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Edição 150
30 de outubro de 2008

Notícias da Semana

Prefeitura Universitária prepara ruas para 2009

Marcello Henrique Corrêa

A Prefeitura Universitária iniciou obras de melhoria nas rodovias da Cidade Universitária. O objetivo é deixar tudo pronto para o começo do novo ano letivo em março de 2009. Até o momento, cerca de 7000 metros de asfalto foram reparados, na etapa iniciada pela Av. Maria Dolores Lins de Andrade (na região do quartel do CBMERJ), no último dia 15 de outubro.

No momento, a equipe se prepara para iniciar a segunda etapa, que abrange aproximadamente 7500 metros das rodovias do campus. “Está em curso o trabalho nos trechos da Av. Horacio Macedo e amanhã, 31 de outubro, o foco é voltado para a pista um da Av. Professor Rodolpho Paulo Rocco. A pista dois começa a ser reparada no dia 2 de novembro”, afirma Hélio de Mattos, prefeito da Cidade Universitária.

O trabalho deve ser concluído até o dia 8/11, mas, de acordo com a Prefeitura, os prazos podem ser alterados, devido a imprevistos como chuvas. Além disso, as atividades dependem do funcionamento da Usina do Asfalto.


“Anatomia das paixões” na Casa da Ciência

Monike Mar - AgN/PV

Até o próximo dia 16, o público pode conferir a exposição “Anatomia das paixões: a criação do som”, na Casa da Ciência da UFRJ. A mostra-instalação agrega ciência e arte numa abordagem sobre o complexo sistema sensório da audição como canal dos sentimentos humanos, em especial a paixão.

A mostra traz peças de reconstituição do aparelho auditivo em esculturas artísticas, com música e vídeos em um ambiente com iluminação intimista. “A motivação para construção desse acervo contextualizado era facilitar e atrair pessoas para a compreensão do sistema auditivo com todos os seus canais abertos, como crianças que têm imaginação lúdica, reunindo e sintetizando diferentes linguagens”, afirmou Maira Monteiro Fróes, do Laboratório de Neuroanatomia Celular do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB/UFRJ), idealizadora e organizadora do evento. As obras foram construídas pelos artistas plásticos Nivaldo Carneiro, Fernando de La Rocque, Alan Verissimo Azambuja e Rodrigo Buarque. A inauguração da exposição aconteceu no último dia 29, depois de oito meses de produção.

Em entrevista, Maira afirmou que a escolha do nome “Anatomia das paixões” foi inspirada na disciplina de nome semelhante. “A Escola de Belas Artes do século XIX implementou a disciplina Anatomia e Fisiologia das Paixões. Ela tinha como objetivo contextualizar as obras de arte, sobretudo pinturas, dentro de uma linguagem que atingisse a emoção, o arrebatamento humano. Os estudantes eram obrigados a passar por uma disciplina que os orientasse a representar a forma humana como uma forma cheia de alma, cheia de expressão, cheia de paixão”.

A Casa da Ciência da UFRJ fica na rua Lauro Müller, nº 3, Botafogo.

 


Vídeos para o ensino médico

Cília Monteiro

Na última quarta-feira (29/10) ocorreu o debate realizado pelo Centro de Estudos Professora Lúcia Spitz, no Anfiteatro 9E34 do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) da UFRJ. O tema abordado foi "Uso do vídeo no ensino médico".

A primeira palestra foi de José Rodolfo Rocco, professor de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFRJ, que exibiu alguns vídeos, dentre eles “Como mensurar a pressão arterial” e “Percussão torácica”. “Melhor do que descrever é mostrar como se faz. O vídeo desempenha um papel bastante importante neste processo e ajuda na demonstração de procedimentos que devem ser realizados em consultas”, relata o professor. Ele ainda apresentou um pequeno filme profissional produzido pela UFRJ, em que examinava um paciente. De acordo com Rocco, o material serve de base a professores, mestrandos e alunos também de outras universidades.

Por último, José Rocco expôs um vídeo intitulado “Carnificina no CTI”, que contou ter sido gravado num caso em que cirurgias não mais salvariam a vida do paciente, mas os médicos insistiram na realização dos procedimentos. “É um material pouco exibido, de cenas do CTI. Entre as imagens, uma toracotomia para massagem cardíaca interna e para intubação pela traquéia. São visões chocantes, é um quadro dramático. Com a exibição deste vídeo é possível saber quem vai fazer medicina ou não”, observa o professor.

Para o próximo palestrante, Eduardo Rocha, professor de Nefrologia da Faculdade de Medicina da UFRJ, a idéia da utilização de vídeo como instrumento e ferramenta moderna de ensino é uma luta enfrentada desde que era aluno. “Tive a oportunidade de testar um modelo, idéia, conceito e espero que daqui surja um fórum de discussão e que possamos efetivamente mudar as formas de ensino desta faculdade”, aponta o professor. Ele costuma filmar seus alunos ao realizarem procedimentos médicos, para que, ao assistirem, possam perceber em que precisam melhorar.

– Se não nos atualizarmos, a faculdade tende a sumir, estamos numa era de participação e produção. Desejo que a utilização do vídeo evolua. Vamos deixar os alunos pegarem as câmeras e produzirem, acredito que o Youtube deveria ser liberado na universidade – expõe Eduardo Rocha.

O professor chamou a aluna Juliana Monteiro para falar da necessidade de algo diferente para as aulas: “A idéia do Eduardo era nos filmar conversando com o paciente. Acho a apresentação dos vídeos muito importante, através disso conseguimos enxergar o que naturalmente não perceberíamos. Além disso, aulas dinâmicas são mais interessantes, quando a aula é boa o aluno comparece e quer aprender”, aponta a estudante.

Lina Rosa, professora de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da UFRJ, começou seu discurso brincando, ao dizer que sua formação médica seria do paleozóico inferior. “Fui educada dentro de uma medicina artesanal. Tinha um professor o tempo todo ao meu lado, e indo até a enfermaria cada vez que uma dúvida surgia”, relembra a professora.

No entanto, ela também se inseriu no universo digital e o considera bastante proveitoso para o ensino. “Quando vim para a UFRJ, fui colocada na era da informática e descobri mais uma ferramenta além das que eu já tinha. Aos poucos fui vendo que a arte é muito maior do que eu imaginava e que medicina também é uma grande arte”, declara Lina Rosa.

Para encerrar, Maurício Tostes, professor de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da UFRJ, exibiu vídeos em que chamou a atenção para o estado do paciente, que nem sempre está da forma como se descreve ao médico. Por fim, ocorreu um debate em que professores e alunos discutiram o tema e expuseram seus pontos de vista.


Crise climática em debate

Rodrigo Lois - AgN/PV

A crise climática voltou a ser tema de debate na UFRJ. Nesta quarta, dia 29, o Instituto de Economia (IE), em parceria com o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (COPPE), promoveu o “I Seminário sobre vulnerabilidade e adaptação pública e empresarial frente às questões ambientais e sociais contemporâneas”, no Salão Pedro Calmon do Fórum de Ciência e Cultura, no campus da Praia Vermelha.

O evento, que também acontece hoje (30), tem como objetivo debater as formas pelas quais questões ambientais e sociais podem afetar o planejamento estratégico de governos e empresas. “Esse seminário é fruto de um sonho de integração entre as ciências, que visa à construção de um mundo melhor. Precisamos conversar sobre os problemas atuais e resolvê-los, pois eles terão influência direta sobre as gerações futuras”, comentou Eurídice Mamede, professora da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis (FACC) da UFRJ, durante a abertura do encontro.

Outro professor que destacou a importância do tema foi Marcos Freitas, coordenador do Instituto Virtual de Mudanças Globais da COPPE: “Essa iniciativa tem que ser reconhecida. As soluções ou adaptações para o aquecimento global precisam ser pensadas, já que muitas vezes paramos na discussão que opõe o crescimento econômico à preservação ambiental, ou seja, nós contra nós mesmos”. Ary Vieira Barradas, vice-diretor do IE, também ressaltou a urgência de se reorganizar o capitalismo: “O mundo passa por uma forte fase de vulnerabilidade. O capitalismo e as tecnologias precisam ser refundamentados, em meio à crise ambiental global”.

Para Emílio Lebre La Rovere, coordenador do Laboratório Interdisciplinar do Meio Ambiente (LIMA, da COPPE), é preciso congregar visões para elaborar perspectivas interdisciplinares. “Precisamos nos mobilizar. Se não, as questões do meio ambiente ficarão em segundo plano, devido à crise econômica sem precedentes que estamos vivenciando. A crise passará, mas os problemas ambientais serão de longo prazo. Eles constituirão a realidade do século XXI”, afirmou.

O professor apresentou as possíveis mudanças climáticas que o mundo pode vir a sofrer no futuro, de acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), órgão criado pela Organização das Nações Unidas (ONU). O aumento da temperatura média do planeta (de 2 a 4,5o C até o final do século), a desertificação das florestas, a acidificação dos oceanos, as mudanças nas correntes marinhas e o derretimento das calotas polares e geleiras são algumas das catástrofes previstas pelo relatório internacional. Além destas, podem ocorrer outras mudanças que não são mensuráveis: “Algumas causarão prejuízos incalculáveis. Basta observarmos a possibilidade de um resfriamento da Europa”, disse Emílio.

Ainda segundo o professor, a mitigação da crise, ou seja, a correção das causas do efeito de agravamento do clima, passa necessariamente pela estabilização e redução da emissão de gases oriundos da queima de combustíveis fósseis. “Se os ideais do Tratado de Kyoto não forem respeitados, a emissão continuará alta. Logo, o quadro não sofrerá mudanças. Os que mais sofrerão são os países do Hemisfério Sul, devido a sua vulnerabilidade social. Sabemos que esse processo levará décadas, mas ele precisa ser iniciado desde já“, afirmou Emílio, que já participou do quadro de pesquisadores do IPCC. Outras medidas importantes incluem, segundo ele, a promoção de políticas públicas efetivas para a questão ambiental, como a preservação sustentável, o investimento em fontes de energias renováveis e a determinação de uma política de preços sobre a tonelada de carbono produzida.

Para comentar a relação da Justiça com a conservação do meio ambiente, a COPPE convidou Rosani Gomes, promotora de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Ela acredita que, muitas vezes, lutar na Justiça é o único caminho para cobrar de indivíduos, empresas ou do Poder Público o respeito às leis ambientais. A promotora também explicou algumas das funções institucionais do Ministério Público, como a abertura de ação penal pública e o inquérito civil.

– A área jurídica está casada com a área técnica. O sucesso depende da relação com biólogos, engenheiros, cientistas e tantos outros. Com esse apoio, a ação judicial é mais eficiente – afirmou Rosani. Outra medida importante para a defesa da questão do meio ambiente foi a criação da Promotoria de Defesa dos Interesses Difusos e Direitos Coletivos, que garantiu a segurança dos promotores. Muitas vezes, por investigar grandes empresas ou o Poder Público, eles sofriam fortes ameaças.

Apesar dos avanços, o Ministério Público ainda enfrenta dificuldades, como a correção de ocupações irregulares em locais de relevância ambiental, a inexistência de uma vara especializada nesta área e a ausência de responsabilidade do Poder Público. “No caso da lagoa Rodrigo de Freitas, nem a Prefeitura nem a CEDAE assumiam a responsabilidade”, contou Rosani. 

Ao final do encontro, a comissão apresentou algumas perguntas elaboradas pelos convidados do evento. Temas como o fato de cientistas não acreditarem na influência do homem na crise ambiental, a participação do investimento privado na preservação da natureza e as perspectivas para a 2ª Rodada do Protocolo de Kyoto, que acontece no ano que vem, na Dinamarca, foram comentados pelos palestrantes. Além disso, a promotora respondeu questões ligadas à despoluição da Baía de Guanabara e à efetividade das ações judiciais.

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