• Edição 052
  • 06 de setembro de 2006

Microscópio

Vítima dos excessos

Mariana Borgerth da Agência de Notícias da Praia Vermelha

O consumo de álcool durante a gravidez será tratado no simpósio Síndrome Alcoólica Fetal – SAF  que acontece no Fórum de Ciência e Cultura (FCC), dia 15 de setembro. O evento faz parte de uma campanha de divulgação de problemas causados pelo consumo de álcool,  que vão desde o abortamento até problemas mentais nas crianças. Elas apresentam dificuldades no aprendizado, deficiência na atenção e distúrbios comportamentais, além de, muitas vezes, anomalias faciais e retardo no crescimento. Pode haver também o comprometimento do sistema nervoso central e de outros órgãos, como o coração e os rins, explica o professor José Mauro Lima, coordenador do Programa de Atenção Integrada da Síndrome Alcoólica Fetal.

No Brasil é grande a importância da discussão e da divulgação das conseqüências do uso de bebida alcoólica, pois segundo a Associação Brasileira de Alcoolismo e Drogas (Abrad), o país é um dos maiores produtores e consumidores de álcool. Dentro desse quadro, um fator que preocupa José Mauro, que também é professor da Faculdade de Psicologia da UFRJ e membro integrante do Centro de Estudos de Prevenção e Reabilitação do Alcoolismo (CEPRAL) é o aumento do consumo entre os jovens.

Além da falta de informação sobre o tema, outro problema é o tempo que leva para a descoberta da gravidez. Segundo o professor, a maior incidência da síndrome ocorre durante o primeiro trimestre, período da formação inicial do bebê. Estudos sobre o caso já determinaram que as conseqüências para a criança podem aparecer em dois momentos: durante e após a gravidez.

No processo de formação do feto pode ocorrer desde aborto natural até a má-formação do bebê. A criança pode nascer com lesões cerebrais, feições faciais com deformações características, problemas cardíacos ou renais. Outros sintomas são notados após alguns anos como, por exemplo, problemas de fala, locomoção e aprendizagem ou dificuldades de socialização. José Mauro também estuda a relação entre a SAF e o déficit de atenção (hiperatividade), muito comum em crianças no começo da vida escolar. Ele afirma que não existe cura para a SAF, mas existem tratamentos que possibilitam que a criança se desenvolva socialmente, com a ajuda de psicólogos, fonoaudiólogos, assistentes sociais e psico-pedagogos.

Na França e nos Estados Unidos a síndrome já faz parte das ações de saúde coletiva. No Brasil, ela ainda é pouco conhecida, mas existe no Instituto de Neurologia da UFRJ um núcleo de atendimento para a síndrome: o Cepral. Um outro local de assistência também está em fase de implantação na Maternidade Escola da UFRJ.

Mais informações sobre o evento podem ser obtidas pelos telefones (21) 2247-0867 e 2247-0735 ou pelo e-mail velgereventos@terra.com.br