-se cada vez mais comum no país. Se antes aqueles pequenos pontos metálicos eram vistos frequentemente em crianças e adolescentes, hoje eles passam a ser comuns em pessoas de quaisquer idades e em diferentes modelos. Não apenas o aparelho fixo ou removível, o mercado também oferece diferentes formas de aplicação de cada um deles, como o aparelho estético (aquele com “brackets” mais claros), e ainda o aparelho lingual – que fica na parte de trás dos dentes. Os aparelhos ortodônticos têm funções específicas e sua aplicação requer conhecimento qualificado, a fim de evitar prejuízos ainda maiores.

Recorre-se ao aparelho para reparar desde pequenas irregularidades dentárias até problemas esqueléticos mais sérios. “Falta de alinhamento ou espaço, mau relacionamento do dente com a base óssea e protrusão dentária são casos comuns que procuramos corrigir com a Ortodontia”, enumera Mônica Araújo, professora do Departamento de Odontopediatria e Ortodontia da Faculdade de Odontologia da UFRJ. Dessa forma, a especialidade acaba também por auxiliar corrigindo o perfil, tornando-o mais harmônico.

Em relação às diferenças entre cada tipo de aparelho, a professora explica que são linhas filosóficas diferentes. “Aqueles que utilizam a técnica do removível acreditam no estímulo ao crescimento esquelético. Aqui, em nossos serviços à comunidade, utilizamos apenas o fixo, que procura redirecionar o crescimento, pois pensamos que ele está determinado geneticamente”, diz.

Existem três níveis de atuação do tratamento ortodôntico. O preventivo, quando um possível prejuízo é identificado e procura-se atuar antecipadamente; o interceptativo designa uma intervenção em um processo danoso, como uma mastigação inapropriada; e o corretivo, que é mais conhecido, e procura tratar o processo já efetivado, como a protrusão dentária - o famoso dentuço . A duração do tratamento varia conforme o caso, mas em média o paciente permanece por dois anos com o aparelho.

- As principais diferenças entre o tratamento em adultos e crianças é que com os mais novos integram-se crescimento e mecânica, enquanto que os mais velhos dependem apenas da mecânica. Além disso, estes costumam ficar mais tempo devido ao metabolismo ósseo mais lento - esclarece Mônica Araújo, que lembra também que a Ortodontia frequentemente trabalha em conjunto com a Fonoaudiologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia Ortognática.

O aparelho fixo objetiva uma remodelação óssea, através da movimentação dos dentes. Isso ocorre com a aplicação de fios, molas e elásticos presos aos “brackets”, que são pequenas peças coladas nos dentes. Os fios são conformados linearmente, mas quando inseridos na base do aparelho, perdem sua constituição original. A correção dos dentes ocorrerá com o esforço do fio em voltar a sua forma original.

O que ocorre é um certo descuido com o tratamento. “Hoje, todos estão tendo condições de usar aparelho , pois este está mais acessível economicamente, mas é preciso tomar cuidado, pois muitas clínicas não estão qualificadas para esse tipo de especialidade”, alerta a professora. De acordo com ela, o diagnóstico é, como em qualquer área clínica, a principal parte do tratamento e, não raro, aplica-se o aparelho de forma errônea ou sem necessidade. “São muitas as conseqüências da não extração de um dente que deveria ter saído para alinhamento, como por exemplo, a expansão excessiva das arcadas, ultrapassando os limites da base óssea”, indica.

Dessa forma, é fundamental procurar um especialista e seguir o tratamento até o fim. As consultas periódicas são importantes e manter tal periodicidade diminui a duração com o aparelho. Após a retirada, utiliza-se o aparelho de contenção, que fixa a reestruturação dentária. O abandono nessa fase, o que é muito frequente, pode significar perda de todo o trabalho, uma vez que os dentes podem voltar à sua posição original.