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Edição 167
09 de abril de 2009

Argumento

UFRJ orienta cuidadores de pacientes com Alzheimer

Igor Costa

Para auxiliar pessoas que cuidam de pacientes com Mal de Alzheimer, com orientações sobre a medicação, a alimentação e a vigilância do paciente, o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF- UFRJ) montou um grupo de apoio que dá a preparação técnica para exercer a atividade, além de fazer reuniões para trocar experiências e receber dicas.

Diminuição da memória, dificuldade no raciocínio e pensamento e alterações comportamentais devido à degeneração de algumas células neurais são sintomas da doença, que levam os pacientes a necessitar de cuidados constantes e, geralmente, prestados por alguém da família.

O grupo é coordenado pela assistente social Eliza Regina Ambrósio, chefe do Serviço Social do HUCFF. A cada 15 dias, ele se reúne na sala 135 do HUCFF, entre 14h30 e 16h30. “A gente tenta instrumentalizar os familiares para que eles entendam melhor o que está acontecendo”, explicou a coordenadora.

A ideia surgiu a partir de uma necessidade observada pela própria assistente social. “Existe pouca infraestrutura para ajudar as famílias. Quem lida com paciente de Alzheimer sabe que a família fica muito sobrecarregada, e ela não tem uma proteção ou alguém que colabore com ela”, explicou Eliza.

Quando um paciente do hospital é identificado como portador do Mal de Alzheimer, é encaminhado para esse grupo juntamente com algum familiar. Lá, eles recebem orientações sobre a doença e como lidar com o paciente. “O cuidado é uma relação de mão dupla, eu recebo seu cuidado e você cuida de mim. Mas, às vezes, o paciente reage agressivamente ao cuidado, pelo fato de o cuidador impor uma disciplina ou por uma abordagem errada dessa disciplina”, informou Eliza.

O grupo também faz parte de uma política de combate à violência contra o idoso que o hospital desenvolve. Segundo a assistente social, a ideia geral é que o único modo de combater a violência é a denúncia, mas não é dessa maneira que equipe do HUCFF trabalha. “A gente quer acabar com a violência, e não só denunciar”, afirmou.

Um estudo feito pelo setor de geriatria do HUCFF, em colaboração com o Instituto de Medicina Social da UERJ, apontou que cerca de 10,1% dos idosos são vítimas de algum tipo de violência doméstica (física, psicológica, financeira, negligência ou abandono) e 7,9% especificamente violência física. De acordo com Eliza, essa pesquisa vem para complementar os dados antigos e atualizá-los. “Nós temos o conhecimento sobre a violência contra o idoso, mas a gente tem até certo tempo”, disse.

Para a coordenadora, o grupo é um importante meio de conscientizar os cuidadores a fim de que a convivência com o paciente seja o mais tranquila possível. “Às vezes o cuidador reclama que o paciente está agressivo, mas não sabe que isso é consequência de algum ato seu, que sem a intenção acaba agredindo o paciente”, afirmou. Conhecendo melhor a doença e os efeitos sofridos pelo paciente, fica mais fácil compreendê-lo e lidar com ele.

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