• Edição 062
  • 16 de novembro de 2006

Por uma boa causa

Leite para toda a vida

Mariana Elia

"O leite é sempre necessário para qualquer idade, principalmente pela quantidade de proteínas". Dessa forma a professora e nutricionista Anna Paola Pierucci, do Instituto de Nutrição Josué de Castro (INJC), sintetiza a importância do leite para o ser humano. O cálcio, encontrado na melhor forma nas bebidas lácteas, é fundamental até a adolescência. Apesar disso, para toda a vida, o leite é fonte rica em nutrientes.

A oferta de proteínas e gorduras pode ser substituída por outros alimentos, inclusive porque hoje consumimos uma grande variedade de laticínios e derivados. As carnes são também uma boa opção de consumo de proteínas, entretanto, outras fontes de cálcio não são tão biodisponíveis como o leite. "Precisaríamos comer uma quantidade muito grande de folhas escuras diariamente para compensar nossa necessidade desse mineral", explica Anna Paola.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) prega que as mães amamentem seus filhos exclusivamente com o leite materno até os seis meses de vida. A partir daí, e até os dois anos de idade, a dieta deve ser adicionada a outros alimentos, mas mantendo-se a ingestão do leite materno, que também contém imunoglobulinas e lactoferrinas, que são importantes componentes para a formação e fortalecimento do sistema imunológico. Assim, o primeiro alimento de nossas vidas previne uma série de doenças, como otites, distúrbios respiratórios e, principalmente, infecções do trato intestinal.

Com dois anos de vida, a criança já está com os sistemas digestivo e imunológico praticamente formados. O bebê pode deixar o seio da mãe, apesar de não ser necessária uma interrupção brusca ou mesmo fundamental, do ponto de vista nutricional. A importância da ingestão de cálcio, entretanto, é crucial. "Até os 20 anos, nosso organismo é capaz de absorver cálcio, principalmente pelos ossos. O indivíduo deve, então, consumir a maior quantidade desse mineral possível nesse período, para que tenha ossos mais densos", diz a nutricionista.

A partir dessa idade, o organismo utiliza o cálcio ingerido ou já constituído no tecido ósseo. Dessa maneira, quanto maior sua capacidade de fornecimento, menor o desgaste do tecido, evitando males como a osteoporose.

Homens e mulheres requerem da mesma quantidade de cálcio. Apesar de ser notificada a maior perda óssea pelas mulheres, Anna Paola esclarece que existe uma capacidade máxima de absorção e metabolismo. "A mobilização do mineral contido nos ossos é certa. O ideal para evitar o maior prejuízo é consumir leite e derivados durante os primeiros vinte anos de vida", define a nutricionista.

Se existe ainda questão quanto à quantidade diária a ingerir, não há com que se preocupar. De acordo com a Dietary Reference Intakes (DRI), que estabelece taxas mínimas de nutrientes, de 19 a 50 anos, são recomendadas 1g diários de cálcio. "Com três canecas de leite (com capacidade, aproximadamente, de 300ml), já se atinge esse percentual. Se dividirmos com uma fatia de queijo (tipo minas, por exemplo), basta um copo de leite", ensina Anna Paola.


Quantidade de cálcio diária recomendada por idade*:


-0 a 6 meses - 210mg

-6 a 24 meses - 260mg

-até 3 anos - 500mg

-4 a 8 anos - 800mg

-9 a 18 anos - 1300mg

-19 a 50 anos - 1000mg

-acima de 50 anos - 1200mg

Fonte: DRI

*Essas indicações podem ser alteradas, dependendo de cada caso