• Edição 065
  • 07 de dezembro de 2006

Notícias da Semana

Encontro busca caminho para a Medicina de Família

Isabella Bonisolo

Nos dias 4 e 5 de dezembro, o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) sediou a II Jornada Estadual de Medicina de Família e Comunidade, que ocorreu simultaneamente com o II Encontro de Medicina de Família da UFRJ. O evento discutiu os rumos dessa recente especialidade médica nos programas governamentais de saúde, na formação acadêmica e nos projetos de internatos já existentes nas cidades do interior do país.

A Medicina de Família e Comunidade é um especialidade médica, constituída em meados dos anos 80, que integra práticas de promoção, proteção e recuperação da saúde de pessoas, famílias e comunidades. Esses atributos a tornam uma área estratégica nos sistemas de saúde, contribuindo para a melhora dos indicadores de qualidade de vida populacional e, consequentemente, diminuir os custos com assistência médica. Atualmente é considerada um incentivo no desenvolvimento da Atenção Primária da Saúde (APS).

Sobre a formação do estudante de medicina nessa área, Francisco Barbosa, da Associação Brasileira de Ensino Médico (ABEM), acredita que a desospitalização é uma experiência que além de desenvolver competencias essenciais, torna-se uma necessidade de um país como o Brasil.

- Temos que formar um médico que atenda muito bem todas as áreas. Não devemos formar apenas especialistas. Esse é um desafio do mercado de trabalho que está apontando para essa direção. Temos que ter um olhar holístico - defende Alexandre Pinto, diretor do HUCFF.

Durante a primeira conferência, Pedro Lima, do Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde, apresentou as diretrizes atuais do governo para a saúde do brasileiro. Segundo Lima, com o aumento da expectativa de vida e a diminuição das diferenças de renda no Brasil, há uma demanda por outros programas de saúde, com ênfase na Atenção Básica (AB). “A Atenção Básica é uma tendência mundial. A maior parte dos países mais ricos já discutem políticas do bem estar social”, declara Pedro.

A justificativa para os novos caminhos seriam os menores custos, maior satisfação dos usuários, melhores indicadores de saúde e a diminuição e mudança do perfil da demanda de urgências e internações geradas pela AB. O projeto do governo apresentado por Pedro Lima prevê a consideração da realidade local na sua implementação, que seria de responsabilidade municipal.


Encontro discute Fonoaudiologia

Renata Magliano

O IV Fonoaudiologia em Destaque ocorre nos dias 7 e 8 de dezembro no Auditório Rodolpho Paulo Rocco no Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFRJ. Organizado por alunas do oitavo período desse curso, o evento é ainda coordenado por Silvana Frota e Maria Isabel Kós, professoras da área de audição do curso de fonoaudiologia da UFRJ.

No intuito de abordar quatro áreas importantes (motricidade oral, voz, audiologia e linguagem), o curso conta com a presença de profissionais de diferentes áreas da saúde. Silvana explicou a função de cada uma delas.

— A audiologia trabalha com os distúrbios da audição, a partir dos quais faz o diagnóstico e a reabilitação da criança e do adulto. A área de linguagem trabalha com os processos cognitivos. Motricidade é mais relacionado com a fala, problemas de deglutição, entre outros, que podem acarretar trocas articulatórias. O campo da voz trata da parte mais estética e funcional, e está ligada à qualidade vocal, atendendo pessoas com problemas nas cordas vocais ou que necessitem de melhora qualidade vocal como atores, locutores. O fonoaudiólogo atua em todas essas áreas, fora outras subespecialidades, como o trabalho em hospitais em UTIs — detalhou a coordenadora.

Durante a abertura, discutiu-se a integração multidisciplinar no follow-up de prematuras na área de motricidade oral. A fonoaudióloga Daiana Evangelista, especialista em motricidade oral do Hospitais Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da UERJ e da Secretaria de Saúde do estado do Rio de Janeiro, explicou que o follow-up deve começar na UTI. 

- Este trabalho consiste na atenção ao excessivo barulho no ambiente, ao aleitamento materno e aos cuidados posturais, não deixando a criança sempre na mesma posição. Além disso, a família também precisa ser cuidada. O objetivo, portanto, é acompanhar e favorecer o desenvolvimento, pois a criança que passa por um aleitamento materno exclusivo tem condições de saúde e de inteligência maiores. Queremos favorecer isso - explicou a especialista.

Contribuiram para o discurso a médica Maria Amélia Porto, professora adjunta da Faculdade de Medicina e a psicóloga Tânia Maria de Mello Santos, psicoterapeuta com especialização clínica e trabalho com Grupo de gestantes, mediadas pela fonoaudióloga Rosane Pecorari, professora de fonoaudiologia da UFRJ.

Tânia enfatizou que as gestantes devem conversar com seu bebê desde o início da gestação, formando laços afetivos, pois “ele reconhece a voz da mãe ao nascer e precisa não só de leite, mas também de toque, voz e cheiro”. Falou ainda da construção da mãe no pós-parto e da difícil aceitação do nascimento de um bebê prematuro. “Nesse momento, a equipe trabalha muito e dela é esperada muita firmeza. Por lidar com as expectativas e ansiedades dos pais, entre os profissionais da UTI Neonatal deve existir um vínculo muito grande”, a psicóloga.

O Fonoaudiologia em Destaque é um evento anual e tem como objetivo arrecadar fundos para a formatura. Durante os dois dias serão ainda abordados os temas Voz e Arte, Articulação Temporomandibular, Eletrofisiologia da Audição, entre outros. “Temos ótimos profissionais com a gente e, com certeza, vai ser um evento muito rico para as pessoas que estiverem presentes” concluiu Silvana.


I Encontro de Mídia e Áreas Protegidas

Julia Paula/Agn Praia Vermelha

No dia 6 de dezembro foi realizado o I Encontro de Mídias e Áreas Protegidas. Esse evento faz parte do II Seminário Áreas Protegidas e Inclusão Social e teve como objetivo promover o debate sobre estratégias de comunicação ligadas ao Plano Nacional de Áreas Protegidas (PNAP).
 
O objetivo é auxiliar na inclusão social das populações que vivem em Áreas Protegidas para diminuir a pobreza, contribuindo para proteção da biodiversidade nessas localidades.

O evento foi realizado pelo Programa de Pós-graduação em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social (EICOS) do Instituto de Psicologia da UFRJ. Os palestrantes foram: Iara Vasco do Ministério do Meio Ambiente, Maria Cecília Trannin do EICOS, Márcia Soares do Fundo Brasileiro para Biodiversidade, Vilmar Berna da “Revista do Meio Ambiente”, Marta Irving do EICOS e Rosa Pedro do EICOS. A mediação do debate coube a Fernando Guida do Programa Ecologia e Cidadania - Interativawebtv.

Durante a palestra analisou-se o papel dos jornalistas na divulgação de informações sobre Áreas Protegidas, biodiversidade brasileira e temas afins. Cecília Trannin ressaltou que a espetacularização e os interesses econômicos estão, muitas vezes, envolvidos na preparação das matérias que abordam questões ambientais “A nossa biodiversidade é difundida privilegiando o espetáculo e as catástrofes, o que contribui para a superficialidade de grande parte das publicações sobre o assunto”, diz ela. 

Um dos pontos principais da palestra foi a afirmação de que a cobertura feita atualmente nessa área é deficiente e há necessidade de mudança desse quadro: “falhas conceituais são cometidas por jornalistas. Devemos repensar o conteúdo e os meios de difusão da cobertura ambiental”, conclui Vilmar Berna.