• Edição 059
  • 25 de outubro de 2006

Por uma boa causa

Vamos trocar baratas por vespas?

Mariana Elia

O Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF/UFRJ), apresentou na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNC&T) uma nova forma de controle das baratas, inseto que invadiu as áreas urbanas e traz toxinas para os lares brasileiros. A coordenadora do projeto, Suzete Bressan, diz que a idéia não é eliminar o inseto, mas controlar seu crescimento de uma maneira natural e em associação aos métodos artificiais.

Segundo Suzete, que trabalha no Departamento de parasitologia e biologia celular, existe uma espécie de vespa, a evania appendigaster, que se reproduz nas bolsas de ovos de baratas, alimentando-se desses ovos. Dessa forma, ao invés de nascerem quinze novas baratas, nasce uma vespa. O objetivo, portanto, é utilizar essa espécie como controladora, afinal, além de nascer apenas um inseto, a vespa não pica, não produz toxina e não se alimenta dos alimentos dos humanos.

- A cada dia, os insetos se tornam mais resistentes aos pesticidas. O objetivo da nossa pesquisa, e agora da nossa apresentação na SNC&T, é levar a população a informação de que é possível estabelecer um método de controle, associado aos métodos artificiais. E conscientizar sobre a importância de não matar as vespas - explica a coordenadora.

As baratas urbanas procuram alimento e abrigo em esgotos e lixos. Dessa forma, passam a ser também transmissoras de patógenos, como bactérias e alérgenos. A pesquisa do Instituto também tem a intenção de, futuramente, obter técnicas de comercialização das vespas, para que se alojem nos repositórios de baratas existentes dentro dos domicílios. “São três caminhos: a pesquisa básica de conhecimento dos parâmetros sobre os insetos; o desenvolvimento de meios para venda das vespas; e a divulgação desta interação para a população”, destaca Suzete Bressan.

Esta última parte deu seus primeiros passos no Hangar da UFRJ, durante os dias 19 a 22 de outubro. No estande montado, as crianças puderam conhecer essa possibilidade de controle, observar o comportamento desses insetos e assistir a um vídeo informativo. Para Suzete, essa oportunidade traz a universidade para o meio do povo e a faz praticar também uma linguagem mais acessível, diferente da linguagem de publicação.