• Edição 039
  • 8 de junho de 2006

Ciência e Vida

Fibromialgia: muitas causas, muitas dores

Taisa Gamboa

Muitas pessoas sentem dores no corpo todo e relacionam esse sintoma ao cansaço e ao estresse. Entretanto, a presença desses múltiplos pontos sensíveis à palpação pode ser relacionada a uma síndrome específica e que tem um tratamento adequado, a fibromialgia.

O termo refere-se a uma condição dolorosa generalizada e crônica. É considerada uma síndrome, pois engloba uma série de manifestações clínicas como dor, fadiga, enxaqueca, indisposição, distúrbios do sono e do humor. Sua causa não pode ser relacionada a um fator específico e ela não apresenta um caráter inflamatório, mas seu processo provavelmente inicia-se como um quadro clínico semelhante a uma infecção viral ou após um trauma físico e emocional. A predisposição genética nestes casos foi sugerida em alguns estudos, mas ainda está sendo analisada e nada pode ser comprovado a respeito.

Segundo Mário Newton Azevedo, professor da Faculdade de Medicina e chefe da sessão de reumatologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, além do quadro doloroso, a fibromialgia caracteriza-se principalmente pela presença de múltiplos pontos sensíveis a dor. São 18 localizações específicas e bilaterais: região occiptal, dorsal, cervial, supra-espinhoso, articulações condro esternal, epicondilos laterais, glúteos, e a face medial dos joelhos. A maioria das pessoas que sofre com a fibromialgia apresenta quadros depressivos, de ansiedade e alto nível de tensão.

Seu diagnóstico é eminentemente clínico, pois não existe um exame complementar específico. As queixas de dor crônica, difusa e sem localização precisa dão o alarme. Os outros males adjacentes, anteriormente mencionados, são relacionados à causa e conseqüência das dores. Para efetivar o diagnóstico e facilitar o tratamento, o ideal é que durante a análise do paciente, pelo menos 11 pontos dolorosos sejam identificados.

De acordo com o professor, alguns quadros de fibromialgia são descritos em pacientes com diagnósticos variados, tais como lupus eritematoso sistêmico, miosites, vasculites, doenças inflamatórias intestinais, quadro de hipersensibilidade alimentar, asma, doenças endocrinológicas, diabetes, síndrome da menopausa, doenças respiratórias e outras.

O tratamento dessa síndrome tem duas faces, a farmacológica e a não-farmacológica. A analgesia aparece como um dos principais métodos amenizadores da dor. Os antiinflamatórios são muito utilizados, mas quando manipulados isoladamente apresentam poucos resultados. Exercícios físicos recuperam as condições fisiológicas musculares e a qualidade de vida do paciente. Os distúrbios do humor e do sono são fatores que podem ser regularizados com medicação direcionada.

“É importante destacar que o mesmo quadro clínico pode existir em crianças e adolescentes. Seu tratamento deve seguir as mesmas diretrizes, mas acompanhado por apoio psicológico”, complementa o professor da Faculdade de Medicina.

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