• Edição 051
  • 31 de agosto de 2006

Por uma boa causa

Trichomonas: parasita um tanto incômodo

Mariana Elia

Encerramos essa semana a série sobre Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), falando sobre Trichomoníase. Essa doença afeta mais de 170 milhões de pessoas no mundo e está em terceiro lugar em incidência no ambulatório do Hospital Escola São Francisco de Assis (Hesfa) da UFRJ. O protozoário, trichomonas vaginalis, ao se estabelecer no organismo, desencadeia sintomas que afetam predominantemente as mulheres.

O protozoário pode permanecer até uma semana no órgão reprodutor masculino, mas os homens servem principalmente como vetores, pois não apresentam sintomas e as complicações são mais raras. Ao contrário disso, segundo a enfermeira Cosme Sueli Pereira, coordenadora do ambulatório do Hesfa, as mulheres costumam se queixar de prurido, “como se estivesse alguma coisa andando na região genital”, e corrimento esverdeado abundante. A vagina e a cérvice podem apresentar edemas (inchaço), com erosão e pontos hemorrágicos na parede cervical, conhecida como cérvice, com aspecto de morango, o que é um sintoma bastante específico para a doença. Entretanto, essa aparência ocorre somente entre 2 a 5% dos casos das mulheres infectadas.

O diagnóstico é feito através do exame laboratorial da secreção vaginal e do esperma, uma vez que a sintomatologia é semelhante a diversas outras DST. O tempo de tratamento varia conforme o caso. A enfermeira Cosme lembra que o tratamento é simples e deve ser feito pelo casal (sendo o caso), para evitar reincidências. As principais complicações são a vaginite e a inflamação do sistema gênito-urinário, porém é preciso ficar alerta às co-infecções, grande motivo de preocupação dos especialistas.

- A Trichomoníase pode estar associada a outros tipos de DST, pois pode haver pequenas fissuras, derivadas da coceira, que agem como porta de entrada para outros parasitas. Há associação exacerba dos sintomas e, portanto, é fundamental o requerimento de outros exames – esclarece Cosme Pereira.

Segundo a enfermeira, além de um diagnóstico completo, é preciso acompanhar o paciente, com pedidos de exames e consultas periódicos. A Trichomoníase traz, principalmente, incômodo, já que as conseqüências mais graves derivam da falta de tratamento e das reincidências múltiplas. Entre elas se destacam o nascimento prematuro do bebê ou com baixo peso, quando a infecção ocorre durante a gravidez; câncer cervical e infertilidade. O ideal, portanto, é utilizar preservativos em relações sexuais, ter atenção à higiene e, a qualquer sinal  de incômodo, procurar um especialista.