• Edição 041
  • 22 de junho de 2006

Microscópio

Asma: a doença do sufoco

Mariana Elia

Dia 21 de junho é celebrado o dia do Controle Nacional da Asma, data comemorativa do Ministério da Saúde relativa à doença que atinge mais de 100 milhões de pessoas em todo o mundo. Do grego asthma, que significa sufocante, arquejante, a doença mata atualmente 180 mil pessoas no globo e, apenas em 2004, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou 367 mil internações por asma. A chegada do inverno preocupa os especialistas, pois o ar seco e os ambientes fechados aumentam a incidência de crises.

A asma é uma doença inflamatória crônica do pulmão. A sensibilidade a alérgenos, poeira, poluição e exercícios físicos causam inchaço das vias e produção excessiva de muco. Esse estreitamento dificulta a passagem do ar, resultando a sensação de sufocamento. A asma pode ser dividida em persistente ou intermitente, de acordo com a intensidade das crises, ou exacerbações, e com o comprometimento dos pulmões.

Dias de inverno sem vento são considerados desencadeadores de crises, principalmente em casos de mudança de clima do quente para o frio, por conta de uma mistura de nevoeiro com partículas em suspensão na atmosfera. Da mesma forma, locais com muita poeira e ácaros (com tapetes, carpetes e brinquedos de pelúcia, por exemplo) também causam exacerbações. Considerado como fator de risco, a rinite alérgica está presente em 78% dos casos de pacientes com asma. Já a bronquite, que muitos acreditam ser uma asma mais leve, é na verdade um sinônimo da mesma.

A inflamação pode se apresentar em qualquer idade e é derivada de uma combinação entre carga genética com ambiente propício. A pneumologista Marina Lima, do Serviço de Pneumologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), diz que o estresse pode ser também um disparador da crise, mas a origem não tem relação psicológica.

Segundo a professora, é fundamental que o tratamento seja seguido corretamente com dois tipos de medicamentos, de manutenção e de resgate. Os broncodilatadores de ação prolongada e corticóides inaladores, aplicados com a bombinha, aliados aos antileucotrienos (antagonistas específicos que competem com os receptores de cisteinil-leucotrienos) devem ser utilizados diariamente. Os broncodilatadores de ação curta são aplicados em exacerbações.

Marina explica que tais medicamentos não viciam, mas o perigo está em como é feito o tratamento. “Muitos asmáticos utilizam normalmente as drogas de ação curta, que funcionam apenas para diminuir o cansaço causado pela falta de ar. É como se uma meningite fosse curada com paracetamol, não pode dar certo”, compara. Por ser crônica, a asma, se não tratada corretamente, pode levar à parada cardíaca seguida de morte. Marina Lima diz que no Brasil mais de 2500 mortes são causadas por asma, “o que é inadmissível se observarmos o alto nível de tratamento de que dispomos”, conclui.