• Edição 060
  • 1° de novembro de 2006

Notícias da Semana

Importância do texto didático é discutida durante lançamento de livros

 Renata Magliano

O Simpósio Texto Didático e Formação Universitária foi realizado no dia 31 de outubro, no Auditório Hélio Fraga, no Centro de Ciências da Saúde (CCS/UFRJ).  A mesa de abertura foi formada pelo professor Antônio Jorge da Silva, coordenador da Pós-graduação do CCS; pelo professor Almir Fraga Valladares, decano do CCS e pela professora Miriam Struchiner, editora da Coleção Ciência e Saúde e diretora do Nutes (Núcleo da Tecnologia Educacional para a Saúde).

Durante a abertura, o decano declarou seu desejo de que essa iniciativa de publicação de livros seja levada para outras unidades. Em seguida, Antônio Jorge enfatizou que esse é um trabalho de equipe e que conta com muitos colaboradores.

A convidada para iniciar o simpósio foi Guaracira Gouvêa, professora colaboradora do Nutes. O tema de sua conferência foi “A importância do Texto Didático na Formação Universitária”. Ela explicou que o material didático está relacionado a atos comunicativos, que se dão pelas linguagens verbal, oral ou imagética (registrada). “A linguagem tem dimensão social e dinâmica”, atesta Guaracira, destacando que a função desse material didático é a difusão do conhecimento e da cultura no meio acadêmico. Ela conclui, afirmando que as práticas educativas devem inserir o estudante na cultura científica, e, portanto, na vida universitária.  

Na mesa redonda, que contou com a mediação de Miriam Struchiner, estavam as autoras dos três novos lançamentos da Coleção: Ana Elisa Bastos Figueiredo, professora do Instituto de Psiquiatria (Ipub), autora de Religiões Pentecostais e Saúde Mental no Brasil; Eliane Brígida de Morais Falcão, professora do Nutes, autora do livro Fazer Ciência e Pensar a Cultura: Elementos para Pensar o Mundo Moderno;  e Carla de Meis, professora da Faculdade de Medicina, autora de uma parte do livro Psicopatologia Hoje, que representou o outro autor João Ferreira da Silva Filho, do Ipub.Os exemplares são da Editora CCS/UFRJ, 2006.

Ana Elisa explica que seu livro é fruto do período de quatro anos de doutorado, durante o qual fez um trabalho de campo nas cidades do Rio de Janeiro e São Luís do Maranhão. Seus objetos de estudo foram os pacientes psiquiátricos, que freqüentavam, por exemplo, a Igreja Universal do Reino de Deus, os familiares e os pastores dessa igreja. Em seguida, Eliane disse que espera que o tema de seu livro, ciência e religião, que ainda é um tabu nas universidades, ajude a todos na compreensão da mente humana. Carla de Meis, que também participa da autoria do livro, leu um texto do professor João Ferreira. Segundo ele, subjetividade e ciência são muito importantes.

Por fim, Eliane disse que falar em religião atrapalha algumas pesquisas e que as pessoas devem aprender a diferença entre ciência e religião. Devem perceber que não é necessário optar por uma delas, o que sempre acontece.

 

No final do simpósio ocorreu, de fato o lançamento dos livros, durante o qual todos os presentes receberam exemplares com direito a dedicatória das autoras.


ICB é prestigiado com premiações

Mariana Elia

O Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) comemora duas premiações nesse mês de outubro. Na verdade, uma será anunciada apenas em novembro. A professora Elenice Corrêa e sua equipe foram prestigiadas com nota máxima nos XXII Congresso Brasileiro de Anatomia, XXVII Congresso Chileno de Anatomía e VII Congresso de Anatomia del Cono Sur, realizados conjuntamente.

A professora Elenice enviou um pôster sobre sua pesquisa, realizada no Laboratório de Neurobiologia, do Departamento de Histologia e Embriologia do ICB, intitulado: Hiperzincemia: A busca por um modelo dose-efeito em ratos em desenvolvimento. O objetivo do trabalho é esclarecer os efeitos histopatológicos de doses excessivas de Zinco. O pôster foi premiado como um dos melhores trabalhos apresentados  na categoria Anatomia Microscopia.

E, no dia 8 de novembro, em cerimônia no Palácio do Planalto, o Presidente da República, Luis Inácio Lula da Silva, entrega o Prêmio Anísio Teixeira da CAPES, na área de Ciências da Vida, ao professor Leopoldo de Meis.


Doenças Metabólicas em pauta

Isabella Bonisolo

O Serviço de Genética Clínica do Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG), coordenado pela professora Márcia Gonçalves Ribeiro, organizou hoje, 27 de outubro, no Anfiteatro da Residência Médica do IPPMG, a II Jornada sobre erros inatos do metabolismo. O segundo encontro da série pôs em pauta os tratamentos e diagnóstico de doenças metabólicas, priorizando a clínica e manuseio das glicogenoses - doenças hereditárias nas enzimas que promovem um erro no metabolismo, resultando nas concentrações alteradas de glicogênio no organismo. “A idéia da jornada é informar cada vez mais sobre as doenças genéticas todos os que são da área de saúde e principalmente pediatras, já que as doenças metabólicas são mais comuns em crianças e recém-nascidos”, explica doutora Márcia, a organizadora do evento.

Segundo professora Márcia Ribeiro, antigamente, falava-se que as doenças metabólicas eram raras. Porém, hoje em dia, devido à diminuição da mortalidade infantil, a melhoria das condições de saúde e a redução de certas doenças graças às vacinas preventivas, as más formações congênitas estão adquirindo lugar de destaque entre as causas de morte na infância. Por isso, a comunidade da área de saúde deve ficar informada sobre essas novas tendências.

- Temos um compromisso muito grande com o ensino, por estarmos em um Hospital Universitário. Nosso objetivo é informar não só sobre a doença, mas também refletir sobre os diagnósticos precoces fundamentais para o tratamento específico que hoje temos. Ele é capaz de mudar todo o curso natural da doença. Vivemos aqui a oportunidade de mudar a medicina pela reflexão e dar a uma criança que poderia morrer, por exemplo, a chance de ter a sua vida modificada – declara a geneticista.

Doutor Rogério Vivaldi, vice-presidente executivo da Genzyne Latino Americana, abriu o encontro com uma visão positiva dos caminhos percorridos no conhecimento das doenças metabólicas. Ele acredita que reuniões como essas ajudam na divulgação das desconhecidas enfermidades como a de Gaucher, Fabry, Pompe, entre outras. “As doenças metabólicas ainda serão escritas nos livros de medicina como a diabetes e a insulina. Já temos tratamentos absolutamente fantásticos que dão dignidade de vida aos pacientes”, afirma o médico.

Saiba mais sobre as Doenças metabólicas

Energia é fundamental para a sobrevivência de qualquer ser humano. Além do oxigênio, esse nosso “combustível” é produzido graças à glicose. O corpo adquire esse segundo elemento através da ingestão alimentar e pelo nosso depósito glicogênico. Porém, se há problemas nas enzimas que conduzem o processo metabólico desse local de armazenamento, deficiências na emissão de glicose ocorrerão. Consequentemente, o organismo não completa ciclos celulares essenciais para que ele mantenha-se saudável.

As anormalidades enzimáticas que podem ocorrer nos processos de transformação do depósito glicogênico em glicose são causadas por mutações genéticas no DNA nuclear. Durante a Jornada, o professor e médico do IPPMG, Isaías Soares de Paiva, salientou os principais aspectos genéticos e epidemiológicos capazes de gerar essas deformações.

Segundo Isaías, os genes que codificam enzimas estão espalhados pelo genoma e não agrupados como se pode imaginar inicialmente. O professor salientou também que doenças metabólicas estão intimamente ligadas com certas prevalências étnicas, o que valida a interação genótipo-fenótipo.

A questão do tratamento também foi abordada durante o encontro. De acordo com Rogério Vivaldi, as drogas para a reposição enzimática (TRE) são seguras e eficazes e as doses variam de acordo com cada paciente. “Cada doença demanda uma quantidade de proteína diferente”, revela o médico.

Doutor Rogério apontou também os desafios da ciência relacionados ao TRE. Infelizmente as moléculas do tratamento são grandes demais e, por isso, não conseguem penetrar no sistema nervoso central. Há ainda o problema das enzimas repostas por infusão não atuarem homogeneamente em todas as partes do corpo. De acordo com cada paciente, elas predominam em certos órgãos. “O caminho está certo. Estamos aplicando os tratamentos de maneira muito rápida, visto que isso tudo ocorreu de uns 10 anos para cá. Mas, ainda temos muito que fazer e mudar”, prevê Vivaldi.


Encontro Nutrição: ciência em perspectiva comemora os 60 anos do INJC

Isabella Bonisolo

Em comemoração dos 60 anos do Instituto de Nutrição Josué de Castro (INJC), professores e alunos uniram-se na organização de uma festa para rememorar os primeiros passos da criação do curso, celebrar o presente sucesso do INJC e refletir sobre o futuro da nutrição. Entre os dias 25 e 26, o Instituto aniversariante suspendeu suas atividades para partilhar momentos de lembranças, conhecimento e descontração no auditório Rodopho Paulo Rocco no Centro de Ciências da Saúde (CCS).

“Está provado que a natureza não é mesquinha e que seus recursos são mais do que suficientes para alimentar bem todo o efetivo humano por longos anos a vir. Quem tem sido mesquinha é a condição humana, ou melhor, a condição desumana de nossa civilização”. As sábias palavras do professor Josué de Castro, extraídas da publicação Livro Negro da Fome de 1960, marcam um pouco do perfil do fundador do Instituto de Nutrição da UFRJ. A figura do professor preocupado com as calamidades sociais – símbolo da luta contra os problemas nutricionais do Brasil – não foi esquecida durante as comemorações. A Petrobrás contemplou os participantes com a 8º edição da exposição do Projeto Memória, que percorreu 800 municípios do Rio de Janeiro em 2004, com o tema: Josué – por um mundo sem fome. Fotos e documentos antigos, que retratam a vida e as considerações do professor sobre o país, ficaram expostos no Hall do auditório nos dois dias do evento.

- Lembrar de figuras como essa é fundamental para que incorporemos essa luta contra a miséria e fome no nosso dia a dia - declarou o decano do CCS, professor Almir Fraga Valladares, na mesa de abertura do encontro.

A primeira conferência do evento priorizou o resgate do histórico da nutrição no Brasil e a inserção desse contexto no INJC. Sandra Maria Chaves, professora da Escola da Nutrição da Universidade Federal da Bahia, recordou que a idade do jovem instituto da UFRJ coincide com a do famoso livro Geografia da Fome, de Josué de Castro. “Esses 60 anos de história são testemunha do caminho percorrido pelos estudos da alimentação e nutrição no Brasil”, afirma a nutricionista.

Um espaço ainda foi reservado para um breve comentário sobre a atual situação do curso de graduação e pós-graduação de nutrição da UFRJ. Lúcia Pereira, coordenadora de graduação do INJC, apontou os esforços da atual gestão para uma futura grade curricular integrada com iniciação científica e projetos de Extensão. Já Eliane Fialho, coordenadora de pós-graduação, mostrou a história de superação do curso de mestrado que em 2002 conseguiu de volta o credenciamento da CAPES, perdido em 96, para a emissão de diplomas reconhecido.

No segundo dia do evento, foi lançado o Concurso Nacional de Monografias para Graduandos de Nutrição que visa estimular o desenvolvimento de trabalhos científicos sobre os problemas alimentares no Brasil. O concurso, patrocinado pela Fundação José Bonifácio (FUJB), premiará em dinheiro as três melhores dissertações.

O encontro, que contou com inúmeras mesas de discussão sobre as futuras perspectivas dos estudos de nutrição, encerrou com a apresentação do Coral Infantil da Escola de Música da UFRJ e com uma missa de ação de graças pelo aniversário do jovem e consolidado INJC.


Marcelo Land é empossado no IPPMG

Bruno Franco, do Jornal da UFRJ

Nesta quarta-feira, dia 25 de outubro, o professor Marcelo Land foi empossado na diretoria do Instituto de Pediatria e Puericultura Martagão Gesteira (IPPMG), juntamente com sua vice, professora Cleusa Ramirez.
Estiveram presentes à mesa da cerimônia: o reitor Aloísio Teixeira; a vice-reitora Sylvia Vargas; o decano do Centro de Ciências da Saúde (CCS), Almir Fraga Valladares; o pró-reitor de Pessoal Luiz Afonso Mariz e o diretor da Faculdade de Medicina, Antônio Ledo (ambos ex-diretores do IPPMG); bem como Land e Ramirez.

Antônio Ledo - atualmente dirigindo a Faculdade de Medicina – destacou em seu discurso os valores do IPPMG e as qualidades de seu sucessor. Para Ledo, o instituto tem dimensão solidária, fraterna, de atributos dos quais a sociedade, guiada pelo mercado, carece.

Ao enfatizar a necessidade das ações da diretoria projetarem o futuro da instituição, Ledo considerou um privilégio a ascensão de Land ao cargo em questão. “Seu brilhantismo faz antever dias melhores”, elogiou.

Os demais presentes destacaram as qualidades acadêmicas e administrativas de Land e Ramirez, bem como a integração harmoniosa já existente entre o IPPMG e o Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina.

Por sua vez, o diretor Marcelo Land assegurou que a boa comunicação preservará a harmonia entre os corpos sociais da área de saúde e os fará avançar como um todo. Identificando-se como um funcionário público abnegado, Land garantiu que em sua gestão, o IPPMG será “um instituto de voz suave e firme em defesa da criança e do adolescente”.