• Edição 059
  • 25 de outubro de 2006

Microscópio

Saia do chão já!

Isabella Bonisolo

Para a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), a Escola de Educação Física e Desportos (EEFD) reservou um grupo de atividades que põe os participantes nas alturas. Sai do chão, conjunto de provas que brincam com a possibilidade do homem sair da sua estabilidade terrena e estar em contato com o ar, surgiu justamente da temática da SNCT - o centenário do vôo do 14 bis.

A brincadeira com a gravidade esteve presente nas 12 oficinas. Através delas, os visitantes puderam experimentar movimentos e desafios que dependiam apenas do seu próprio esforço corporal. De acordo com o professor Armando Alves, coordenador das atividades da EEFD na SNCT, “as oficinas trabalharam com duas perspectivas diferentes: ‘sai do chão’, que é quase uma ordem dada, e o desafio da gravidade. Elas foram construídas com a idéia do homem organizando-se em um ambiente fora do seu habitual pé no chão”.

A oficina “salto em altura” proporciona a primeira experimentação fora do chão. O Departamento de Biomecânica da EEFD trouxe um aparelho - a plataforma de salto - capaz de medir a impulsão dos pulos das crianças que decidissem aventurar-se nessa etapa. “Alguns conceitos como impulsão e a mecânica do vôo são mencionados às crianças através da brincadeira”, explica Bruna Lombardo, estudante do 10º período da EEFD.

A idéia é que o laboratório de biomecânica, futuramente, leve essa plataforma de salto para as ruas. “Isso coloca à disposição da criança informações sobre Física, a capacidade dele de romper a gravidade e o controle do corpo”, declara professor Armando.

No espaço da “Corporeidade”, que prioriza o corpo em movimento, os visitantes puderam brincar com pernas-de-pau e malabares. Segundo Bruna, nessa parte as crianças podem sentir a presença do vento, elemento fundamental que estimulou a criação do avião. Perto dessa oficina, o grupo de folclore da escola somava ritmo e musicalidade ao aprendizado de quem foi Santos Dumont.

A oficina eleita a mais difícil, segundo os estudantes que organizaram as atividades, foi o circuito do arvorismo. A atividade exigia a subida de um muro de escala, a travessia de uma ponte estreita, distante do chão e, no fim, a coragem de descer pela tirolesa. Para as crianças, que não alcançam as instalações, foi montado um mini-circuito,  a fim de não decepcionar ninguém.

- A relação da dificuldade é muito pessoal. Porém, aqui no arvorismo, há o problema da altura, que algumas pessoas têm medo. Não há quem não possa escalar, mas você tem que conseguir ascender seu corpo com o seu peso. Para isso, há uma necessidade de força mínima nos braços e nas pernas para se elevar - argumenta Bruna.

Porém, essa opinião dos organizadores não confere com o que os estudantes da Escola Municipal Anísio Teixeira (EMAT) dizem. Os que experimentaram todas as atividades do Sai do Chão, afirmaram que equilibrar-se em cima das desafiantes pernas de pau foi quase impossível. “É muito difícil conseguir andar com isso”, declarou Jussiara, aluna da 8º série da EMAT.

Segundo Armando as atividades programadas para a SNCT foram abertas para todas as idades e sem qualquer restrição: “tivemos o cuidado de tentar atender a todos. Não importa se é criança ou idoso, deficiente ou não”.