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Edição 185
20 de agosto de 2009

Argumento

Curso de Microbiologia e Imunologia: 15 anos de inovação

Cília Monteiro


É colhendo frutos de uma semente plantada com sucesso que o curso de Microbiologia e Imunologia do Instituto de Microbiologia Professor Paulo de Góes (IMPPG), da UFRJ, completa 15 anos. “Trata-se de um curso inovador: foi o primeiro no Brasil voltado especificamente para Microbiologia e Imunologia. Nosso balanço até o momento é muito positivo, só tivemos provas disso”, declara Agnes Marie Sá Figueiredo, diretora do IMPPG e uma das idealizadoras do curso.

A graduação tem nome completo: “Bacharelado em Ciências Biológicas: modalidade Microbiologia e Imunologia”. Sua estrutura é integrada e não segue a lógica tradicional, que traz a divisão básico-profissional. “A iniciação científica é obrigatória a partir do segundo período. Trata-se de uma disciplina chamada ‘Treinamento Científico’, em que os alunos não possuem apenas um orientador, mas também um tutor. Sendo assim, a parte profissional é desenvolvida desde o início”, afirma Agnes.

Histórico

A demanda para a criação do curso surgiu primeiramente devido ao pequeno número de profissionais especializados em Microbiologia e Imunologia no país. “É uma área de papel importantíssimo em relação à saúde, mas que ainda não está tão desenvolvida quanto deveria”, destaca a diretora.

Exames imunológicos requerem interpretação de profissionais qualificados na área de Microbiologia e Imunologia. “Muitos diagnósticos de doenças infecciosas ou outras, como câncer, necessitam de testes mais complexos. Obviamente, sem profissionais capacitados para tal, os diagnósticos não ficam tão precisos. Como consequência, o índice de cura não será tão elevado como poderia ser”, observa Agnes.

No entanto, a presença do microbiologista na área industrial também é fundamental: não apenas na produção, mas também para controle de qualidade de produtos. “E ainda temos atuação na área ambiental, que vem crescendo continuamente: controle de resíduos, lixo, bioprospecção etc.”, acrescenta a diretora. Ainda outro motivo para a criação do curso foi o surgimento de novas ciências a partir do desenvolvimento tecnológico e biotecnológico.

“Era necessário criarmos um curso mais adequado à realidade atual, não só do país, mas do mundo. Por isso temos essas vertentes na graduação em Microbiologia e Imunologia: ambiental, médica e industrial”, indica Agnes.

Currículo

“A diferença é que nosso aluno aprende a ciência fazendo ciência. Há uma carga de aulas expositivas menor, enquanto a de aulas práticas é maior, através da iniciação científica. É um curso em que o estudante tem muita flexibilidade para gerenciar seu conhecimento”, explica a professora.

A disciplina “Fundamentos Aplicados à Microbiologia”, pertencente ao primeiro período, consiste no ensino de Bioestatística voltado para a Microbiologia. “As análises em aulas podem ser feitas através de gráficos sobre a epidemiologia da dengue, por exemplo. Ou seja, já é um estudo contextualizado, em que a aprendizagem ocorre de maneira integrada”, aponta.

Segundo Agnes, sempre que possível os professores levantam questões filosóficas ou éticas, como sobre a clonagem. “Quando foi criado o curso, era esse o espírito da comissão: não precisa ter uma aula de ética isolada porque esta é uma questão do dia a dia, trabalhamos sempre. Os alunos adoram esses debates, que vimos aprimorando cada vez mais”, relata. Além disso, os professores também podem colocar aspectos relacionados à arte, tendo como exemplo artistas plásticos que trabalham com a ciência.

O programa é bastante abrangente e os alunos passam por disciplinas nas diversas áreas da Microbiologia. Os últimos períodos são destinados a disciplinas mais específicas, como as ligadas ao meio ambiente. Para a conclusão do curso é feita uma monografia, geralmente sobre um tema original.

O diferencial do estudante de Microbiologia já pode ser visto no decorrer do curso: “Os alunos se sentem tão seguros que costumam apresentar trabalhos em congressos, tanto no Brasil quanto no exterior. E ainda durante a graduação, muitos já têm trabalhos publicados em revistas de alto impacto”, expõe Agnes. Outra curiosidade é o fato de que alguns pesquisadores do IMPPG vão à Antártida estudar micro-organismos e graduandos que participam desse projeto viajam juntos.

Perspectivas para o futuro

“Estamos pensando em fazer uma revisão do curso, apesar de ser um dos mais novos da UFRJ. Tivemos muitos resultados positivos, mas sempre achamos que é possível aperfeiçoar”, revela Agnes. De acordo com ela, a ideia é formar uma comissão de reavaliação que irá propor alterações no programa, que podem resultar na abrangência de outras áreas, como a Microbiologia de Petróleo. “Nada melhor do que desenvolver esta área no país, já que temos a Petrobras”, afirma.

“Muitos dos nossos alunos optam pela pós-graduação, pois se encantam pela ciência, uma vez que o curso de Microbiologia e Imunologia traz um enfoque científico muito forte. E isso não se reflete apenas na UFRJ, o efeito multiplicador do nosso curso é grande, ele serve de modelo”, enfatiza a diretora. Ela acredita que, após 15 anos, o melhor presente que pode ser dado ao curso é a sua revisão, através de uma visão da modernidade e inovação, além do acompanhamento da evolução da ciência, tecnologia e humanidade.

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