• Edição 041
  • 22 de junho de 2006

Saúde e Prevenção

Balões e fogos de artifício: é fogo!

Por Mariana Elia e Taisa Gamboa

Balões e fogos de artifício surgem aos milhares nos céus do Brasil nessa época do ano. Além das festividades juninas, a Copa do Mundo é outro incentivo para esse tipo de brincadeira perigosa. O risco às matas, casas e fábricas é conhecido e bem divulgado pela mídia, mas existe outro problema. As pessoas que soltam balões e fogos de artifício estão sujeitas a eventuais erros de manuseio que podem provocar queimaduras graves.

Nesses casos, tal queimadura é caracterizada pela destruição do tecido epitelial em função do maior ou menor contato com o fogo. É isso que diferencia a profundidade da ferida, dividida em primeiro, segundo e terceiro graus. De acordo com a professora Sueli Carneiro, da Faculdade de Medicina e dermatologista do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), a mais provoca apenas dor e vermelhidão, sem afetar profundamente o tecido. A queimadura de segundo grau, normalmente causada por fogos de artifício, destrói a derme, camada mais basal da pele, e provoca cicatrizes. O tipo mais grave e profundo de queimadura, ultrapassa a derme, parte mais interna do órgão, podendo danificar os músculos e ossos.

Cada queimadura tem um tipo específico de tratamento, mas o primeiro passo é lavar a ferida com água corrente e aplicar gelo no local, até a diminuição da dor. “Não se deve utilizar areia, pasta de dentes, pó de café ou qualquer outra substância que, ao invés de ajudar, apenas contamina a lesão”, alerta a professora. Se houver fuligem, o sabão neutro pode ser utilizado. Caso a ferida esteja localizada embaixo de alguma roupa recomenda-se aplicar o gelo sobre o tecido, para evitar que a pele seja arrancada.

Segundo Sueli, as queimaduras de primeiro grau podem ser tratadas apenas com o uso de hidratantes, mas as lesões mais graves necessitam de cuidados especiais, como a manipulação de antibióticos, que evitem a infecção. Analgésicos, cicatrizantes e curativos biológicos, que melhoram a hidratação dos tecidos, também são indicados. Podem ser usados enxertos de músculo e pele natural e artificial nos casos mais graves. Mesmo com a cicatriz já formada, é importante manter determinados cuidados, pois a pele fica sensível e sua regeneração total dura no mínimo dois anos.

- A vigilância governamental é responsável pela redução dos casos de queimaduras provocadas por balões e fogos de artifício, mesmo assim, o Rio de Janeiro ainda é o estado com maior ocorrência de acidentes e os jovens são os mais expostos. O HUCFF não tem atendimento de emergência e por isso poucos são os casos registrados, diferentemente do que ocorre nos prontos-socorros da rede pública -, concluiu a dermatologista.

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