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Edição 207
04 de março de 2010

Microscópio

A valorização da nossa história através da medicina

Encontro Nacional de Museus da Medicina visa estruturar espaços de memória a partir da criação da Rede Nacional de Museus da Medicina

Thiago Etchatz

Após mais de 200 anos de história, nos dias 11 e 12 de março, pela primeira vez, organizadores dos museus da medicina se reúnem no Rio de Janeiro para trocar experiências e trazer ao conhecimento do público a história da medicina no Brasil. O I Encontro Nacional de Museus da Medicina, iniciativa da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), ainda almeja a criação da Rede Nacional de Museus da História da Medicina, que, junto ao Ministério da Cultura, dará suporte aos espaços de preservação da memória da medicina por todo o país.  

O encontro é um grande fórum de discussão do trabalho desenvolvido pelos museus, onde o público poderá conhecer de perto a evolução da medicina, a partir da descrição dos acervos dos centros de todo o país. Entretanto, não haverá exposição.  

Para a professora Diana Maul de Carvalho, coordenadora do Museu Virtual da Faculdade de Medicina da UFRJ, que ministra palestra no encontro, esse é um momento especial para a valorização da memória da medicina. “Ao contrário de países como França e Alemanha, que têm tradição em museus da medicina, não temos essa cultura. As faculdades de medicina do Rio de Janeiro (atual Faculdade de Medicina da UFRJ) e da Bahia, fundadas em 1808 por Dom João VI, sofrerão vários problemas de manutenção do seu patrimônio”.  

No carnaval de 1905, um incêndio consumiu grande parte do acervo da Faculdade de Medicina da Bahia. Já o acervo da faculdade carioca, fundada no Morro do Castelo, se dispersou com sucessivas mudanças de sede. “O nosso material sofreu uma perda com o fim do Morro do Castelo, depois permaneceu no anexo da Santa Casa, depois na Praia Vermelha, num edifício que foi demolido na década de 1970. Grande parte do patrimônio também foi a baixo, muita coisa foi jogada fora. Não houve preocupação com a preservação”, conta a professora. 

Segundo Diana Maul, a maioria dos museus da medicina do país é fruto da preservação de antigos médicos que guardaram o material para mostrar às novas gerações a história da profissão. “São locais de guarda e exposição para um público restrito. Do ponto de vista museológico, é algo bastante amador”, afirma. Porém, “de dez anos para cá, é crescente a preocupação em estruturar esses espaços efetivamente como museus, com uma visão atual. O museu não é apenas um lugar de guarda e exibição, mas também um local de interação e efetiva criação de memória, um ambiente vivo de trabalho”, analisa.  

Rede Nacional de Museus de História da Medicina   

A proposta de criação da Rede Nacional de Museus da Medicina será debatida no encontro. “Essa iniciativa já foi tentada outras vezes. Um dos propósitos é formalizar a entrada na Rede Nacional de Museus, instituída pelo Ministério da Cultura, para ter maior apoio, orientação e visibilidade. Entrar na rede implica busca de recursos. Os museus da medicina são carentes quanto a intervenções, que custam caro, como a restauração de equipamentos”, afirma Diana.  

O acervo do Centro de Ciências da Saúde

No dia 11 de março, às 14h, a professora Diana Maul de Carvalho ministra palestra sobre o acervo do Centro de Ciências da Saúde da UFRJ, que em parte já está disponível on line no Museu Virtual da Faculdade de Medicina (http://www.museuvirtual.medicina.ufrj.br). “Apresentarei em slides o acervo do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da UFRJ, não apenas da Faculdade de Medicina. A história das unidades é comum, oriunda da escola médica do século XIX que depois se transformou na Faculdade de Medicina, de Farmácia, Odontologia, entre outras”, diz Maul.

O CCS possui mais de 200 quadros a óleo, diversos documentos, teses até do século XIX, equipamentos do início do século XX, o Museu do Microscópio, coordenado pelo professor Marcos Farina, o Memorial Carlos Chagas Filho, no Instituo de Biofísica, entre outros. De acordo com Diana Maul, apenas pequena parte está disponível no Museu Virtual da Faculdade de Medicina.  

“É apenas uma amostra do que podemos fazer. Temos problemas de ordem técnica e mesmo de pessoal. Queremos que de fato seja possível observar a obra no site, até porque não temos um espaço de exposição adequado. Estamos colocando documentos no ar para que pesquisadores de qualquer lugar possam pesquisar da mesma maneira do que nós aqui. É uma forma de democratizar o acesso às bases de pesquisa. Queremos a partir do segundo semestre renovar o museu virtual”, conclui a coordenadora. 

Serviço

O I Encontro Nacional de Museus da Medicina acontece na sede da Federação Nacional dos Médicos (Avenida Franklin Roosvelt, 84/803, Centro do Rio de Janeiro), nos dias 11 e 12 de março, das 9h às 17h30. As inscrições podem ser feitas no local do evento. Mais informações pelo telefone (21) 2240-6739 ou pelo e-mail imprensa@fenam.org.br.

 

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