• Edição 055
  • 28 de setembro de 2006

Microscópio

Cidadania para todos

Mariana Elia

Em época de eleição, recomeçam as discussões sobre temas diretamente relacionados à sociedade e qualidade de vida. Segurança, educação, saneamento básico, saúde são largamente citados, sejam como promessas, muitas vezes vãs, sejam como problemáticas prioritárias na pauta dos políticos que vão e que vêm. Essa, no entanto, não é a intenção da Coordenação de Extensão do Centro de Ciências da Saúde (CCS/UFRJ), que promove em 10 de outubro, o Encontro Saúde e Educação para Cidadania, com o objetivo de ter como resultado o início de uma colaboração permanente e de via dupla.

— O evento é uma conseqüência de um processo de integração que a revista Saúde e Educação para Cidadania, da decania do CCS iniciou em 2005. A intenção é discutir a educação básica, ampla e irrestrita, dentro da universidade, junto com as secretarias municipais e estaduais e organizações civis, como Organizações Não-governamentais (ONG), Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) e fundações. E essa iniciativa vai ao encontro da consolidação do Plano Nacional de Extensão — explica a professora Florence Vianna, integrante da Coordenação de Extensão do CCS.

A questão da fragmentação, também tão largamente discutida na sociedade e na universidade, é um dos pontos chaves para organização da política estadual e um dos motivadores para a realização do encontro. Segundo Florence, é fundamental que haja uma integração maior entre os setores públicos, para que não fiquem isolados em suas ações políticas. Hoje em dia, as secretarias atuam separadamente, mesmo dentro de uma prefeitura, o que dificulta uma atuação incrementada. A professora destaca como exemplo o caso da prefeitura de Queimados, que, por não conseguir manter uma comunicação ativa entre as secretarias de educação e saúde, deve enviar apenas esta última para a UFRJ, em outubro.

Por outro lado, Florence lembra a iniciativa da prefeitura de Mesquita, que lançou o projeto Coleta Seletiva Solidária com Inclusão Social de Catadores e grupos de cooperativas. Se um dos principais problemas é unificar os setores, Mesquita conseguiu montar um programa eficiente e intergestorial, visando à inclusão social. “Isso demonstra o trabalho sério realizado pelas prefeituras, como também o que Niterói tem feito no âmbito da diversidade sexual”, ressalta Florence.

Um dos focos do encontro é a Educação de Jovens e Adultos (EJA). O EJA é a oportunidade de formação continuada para aqueles que não conseguiram terminar seus estudos até os 14 anos, e constitui tanto a formação no Ensino Fundamental, como no Médio. O direcionamento à pessoas que não tiveram como iniciar ou terminar sua escolaridade, por razão de entrada precoce no mercado de trabalho ou por falta de vaga nas escolas públicas, abre espaço a uma heterogeneidade com a qual educadores têm que levar em consideração para a construção de uma proposta pedagógica. A reavaliação dos currículos desses cursos, que são mantidos pelas prefeituras, é considerada por especialistas uma necessidade fundamental para que esses jovens não sejam novamente prejudicados por sua condição sócio-econômica.

A saúde e a educação são questões recorrentes nesse período eleitoral, mas, ao mesmo tempo, superficialmente abordadas. O Encontro Saúde e Educação para Cidadania pretende traçar o panorama geral do que se têm feito no Estado nesse aspecto, com o objetivo de “colaborar com a educação pública, para a melhoria do atendimento a população fluminense”, sintetiza Florence Vianna. A expectativa é que o debate não se restrinja a um momento pontual de relacionamento entre universidade e prefeituras, mas que inicie uma rede de troca de informações e experiências.

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