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Edição 173
28 de maio de 2009

Argumento

Associação Saúde Criança Recomeçar ganha primeiro módulo



Beatriz da Cruz

Hospitais públicos estão sempre cheios e nem sempre é fácil ou rápido receber atendimento. Quem recorre a essas unidades, porém, tem ainda outro obstáculo a superar após o atendimento e a alta médica. A família do doente nem sempre está preparada para lidar com suas limitações e suprir algumas de suas necessidades, o que muitas vezes resulta em reinternações. Entretanto, para mais de 300 famílias atendidas no Instituto de Puericultura e Pediatria Martagão Gesteira (IPPMG) da UFRJ, o período pós-alta foi bem mais tranquilo graças à assistência da Associação Saúde Criança Recomeçar (ASCR).

Desde 1997, quando foi criada, a ONG trabalha no atendimento de crianças portadoras de doenças graves ou crônicas, às vezes desnutridas, no período pós-alta. De acordo com Dores Lacombe, fundadora e atual superintendente da instituição, a criança carente internada no hospital público normalmente recebe toda a atenção necessária no período da internação, mas depois que é liberada para casa, com receituário, leite especial e indicação de alimentação, não tem condições de manter os cuidados.

— Trabalhamos com essa criança por seis meses, dando apoio não só a ela, mas a sua família toda. A assistência inclui remédio, alimentação, brinquedo, roupa e sapato. Porém, é na mãe da criança que focamos o trabalho, pois a saúde da criança depende da cabeça de sua mãe — diz Dores.

A ONG promove ainda palestras para os familiares das crianças sobre os mais variados assuntos, como prevenção e tratamento de doenças, higiene, alimentação saudável e orientações jurídicas. Na Recomeçar, os integrantes das famílias têm a oportunidade de aprender um trabalho manual e, por vezes, são encaminhados a cursos profissionalizantes.

O primeiro módulo da Associação foi inaugurado na terça-feira, dia 26, na Praça da Prefeitura da Cidade Universitária, em cerimônia que contou com a presença do reitor da UFRJ, professor Aloísio Teixeira, da vice-reitora, professora Sylvia Vargas, do prefeito da Cidade Universitária, Hélio Alves, do diretor do IPPMG, Marcelo Land, do presidente da ASCR, Domingos Lacombe, da superintendente da Associação, Dores Lacombe, e da representante das mães assistidas, Gislane Santos do Carmo.

Através da participação de Gislane, os presentes na cerimônia puderam conhecer um pouco melhor o trabalho desenvolvido pela Recomeçar. Ela contou um pouco sobre a experiência que teve com Iago, seu filho, hoje com 5 anos, assistido pelo projeto aos 8 meses. Ele tem Síndrome de Joubert associada à paralisia cerebral, além de outras condições clínicas. Com a ajuda da ONG, recebeu leite especial, medicação e outros cuidados.

Diretor do IPPMG, Marcelo Land falou sobre o sucesso da ASCR na diminuição das reinternações. “Ao longo desses anos, a Recomeçar pediu apenas uma sala, nada mais. O resto ela doou de uma forma muito intensa para o IPPMG e para as crianças. E obteve assim resultados importantíssimos na diminuição da reinternação”, ressalta Marcelo. A ASCR informa que o sucesso do projeto se traduz em um percentual de não-reinternação de 80%.

A simplicidade da cerimônia não impediu o reitor Aloísio Teixeira de se emocionar com o evento. “É um dia de vitória para a UFRJ, porque esta é uma grande universidade, pelo ensino que faz e pela pesquisa que desenvolve. Este momento nos traz reconfortante êxito de saber que estamos construindo uma universidade muito mais adequada à realidade deste país”, disse o reitor.

De acordo com Dores Lacombe, o novo módulo abrigará atividades administrativas e o trabalho com as mães. “No IPPMG, nossas instalações são muito pequenas, então transferimos a administração para cá. Ficarão no IPPMG a assistência social e o brechó desenvolvido com doações”, diz a fundadora da organização. As parcerias com alunos de diversos cursos, como Medicina, Enfermagem e Educação Física, também contribuem para o projeto, segundo ela, através da realização de palestras para as mães.

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