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Edição 157
18 de dezembro de 2008

Microscópio

II Fórum Científico do IBF: gagueira tem tratamento

Luana Freitas

Bloqueios, hesitações e repetições durante a fala podem ser sintomas de gagueira, um dos principais transtornos de fluência que afeta cerca de 1% da população mundial e 1,8 milhões de brasileiros. O distúrbio é tema do II Fórum Científico do Instituto Brasileiro de Fluência (IBF), que acontece entre os dias 3 e 4 de abril, no auditório de Furnas, em Botafogo, Rio.

Destinado a todos que tenham interesse pelo assunto, desde fonoaudiólogos até pais de crianças com o problema, a segunda edição do Fórum conta com a presença do convidado internacional Gerald Maguire, médico da Universidade da Califórnia que, durante o evento, ministra o curso “Gagueira e terapia”. Responsável por criar um centro de estudos dedicado exclusivamente ao assunto, Maguire vem pesquisando o uso do medicamento Pagoclone para o tratamento do distúrbio. A droga atua sobre receptores do neurotransmissor GABA, envolvido nas alterações observadas no cérebro de pessoas que gaguejam.

Segundo a fonoaudióloga Leila Nagib, coordenadora do Fórum, as causas da gagueira estão relacionadas principalmente a fatores neurológicos. “A principal causa que temos estudado está ligada a uma alteração nos núcleos da base, uma área do cérebro responsável por dar seqüência na fala. Indivíduos com gagueira apresentam uma baixa nesse funcionamento e não conseguem seguir a fala de forma fluente”, revela a professora da Faculdade de Medicina da UFRJ.

Leila destaca ainda que crianças com o distúrbio, geralmente, passam a apresentar os sintomas quando começam a falar. Nesse período, a gagueira pode ser apenas uma fase ou persistir durante a vida adulta. Portanto, é fundamental realizar o diagnóstico precoce e iniciar o tratamento com um especialista, já que quanto mais cedo ocorrer a intervenção, melhores serão os resultados. “É necessário realizar a avaliação o mais cedo possível e procurar um fonoaudiólogo para que os pais sejam orientados a não tentarem resolver o problema sem um conhecimento técnico”, enfatiza a fonoaudióloga.

Políticas públicas para portadores de gagueira

Além de depoimentos de pessoas que apresentam transtornos de fluência, o II Fórum Científico do IBF traz ainda a fonoaudióloga Eliana Nigro, chefe do Setor de Fonoaudiologia no Hospital do Servidor Público do Estado de São Paulo. Eliana, responsável por coordenar o Ambulatório de Fluência no Hospital, fala sobre o trabalho que desenvolve há aproximadamente 25 anos com portadores de gagueira.

— É difícil encontrar ambulatórios destinados exclusivamente ao tratamento de gagueira, embora já existam hoje, no Rio de Janeiro, alguns postos com fonoaudiólogos especializados que atendem esse tipo de caso. Portanto, uma das propostas do evento é inserir a gagueira numa visão voltada mais para saúde pública. Vamos mostrar dois ambulatórios de hospitais públicos, já que isso poderá ser uma tônica para o futuro breve da fonoaudiologia — acredita Leila Nagib, que apresenta ainda, durante o evento, dados sobre atendimentos realizados no Ambulatório de Fluência do curso de Fonoaudiologia da UFRJ.

De acordo com Leila, existem hoje, em tratamento no Ambulatório, setenta pacientes. São adultos, crianças e adolescentes atendidos por alunos do último período sob sua supervisão. O atendimento é gratuito e acontece uma vez por semana, de 8 às 17 horas, no Instituto de Neurologia Deolindo Couto (INDC), localizado no campus da Praia Vermelha. Os interessados podem obter mais informações pelo telefone (21) 3873 5609.

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