• Edição 045
  • 20 de julho de 2006

Saúde e Prevenção

Mas hein?

Taisa Gamboa

A perda de audição é um problema que atinge pessoas de todas as classes e faixas etárias e vem aumentando nos últimos anos. Qualquer pessoa está sujeita a ser exposta aos crescentes níveis de ruídos emitidos por veículos no trânsito, pelos altos sons de bares e festas, máquinas industriais etc. Evidentemente, o barulho excessivo traz problemas não apenas para a audição, mas também provoca estresse, atrapalha a concentração e prejudica a qualidade de vida dos indivíduos.

De acordo com Shiro Tomita, médico e professor do Departamento de Otorrinolaringologia e Oftalmologia da Faculdade de Medicina da UFRJ, o percentual de pessoas com algum nível de comprometimento auditivo gira em torno de 20%, o que transforma a poluição sonora em um problema público e universal. “Se os ruídos fossem contínuos, eles trariam conseqüências ainda mais terríveis para a audição, mas como há uma alternância de nível e intensidade sonoras a que somos submetidos, a probabilidade de termos problemas auditivos é variável.”

O trauma acústico causado pela poluição sonora depende, portanto, do tempo de exposição e da intensidade do som. Segundo Tomita, os níveis que oscilam de zero até 85 decibéis não provocam perda auditiva. Acima desse nível, a pessoa estará sujeita a um trauma, que pode, dependendo do tempo de exposição, trazer uma perda grande ou pequena, de qualquer forma, irreversível.

Vários são os tipos de agressão auditiva a que uma pessoa é submetida, e isso interfere nos efeitos sentidos. Um trauma súbito provoca um desconforto imediato, acompanhado de uma sensação de plenitude auricular, com dor e zumbido. A tontura apenas ocorre em casos mais graves. Quando a pessoa for submetida a uma poluição sonora de nível médio, a perda de audição somente será percebida em longo prazo, com o envelhecimento natural do ser humano.

- A fim de reduzir os problemas de audição entre a população, o governo criou uma rede de regulação e fiscalização. O Inmetro é o responsável por estabelecer as regras e os níveis adequados de emissão de ruído, enquanto que o Ministério da Saúde fiscaliza bares, festas, e fábricas – destaca o Shiro Tomita.

Como a surdez não tem cura, o que pode ser feito é empregar medicamentos vaso dilatadores, que aumentem a irrigação sanguínea nas terminações nervosas do ouvido, facilitando a audição. Além disso, e dependendo do tipo de perda auditiva, a prótese de amplificação sonora pode ser utilizada, desde que com indicação médica. Porém, “como em qualquer outro problema de saúde, o ideal é a prevenção. Para tal, toda empresa deveria submeter seus funcionários a uma audiometria semestral, controlando os níveis de audição, avaliando possíveis perdas. Outra medida que deve ser empregada é a utilização de protetores de ouvido em locais onde os ruídos são agudos e constantes,” conclui o otorrinolaringologista.