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Edição 177
25 de junho de 2009

Saúde e Prevenção

Chegada do frio traz alerta para doenças de inverno

Beatriz da Cruz

O inverno chegou nesta semana trazendo um clima frio e seco, consequentemente estimulando as pessoas a se concentrarem em ambientes fechados. Essa é a época também de tirar do armário aquelas roupas de frio e agasalhos que ficam guardados durante o resto do ano. É preciso, no entanto, ter cuidado, já que essa mudança de comportamento forçada pelo frio pode ter implicações na saúde.

Segundo Geraldo Augusto Gomes, do ambulatório de cirurgia estética e funcional do nariz do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), o que ocorre mais no inverno são as rinites (virais, alérgicas ou por hipersensibilidade) e o agravamento de quadros respiratórios crônicos, como asma e bronquite.

— A rinite depende de um fator que não é infeccioso. O indivíduo tem contato com ácaros, com algum tipo de proteína que está no ar ou que na saliva de animais (presente no pelo), e isso desencadeia uma reação — explica o médico, que também é mestre em otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da UFRJ.

Quando esse quadro ocorre com frequência, é comum o uso de medicamentos para aliviar sintomas de congestão nasal. No entanto, a automedicação é perigosa e o uso contínuo de alguns remédios pode trazer efeitos colaterais. “O uso dessas substâncias deve ser evitado se não houver prescrição médica. Já que são ‘primos’ da adrenalina, podem provocar efeitos colaterais locais, prejudicando o nariz se utilizados mais tempo que o necessário, além de poderem causar efeitos colaterais no sistema cardiocirculatório”, alerta o médico. Por isso a recomendação nesses casos é consultar um otorrinolaringologista para entender o motivo do problema respiratório, que pode ser desde uma hipersensibilidade até um problema anatômico.

Nesse período, quando há maior incidência de resfriados, gripes e de agravamento de asma, a chance de infecções respiratórias mais graves, como a pneumonia, aumenta. O resfriado é causado geralmente pelo rinovírus e apresenta uma inflamação mais restrita a área da face. O nariz fica congestionado, apresenta um pouco de secreção e pode haver um pouco de mal-estar e febre, sintomas também presentes na gripe, cujo agente etiológico é, em geral, o vírus influenza. Porém, nesse caso os sintomas são mais intensos.

A queda da temperatura não é o único fator desencadeador de patologias típicas do inverno, embora possa agravar certos quadros por não favorecer o funcionamento adequado do epitélio respiratório. A alta concentração de pessoas em ambientes com pouca ventilação e a utilização de roupas que ficam guardadas no armário durante boa parte do ano também são causas do problema. “Muito tempo dentro do armário propicia um ambiente de exposição à umidade em local escuro, permitindo assim ao desenvolvimento de fungos, que podem desencadear problemas respiratórios”, alerta Geraldo. Uma medida preventiva possível é lavar os agasalhos e deixá-los secar ao sol antes de a temporada começar, para diminuir a umidade.

O quarto de dormir também merece atenção especial, principalmente para quem tem alergia ou hipersensibilidade. Nesses casos a limpeza deve ser feita com maior frequência, com pano úmido e evitando espanadores. Outro fator que favorece a prevenção e principalmente o tratamento de doenças que a pessoa provavelmente vai ter na fase do inverno é a boa hidratação, ou seja, a ingestão de líquidos.

O paciente que tem asma ou bronquite precisa ter uma atenção especial com relação às doenças de inverno, pois apresenta maior predisposição. “Essas pessoas devem procurar orientação médica, pois as medidas preventivas adotadas vão depender da intensidade, do grau e da circunstância clínica de uma maneira geral”, explica o otorrinolaringologista.

Ele conclui lembrando que idosos e pessoas com algum tipo de imunocomprometimento podem fazer uso da vacina contra a gripe. Isso não impede que a pessoa adoeça, mas evita o agravamento da patologia.

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